quarta-feira, 1 de outubro de 2014

ETERNA



Em 1974 camponeses trabalhavam na perfuração de um poço, quando se depararam com vários fragmentos de cerâmica. Eram pedaços de alguma peça maior já que eles continham desenhos.

XIAN foi, na Antiguidade, assim como Atenas, Roma e Cairo a capital do Mundo.

Ali, no século III a. C., o imperador QIN SHI HUANG crente na existência da vida após a morte mandou construir um reino que lhe serviria após sua passagem. Empregou na obra 750 mil escravos que, estima-se, ocupa a extensão de 63 km².

Há quarenta anos desde a descoberta por aqueles camponeses, estudiosos investigam os achados nos subterrâneos da região.

Huang tornou-se imperador aos doze anos após a morte do pai. Sua primeira decisão foi a de construir um reino para gozar na eternidade. Aos 22 anos foi empossado como imperador. Huang morreu aos 51 anos no ano de 210 a. C..

Visitamos três dos sítios de escavações. Em uma área de 20 mil m² foram achadas 8.000 figuras integrantes do exército eterno de Huang. Nenhuma igual à outra.


Foram encontradas estátuas em tamanho natural de soldados de diferentes escalões empunhando espadas de bronze. Pela análise das espadas encontradas observou-se o desenvolvimento da tecnologia e a alta qualidade na fabricação das mesmas. Testados os seus fios de corte, passados 2300 anos debaixo da terra, continuam com a mesma eficiência. De um golpe são capazes de romper ao meio um maço de vinte folhas de papel.

Essa foi a maravilha que justificou a nossa estada por dois dias em XIAN, uma cidade pequena nos moldes da China, com pouco mais de onze milhões de habitantes.

Fizemos uma, mais do que oportuna, massagem de reflexologia. Outra maravilha. Quando terminado o Nirvana, me pareceu que eu havia deixado minhas pernas sobre a cama. Saí levitando como Shiva.

O passeio à noite pelas ruas de XIAN é imperdível. A iluminação intensa dos templos, da muralha que abraça a cidade em um raio de 14 km de extensão (hoje a maior da China), edifícios, lojas de comércio, prédios públicos e privados, é deslumbrante.

Os letreiros em vermelhos brilhantes escritos exclusivamente em Mandarim, língua oficial da China, dão um colorido quente às ruas no burburinho alucinante de pessoas, veículos, bicicletas, motos e triciclos em diferentes modelos e finalidades.

Nossa guia em XIAN, a cada conclusão de suas inúmeras informações, exclamava: “Muito complicado! Muito complicado”!

A China se comunica através de dez mil dialetos. O Mandarim contempla noventa mil caracteres que, pronunciados, implicam em quatro significados diferentes.

Hoje cerca de 30% dos chineses são analfabetos. Embora falem o mandarim não sabem ler e nem escrever. Uma criança depois de seis anos de ensino básico sai compreendendo o significado de menos de dois mil caracteres, mesmo tendo repetido lições de cada um deles por mais de trezentas vezes.

Muito complicado!

XIAN é outra preciosidade desta China caórdica por onde passou um imperador que em 38 anos de governo uniu as inúmeras facções da muralha até então construídas, mandou construir um canal até o Mar Negro, unificou a língua em todo o território chinês, criou o sistema único de pesos e medidas e a moeda únicos.

Deixei XIAN com uma certeza. Esse Huang me fez acreditar que sim a vida segue para todo aquele que deixa um legado desse porte. Depois de 2300 anos o nome dele e sua história permanecem vivos.

Comprei na lojinha do museu terracota uma pequena estátua de um dos guerreiros. Por um feliz descuido deixei cair a sacola onde estava a preciosidade e ela se espatifou.

Já sei o que vou fazer. Vou restaurá-la, construir em algum lugar de nosso terreno em Santa Luzia uma caixa em concreto e colocar lá dentro a peça. Além dela um bilhete:

“Se quiserem me achar procurem por QUI SHI HUANG. Estive com ele em 28 de setembro de 2014 d. C.”.


Até breve.


OBS.: Continuem considerando as razões apontadas no post anterior e caramba, vocês nem podem imaginar o que é SHANGHAI.

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