terça-feira, 20 de julho de 2021

BOLETIM

 



O paciente permanece em estado grave, respirando por aparelhos, em quadro clínico de aparente estabilidade, salvo por espasmos dolorosos motivados por vírus e bactérias históricas e incontroláveis.

Na última semana o organismo foi infestado por um vírus de inexpressivo poder, considerado o estado de metástase em que se encontra o paciente. FP-Fundo Partidário de perto de seis bilhões de reais.

O paciente debilitado busca sinais de repulsa ao vírus, mas o que já se sabe é que estes vírus são produzidos pela própria colônia endêmica e se auto extinguem.

Ao MALVID17, o vírus que infectou o paciente em fins de 2018, caberá mitigar os efeitos primários sobre o organismo trazidos pelo FP.

O paciente, gigante pela própria natureza, convalesce bravamente do vírus global, a COVID19, embora tenha sido ceifado o potencial de mais de 550 mil células cidadãs, que não foram protegidas a tempo e a hora do ataque.

O quadro clínico apresenta-se estável, mantidas as mesmas características endêmicas, e em que pese os arroubos de vitalidade manifestos em junho de 2013, evoluiu, face à vulnerabilidade do paciente, para o surgimento do vírus MALVID17 e o recrudescimento agudo do vírus MALVID13.

A patologia produziu no paciente o rompimento de casais, de amigos, de comunidades inteiras que vitimados pelos vírus citados, tornaram-se corpos tomados por sintomas psicóticos, fanáticos e delirantes, agravando de forma expressiva o quadro.

Historicamente, há décadas, o paciente se viu drenado de suas forças vitais que lhe são sequestradas por perdas sanguíneas em mensalões, petrolões, evasão fiscal, bolhas perversas de consumo ilusório, juros escorchantes, burocracia perversa e, a mais usual e permanente expressão da metástase, a corrupção. Agora, presente até nos meandros viscerais para a aquisição de imunizantes contra o COVID19.

Somadas à estas perdas, outras que, por efeito das citadas, resultam em CPIs vultuosas, operações antivírus caríssimas, sistemas de penalização babilônicos.

Se todas estas perdas tivessem sido canalizadas para o processo vital, o paciente estaria gozando, por seus próprios méritos, do privilégio de ser reconhecido no cenário como o mais colossal e não apenas como um sonho intenso, um raio vívido de amor e de esperança.

Esperança é uma vitamina que, no caso do paciente em tela, quase sempre transforma-se em veneno.

Esta a anamnese do paciente.


Até breve.