quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

PRÉ VIDÊNCIA




Embora tenha pré visto não gosto nada do que vejo na cena presente.

A cada crise, um militar no governo.

Se por um lado (positivo) cole no presidente a imagem de campanha de que ele se cercaria de pessoas de ilibada conduta - os militares gozam dessa impressão - por outro (negativo), excluir do caminho da governança a raça política é criar, na essência, crise institucional.

Não há Política sem Políticos. Exceto nos governos de exceção, próprios do milênio passado, quando haviam porões onde se tramavam atos institucionais.

O mundo é outro. Caiu na rede você está morto.

Se quiser avançar na previdência o presidente terá que ser pré vidente, ou seja, ter visão de consequência política. Há uma lógica perversa na química democrática: você não governa sozinho com sua trupe.

Ontem o governo experimentou o efeito do corolário acima. Exceto aliados de seu próprio partido, ainda que já partido, votaram contra projeto de lei.

Agravar a crise parece sinal de competência, daqueles que não precisam de inimigos para serem derrotados. A declaração do vice-presidente de que, como o projeto de lei foi encaminhado por ele, não passou porque o congresso não gosta dele. Tivesse sido o presidente, passaria. Tiro de canhão no pé.

Temo pelos dois pilares que sustentam a estratégia: a administração e a justiça. Dois homens de conceituada capacidade, mas sem experiência nos meandros do poder que decide, possam (pelo árduo processo de aprendizagem) cansar a ponto deles abdicarem de seus propósitos mais do que legítimos.

O Ministro Moro ao encaminhar em separado projetos relacionados a medidas de segurança e contra o crime organizado daquele que penaliza o Caixa Dois dá outro sinal evidente de falta de manha politiquenta.

Pensaram os legisladores: “Caramba, nos colocaram numa sinuca de bico?”. Adoro Nelson Rodrigues e não vou me cansar de citá-lo: “O óbvio que escandaliza”.

Se o governo não entender o básico, tenderá a buscar a administração por decreto. Não sei se ainda existe o programa humorístico da Globo. Se sim, ele terá matéria vasta para pintar a zorra total.

E o Brasil? Ora esperemos, somos o país do futuro.


Até breve.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

TUBE









Fiz parte do público de (16) dezesseis pessoas (contando comigo), que assistiu à noite do último domingo no Teatro Professor Ney Soares ao espetáculo Hamlet e eu.

No monólogo, o autor do texto e ator propõe ao público uma reflexão sobre nosso comportamento e sua importância na política e na sociedade.

A montagem tem como propósito discutir o bem estar humano por meio da arte, alertando sobre a banalização da violência, da corrupção, do desejo, do imperativo de se tomar uma posição em torno da própria existência.

Destaque à performance extraordinária do ator, especialmente quando ele deixa o palco e vai ao encontro dos espectadores e, encarando-os, convida à consciência.

Terminada a peça o ator fica diante do público, exausto depois de quase duas horas de catarse e com a voz embargada diz que não tem patrocínio conta com o “boca-a-boca” para que os presentes divulguem as duas últimas apresentações no próximo fim de semana.

A principal atração deste ano no Rock in Rio, contabilizou 30 bilhões de visualizações no YouTube, o correspondente a quatro vezes a população do planeta.

Um de seus hits é uma canção cuja letra trata da ligação da namorada via celular que ele recebe numa madrugada e tem como refrão: “O que é isso, baby? Me ligar a estas horas... Hum... Hum... Hum...”

Às vezes chego a pensar que vivemos a maior tragédia histórica da humanidade: a sua bestialização.

O nome do ator é Humberto Câmara. O do astro americano, sensação no Rock in Rio, a quem interessa?


Até breve.