quarta-feira, 30 de outubro de 2013

CULATRA



Outro vídeo circula na web sobre o qual gostaria de tecer comentário. Trata-se de BIOGRAFIA no qual Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Gilberto Gil colocam suas posições sobre a questão da autorização prévia para publicação de histórias pessoais.

Já disse aqui em tom de pilhéria, claro, que qualquer um que quiser publicar sobre a minha história que esteja à vontade para fazê-lo.

Agora falando seriamente, claro, não é bem assim. Primeiro porque deve existir muita coisa sobre a minha pessoa que eu próprio não sei e nem sei se gostaria de passar a saber. Vai que de repente descobrem algo com o qual eu teria um profundo desgosto, decepção, surpresa, sei lá. Aí publicam e vira best seller exatamente por isto, ou seja, não pelo fato biografado em si, mas pelo fato de eu não estar sabendo e/ou pelo desgosto decorrente.

Segundo porque vai que este best seller seja aclamado pela crítica e dê uma grana preta para o sacana do biógrafo e o bonitão aqui da fita não leve nenhumzinho. Vai que vire filme, com Daniel J. Lewis e o galã ganhe o Oscar de melhor ator, o filme de melhor diretor e melhor roteiro exatamente pela cena quando eu fico sabendo do que eu não queria saber.

Terceiro porque a projeção decorrente de todo o brejéu vai me colocar em holofotes com meus piores closes, imaginem. Não, definitivamente, não.

É imperioso que se obste no Supremo Tribunal Federal o expediente que possa me levar a saber o que eu não quero saber e nem que saibam. Se bem que, caso ocorra, eu toparia conversar com o biógrafo ou com a editora, ou com o estúdio de cinema, ou com o diretor na perspectiva de uma negociação que role algum em espécie na cor verde, de preferência.

Afinal, o desgosto foi meu e pode virar um gosto.

Só que a coisa é muito mais séria do que meu espírito idiota anuncia acima. No fundo, para além de vidas extraordinárias das pessoas que protagonizam o VIDEO, sobre as quais eu tenho maior admiração, orgulho e respeito, há uma possibilidade colateral importante e imensamente danosa.

Trapaças de corruptos, crimes encobertos, chacinas veladas, verdadeiros responsáveis ficariam, pela censura prévia, acobertados pelo expediente da Lei o que engrossaria e em muito o espaço da impunidade na cena nacional.

Em artigo de hoje no jornal O Estado de São Paulo, Roberto Damatta, nos ilumina com a frase: “A tocha da Estátua da Liberdade foi substituída por um iPhone”.

O saber é indispensável ao exercício pleno da liberdade.



Até breve.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

GRITO


Gostei do VIDEO produzido por Camila Pitanga, Leandra Leal, Wagner Moura e outros artistas globais e intelectuais produto da reunião que fizeram a partir da questão que a eles se propuseram: “O que pode ser feito”?

Corajosa, louvável, oportuna e competente manifestação de opinião externada por um grupo com entrada franca nos lares do povo brasileiro.

Faz-se mesmo necessária similar lucidez para se apontar abusos da força pública e de parte dos manifestantes, e o alerta de que estes abusos possam vir a inibir a continuidade do desenvolvimento de nossa democracia.

Há, contudo, uma experiência a ser vivida. Supondo que no dia 31 próximo em algumas cidades do país, pessoas acorram ao chamado do fb.com/gritodaliberdade e que façam manifestação gigantesca e pacífica, a quem estarão endereçadas as prováveis e amplas reivindicações?

O Brasil, em que pese a aparente normalidade de funcionamento do aparelho público, há muito está inerte e estéril a qualquer ação mais aguda e verdadeiramente transformadora.

A estrutura político-partidária não se articula em torno de ideias e/ou projetos para o país. Há ainda uma absoluta ausência de contribuições técnico-científicas na altura da complexidade dos temas e a magnitude dos problemas, especialmente aqueles enfrentados pela população que habita as cidades de médio e grande porte do país.

A administração pública está loteada por pessoas que não têm especialização ou competência para a maioria das posições que ocupam e cumprem tarefas que se repetem há anos e fazem parte de processos burocráticos que visam exclusivamente “tocar a máquina”.

No momento o que ocupa as lideranças políticas não é outro assunto que não a configuração da tela das urnas eletrônicas de 2014, exclusivamente. Nenhuma discussão mais ampla com a sociedade se fará a partir destas lideranças que possa merecer crédito ou interesse.

Por sua vez, não há na mídia a coragem suficiente para ela encampar, de fato, um movimento de esclarecimento amplo, geral e irrestrito envolvendo as melhores cabeças pensantes para criar uma massa crítica popular que enderece ao equacionamento dos projetos necessários.

Se comparado com os de épocas históricas anteriores, o acervo de cérebros críticos e de corações incendiados presentes na atualidade deixa muito a desejar, embora o que se diz é de que nossos sonhos não envelheceram.

Tomara que eu esteja enganado e que a dinâmica do mal-estar latente faça emergir, especialmente nos mais jovens, luminares de uma nova práxis político-social.

Estamos diante de desafios expressivos. Mobilidade urbana, segurança pública, saúde, educação, inclusão social são agendas extremamente complexas que não aceitam mais medidas de superfície. Cabe uma reengenharia de fundo que implicará em inúmeros estudos exigindo volumosos recursos humanos e materiais.

Desagradará, com toda a certeza, a elementos do poder tanto na esfera pública quanto na privada o que implicará no adiamento, postergação ou mesmo aborto das medidas transformadoras.

Tomara que estas considerações não encontrem eco na realidade dos fatos que advirão. Tomara que elas sejam apenas um desabafo de um sujeito de quase sessenta e dois anos cético e desesperançado.

Tomara que o grito encontre eco e tomara, sobretudo, que não seja sob balas e bombas.



Até breve.

REFLEXÃO


Matéria do jornal Folha de São Paulo de hoje merece ser lida e o vídeo que a acompanha ser visto.

Interessante e simbólico o local marcado para o encontro no dia 31.


REFLEXÃO


Até lá.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

ALFINETE


Outro dia, conversando com o Lé, ele me indagou:

- Pai, sabe quantos posts tem publicado em um blog de um cara que eu acompanho?

Eu acho uma tolice deslavada alguém que escreve em blogs ficar fazendo questão do número de posts que publica. Eu nunca contei quantos já editei.

Quem me aponta é o próprio equipamento. Dependesse de mim jamais me preocuparia com isto.

Minha preocupação, desde a primeira hora, foi com o conteúdo, com a mensagem, com a importância da minha opinião e os meus dizeres para tornar a vida um pouco melhor.

Esse negócio de ficar dizendo que falta não sei quantos para chegar em tantos, que a média é de tantos por cada dois dias, é coisa para idiotas.

E comentários? Eu não, nunca me preocupei. Tanto assim que tem mais de um mês que ninguém publica nenhum em meu blog e eu nem percebo.

Agora, com o conteúdo eu sempre me preocupo. Gasto mais de cinco ou sete minutos para redigir cada post e sempre fundamentado em pesquisa de fundo.

Tem muita estorinha, opinião, crítica na web.

Acho um absurdo alguém já ter publicado mais de dezessete mil posts, como aquele cara que o Lé acompanha. Vai ver é uma porcaria destas que zingram a web. 

Eu não. Eu estou perto de quinhentos, média de 1,8 dia de intervalo entre um post e outro. Não tenho pressa e nem me angustio por isto. Nem me preocupo.

Agora, em três anos de blog eu terei publicado quantos posts? Eu que não vou perder tempo fazendo esse cálculo. Se bem que 1,8 dia entre um e outro post vezes seis meses que faltam para...


Até breve.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

MÉTODO



- Vovô, que bom que você veio nos buscar...

- Pois eu não busco todos os dias, Valentin?

- É que a Tia Antônia mandou eu te entregar um bilhete... Taqui ó...

- Bilhete da professora?

- Ela disse prá você ler em casa...

- Ah é?

- Foi o que ela falou.

- Brigado, então.

- Vovô, o que é arte?

- Invenção, Valentin... Arte é você fazer uma coisa que alguém goste.

- Todo dia que eu volto da escola eu encontro com a mamãe e dou um beijo nela, de noite quando o papai chega em casa também... É arte, vovô?

- Claro, Valentin.

- Mas meu beijo não é invenção, vovô.

- Não é o beijo que é arte, Valentin... É o que você falou.

- Mas eu não inventei não, vovô. É verdade, pergunta a Liz. É ou num é Liz?

- Pior que é, vovô.

- Se alguém escreve alguma estória, se alguém pinta um quadro, se alguém faz um filme, se alguém faz um monte de outras coisas e agrade a outras pessoas pode ser arte...

- Não foi o que a Tia Antônia disse...

- O que ela disse?

- Que a arte é para pessoas muito...

- Muito o que, Valentin?

- Esqueci, vovô... Eu só sei que é muito... muito...

- Você não consegue nem lembrar do que você pensou na hora que a professora te falou isto?

- É que eu estava conversando com meu colega...

- Na hora da aula, rapaz? Sobre o quê era a conversa?

- A gente tá pensando em montar uma banda...

- De rock, cara?!

- A gente não sabe ainda, vovô. 

- Vem aí barulheira lá em casa, né vovô?

- Eu dou a maior força, Liz.

- E eu num sei?

- Vovô, e isso é arte?

- Claro, uma banda de música é sempre arte...

- Não, vovô, o que você falou prá Liz... Que você dá a maior força...



Até breve.

BILHETE DA PROFESSORA: CONCEITO não se escreve com M e sim com N. 
Assinado: Antônia.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

RISQUE




HORÓSCOPO PARA HOJE:

"Dar por sabido o que você pensa saber é uma atitude perigosa, você corre o risco de estacionar a mente em alguns conceitos que se tornaram ultrapassados, transformando-se, assim, numa alma preconceituosa. Saia dessa"!

Como? Sem pré eu ficaria sem com ceitos. Imagine, uma pessoa como eu descomceiturada. Jamais! Eu não, meu filho, eu sou de família quase boa, com uns querotecos maleditos, mas família.

Vê lá se eu vou andar ai falando mal dos outros só porque são célebres, tirando o meu ganha-pão explorando a vida alheia. Eu não, se eu tiver que falar de alguém, esse é de mim, que não é pouca coisa. É muito pouca coisa.

Por exemplo: eu sempre soube de tudo o que se passa, só que ficou demodê, passou de época, envelheceu, descomceituou. Intão prá que ficar escrevendo sobre o que ninguém se interessa no Brasil.

Livros, que na média, os brasileiros abrem, em média, quatro por ano mas abandonam 2,1 deles sem terminar de serem lidos.

Música, eu não tenho nenhum pré conceito sobre qualquer tipo de som. Além do zumbido que grassa no meu ouvido direito não tolero só o que eu não gosto. Se quiser saber quais, aguarde minha biografia. Do jeito que as coisas estão indo até eu serei biografado. Estou perto de completar meus quinhentos posts.

Artes plásticas. Não, pelo amor de São Seléstico, tem coisas que são de doer qualquer cérebro menos favorecido do que o meu. Num precisa nem de pré conceito. Vai conceito direto: é bosta da melhor qualidade. Defumada quando se ouve os guias ou críticos narrando sobre a pró-amnese do artista durante a concepção da "coisa".

Cinema. Aí filmes americanos de aventura, terror, policiais, suspense, drama, comédia, romance, faroeste, musicais, documentários, eu não gosto. Já os de outra classificação até assisto. 

Teatro. Preciso ir mais. Tem peça aí da Marieta que é massa. 

Onde corro risco de ser preconceituoso ainda, inclusive de alma? São nestas horas que temos o outro para nos iluminar. Eu precisaria tanto de que alguém desse lado daí viesse a público e dissesse com todas as letras:

- Agulhô, ...........!  Saia dessa!


ATÉ BREVE.

domingo, 20 de outubro de 2013

FAMA



- Valentin...

- O que é, vovô?

- O que você está fazendo?

- Não sei ainda...

- Hã...

- Vai ficar pronto só depois...

- Depois de quê?

- Que ficar pronto, né vovô...

- Sei.

- Eu vou fazendo e pensando prá que que serve...

- Até onde você fez serve para quê?

- Num sei...

- Hã...

- Vovô, você tem alguma idéia?

- Para isto aí?

- É.

- Não.

- Puxa, vovô, nenhuma idéia?

- Não.

- Eu acho que vou deixar isto para depois...

- Você acha melhor?

- Já que você não quer me ajudar, né vovô?

- Ô Valentin, é que eu não tive nenhuma idéia...

- Nem umazinha? Não é possível!

- Então tá, eu vou pensar uma idéia...

- Tome vovô, continue...

- Mas, Valentin...

- Eu vou lá dentro, quando tiver pronto você me chama tá vovô?

- Valentin... Valentin...


Até breve.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

TREMORES


HORÓSCOPO PARA HOJE:

“Nada tema, a não ser sucumbir ao temor. Porém, mesmo quando isso acontecer, nada tema, siga em frente, o temor se assustará consigo mesmo e, com o rabo entre as pernas, não terá nada a fazer senão submeter-se à luz maior”.

Ocorre que, ao ler as manchetes do dia de hoje, comecei a imaginar que a “luz maior” vai demandar muitos megawatts para dar conta. Senão vejamos:

PREVIA DA INFLAÇÃO VOLTA A ACELERAR EM OUTUBRO E VAI A 0,48%

“O CIDADÃO TEM DIREITO A NÃO QUERER SER BIOGRAFADO”, DIZ CHICO BUARQUE

CONDENADO E ENFORCADO E DADO COMO MORTO NO IRÃ, MAS ACHADO COM VIDA NO I.M.L., SE RECUPERA PARA SER RE-EXECUTADO

PARA LEITOR QUERER PAGAMENTO POR BIOGRAFIA É COMERCIALIZAR A PRÓPRIA VIDA

PROCURADOR CONTESTA ANISTIA E DIZ QUE TORTURA E MORTE SÃO IMPRESCRITÍVEIS

PELÉ: “ESPERO QUE AS MANIFESTAÇÕES ESTEJAM MAIS CALMAS DURANTE A COPA”

É que, estas e tantas outras, as notícias me causam ainda um certo seiláoquê. Não que eu tema de todo, até porque nisso concordo com Pelé, nós vamos estar todos tão obnubilados com os tons de amarelo, que ocorrências semelhantes as do presente serão colocadas entres as pernas e desaparecerão.

Falando nisso, ouvi dizer que o discurso do nosso Vice em Frankfurt na Feira de Livros deu vergonha a todos os presentes e que Paulo Coelho, que acho não foi, preenhou coletivos da cidade com cartazes com sua foto e seu nome. Tá dando o maior selemeleque entre os imortais e os quasequê.

Depois dizem que a Curtura não é transformadora. Eu num tenho a menor druvida.

Alilás, tem ainda outra manchaete:

TWITTER TRANSFORMA FAVORITAR EM CURTIR NA VERSÃO EM PORTUGUÊS.

Boralás cumpades!



Até breve. 

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

PRIVADA



Há aí um assunto marginal, que ganhou destaque inclusive envolvendo artistas de grosso calibre, que se posicionam contra ou a favor. Trata-se da questão das biografias não autorizadas. Com tantas questões mais relevantes, só nos últimos três anos o STF recebeu mais de noventa mil processos para serem julgados, esta é mais uma encrenca da democracia brasileira levada às barbas da Suprema Corte.

Uma vida, quando se torna pública, deixa de ter particularidades, intimidades, dignidades, caracteres, foro. Cada um que olha o sujeito público olha por seu viés e interesse. Como espelho para com ele se identificar ou como alguém a rechaçar.

“Nossa, fulana deu para ciclano”?!!! ou “Eu não sabia que ele tinha traído ela”? ou “Não acredito que tenha sido ele que tenha mandado matar Fulano” ou “Sempre achei que debaixo daquele angu tinha um troço” ou “Na verdade todo mundo sabe que quem roubou aquele maldito colar foi Beltrana ajudada pelo amante da irmã do garanhão do marido da patroa”.

Ou ainda: “A letra de ‘Amor é uma palavra só’ é plágio escandaloso de um cantor americano que caiu cedo no ostracismo”.

Todas estas revelações foram tiradas de minha pouco inspirada criação biográfica aleatória de qualquer um destes que se rebelariam inclusive junto ao STF. Há, no entanto, coisas mais elaboradas e de fato publicadas em mais de setecentas páginas sobre um único sujeito:

“Em meados de fevereiro, a morte voltou a rondar seu quarto: uma inesperada asfixia, provocada por novo acúmulo de líquido na pleura, obriga os médicos a recorrer a uma traqueostomia. Mas havia um problema: se fosse submetido a anestesia, os pulmões não teriam força suficiente para manter o organismo funcionando, e um ataque de insuficiência respiratória poderia ser fatal. A incisão na traqueia precisaria ser feita a seco, sem anestesia, e imediatamente. Quando o bisturi do cirurgião começou a entrar na fina camada de carne que revestia a traqueia, o hospital inteiro ouviu o urro de dor que ele emitiu. Feita a incisão, quando os médicos começaram a introduzir a canaleta metálica que permitiria a passagem de ar para o pulmão, ela viu que lágrimas de dor escorriam dos olhos dele molhando a beirado do travesseiro”.

De minha parte vou logo dizendo: quem quiser publicar qualquer coisa sobre a minha vida ou toda ela, fique a vontade. Não me venha depois querer dividir comigo prejuízos pela publicação da obra ou dar destino aos exemplares devolvidos das livrarias, bancas de revistas, camelôs em semáforos.

E os leitores, inclusive aqueles que dividiram comigo a vidinha não venham me perguntar se foi mesmo e da forma que o meu biografo relatou os fatos.

Estas e outras revelações não mudaram e nem mudarão em nada o movimento dos mares e dos astros, o posicionamento da terra em relação aos demais planetas e nem me dirá com um mínimo de seriedade sobre a imortalidade ou não da alma.

Picas!

Todos nós, eu inclusive e como é difícil euzinho reconhecê-lo, somos brutal, cruel e definitivamente insignificantes.




Até breve.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

SOLUTION



- Vovô...

- Oi.

- Sabe o que eu queria fazer?

- Não, o que Valentin?

- Um negócio...

- Um negócio? Que negócio?

- Uma máquina, você me ajuda?

- Que máquina?

- Sabe, a gente brinca e espalha os brinquedo todo pela casa, né Vovô?

- E num pode...

- Mamãe e papai vive zangando com a gente...

- Ãn...

- A Liz fala que fui eu...

- E foi?

- Aí eu falo que foi ela...

- E foi quem?

- Nós dois né, vovô... Cê nunca foi criança, não sô?!!!

- Num lembro...

- Aí a Liz é que sofre mais...

- E por que?

- Ela é a mais velha e tinha que me ensinar, né?

- Sei, mas e a máquina?

- Prá pegar os brinquedo espalhado e colocar no lugar direito...

- E como vai ser essa máquina?

- Um caixote que cabe todos os brinquedo que a gente espalhar.

- Como ela vai funcionar?

- Eu vi num filme uma máquina que anda quando uma pessoa fala com ela... um robô.

- Sei.

- Aí, nós vamos gravar a mamãe e o papai gritando com a gente: " Quem deixou esses brinquedos tudo espalhado pela casa"?

- E a máquina?

- Sai do esconderijo e cata tudo que é brinquedo...

- E volta pro esconderijo?

- Primeiro ela arruma tudo dentro dos lugares meio bagunçado...

- Por que?

- Senão a mamãe e o papai vão achar que não foi nós que arrumou, né?

- Sei. E quem vai fabricar esta máquina?

- Nós.

- Nós quem?

- Eu e você, né vovô?

- Eu arrumo o caixote e você arruma o robô, certo Valentin?

- O contrário. Eu vou pedir o papai prá arrumar um caixote e você vai fazer o funcionamento...

- Que dia?

- Quinta-feira.

- Por que quinta-feira?

- Porque mamãe falou que você gosta de fazer tudo quinta-feira.



Até breve.