quarta-feira, 5 de agosto de 2020

PRÓPOSITO



ODA A LA ALEGRIA

...

No se sorprenda nadie porque quiero

entregar a los hombres,

los dones de la tierra,

porque aprendi luchando

que es mi deber terrestre

propagar la alegria.

(Pablo Neruda)

 

 

Não se trata de ter coragem, ainda que pertinente e oportuno, em abordar tristeza. Toda a tristeza que grassa em diferentes matizes e planos. Aqui, ali e acolá. A guerra, a pandemia, o terrorismo, a vilania, a desigualdade e fosso social, a crueldade em toda a sua expressão.

Alienar-se. Evadir-se, como provavelmente justificou à Chaplin em algum momento de sua extraordinária vida intelectual em buscar a solidão e o ostracismo.

Não.

Não se trata de fazer de conta que o mundo não continuará sendo tão “normal” como sempre foi: cruel.

Trata-se de convidar a mim e àqueles que visitam esta página, a um olhar ainda que singelo para a parte que justifica minimamente um gosto pela Vida.

O Amor.

Toda a extensão do afeto que possa humanizar ainda nossos corações e mentes enrijecidos por tantos e tantos desatinos e perdas. De todas as naturezas e extensões.

Sei que gozar do privilégio de alocar tempo a isto é quase vergonhoso, elitista por demais, na medida em que milhões de pessoas no planeta não recebem a quantidade de alimento que as possibilite ficar de pé.

Não obstante, minha consciência me permite o olhar para a dimensão da urgência do afeto. Incondicional e permanente. Ser na minha individualidade, na microfísica do poder que ainda tenho, alguém que se permite a alegria como uma prática, a acolhida ampla, geral e irrestrita como um princípio basilar de conduta.

Hoje construí dois carrinhos de rolimã, que serão de Totô e Lelê. Soube que Totô quer que o dele seja verde, Lelê diz que o dela pode ser roxo ou rosa. Vou construir ainda mais dois: um para Tin, que me disse hoje também que quer o dele preto e Liz disse que o dela pode ser roxo ou rosa.

Quero cores na Vida. Meus netos apontam a direção do meu legado.

A do afeto.

 

Até breve.