quinta-feira, 3 de outubro de 2013

MASSA



Maria Alice é uma mulher crua.

Não é de hoje, mas de sempre: crua. Jamais esteve nos braços rolando aos corpos de homens, nem de lésbicas. Por escrúpulos, também não aceita pagar para comê-la.

Não que seja feia, mas crua. Não que não se apresente, mas crua. Não que não queira e muito ser comida até de maneira selvagem, mas crua.

Inúmeras tentativas históricas foram tentadas por Maria Alice que a levasse a leitos, relvas, banheiros a bordo de aviões, elevadores, aos lugares mais inusitados.

Nunca ninguém quis, sob nenhuma abordagem, comê-la.

Apenas para se ter a dimensão de quão crua, é bom citar duas destas tentativas de Maria Alice.

No último Rock in Rio ela esteve todas as noites vagando nua em pelo por entre o público de todos os palcos. Roçando seu corpo nos milhares de pessoas, com coreografias que incitasse ao ato, mas e nem mesmo assim ninguém a comeu.

Ontem, à noite, esteve no Mineirão. O Cruzeiro, líder do Campeonato, fez quatro gols nos primeiros trinta minutos de jogo. Ela apostou que dali prá frente o jogo, definido, tornar-se-ia sonolento.

Preparou-se toda. Logo que começou o segundo tempo ela se fez em pelo e circulou pelas arquibancadas. Mas nada. Por um momento ouviu a torcida em uníssono gritar olé e desejou, ah como desejou, que o seu corpo, como uma bola, fosse de corpo a corpo em frenesi.

Mas nada. Ninguém a comeu.

Dormiu de ontem prá hoje com uma ideia derradeira e limítrofe. Depois disso, se se frustrar só lhe restará desistir.

Hoje à noite sentará solitária em frente à TV e prestará toda a atenção que lhe for possível.

Procurará entender como os patrocinadores do The Voice Brasil conseguiram comê-lo.


Até breve.


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