sábado, 26 de janeiro de 2019

PATÍBULO







A mim não interessam declarações, pareceres, opiniões, juízos, análises, pesquisas, perícias, métricas, tétricas, troças, lágrimas, seguros, solidariedade, a mim nada interessa neste lamaçal.

Fotos valem mais do que zilhões de palavras. Talvez uma única palavra seja suficiente para explicitar o óbvio: topografia.

Boa parte das vítimas foram colocadas na linha de tiro. Não há prova mais contundente de um crime hediondo.

Não foi tragédia, não foi acidente, não foi nada que se possa lamentar.

Foi crime e como tal deve ser punido e, por reincidência, de forma conclusiva e exemplar.

Tiradentes ainda clama por justiça. Ou nos enforcaremos a todos?

Basta de lama! Em todos os sentidos.


Até breve.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

REALEZA



Isto é a vida real?
Isto é apenas fantasia?
Soterrado num deslizamento
Sem saída da realidade

Abra seus olhos
Olhe para o céu e veja
Mas eu sou apenas um pobre menino
Eu não necessito de nenhuma simpatia
(fragmento da letra de Bohemian Rhapsody)




Êxtase! Puro êxtase!

A exuberância da sétima e perene arte: ah, o cinema!

Com cinco indicações para o Oscar de 2019, Bohemian Rhapsody é uma celebração exuberante da banda de rock Queen, sua música e seu extraordinário cantor principal Freddie Mercury, que desafiou estereótipos e quebrou convenções para se tornar um dos artistas mais amados do planeta.
O filme mostra o sucesso meteórico da banda através de suas canções icônicas e som revolucionário, a quase implosão quando o estilo de vida de Mercury sai do controle e o reencontro triunfal na véspera do Live Aid, onde Mercury, agora enfrentando uma doença fatal, comanda a banda em uma das maiores apresentações da história do rock.
Durante esse processo, foi consolidado o legado da banda que sempre foi mais como uma família, e que continua a inspirar desajustados, sonhadores e amantes de música até os dias de hoje.
Assistir aos 132 minutos de projeção na telona de Bohemian Rhapsody é experimentar sensações inenarráveis. A grandiosidade da lenda que o filme retrata já seria suficiente para mobilizar o expectador.

No meu caso, não foi pela biografia de Freddie que me arrebatei, mesmo porque Freddie Mercury faz parte da galeria dos artistas eternos e não precisaria de nenhum tributo a mais para elevar a importância de sua passagem pelo showbiz.
A intensidade da emoção que experimentei está no filme em si enquanto obra de arte, na sequência vertiginosa até a cena final apoteótica tanto quanto a carreira de quem o enredo busca retratar.
Rami Malek, o ator que faz Freddie Mercury no filme, não precisa de nenhuma demonstração de maturidade artística a mais. Ele conseguiu dar a dimensão da genialidade, dos dramas internos, da solidão profunda, da voluptuosidade sexual do astro.
Um ator assim é uma preciosidade que, embora não se compare em grandeza ao quilate de quem protagoniza, torna-se também um clássico. Sua interpretação dá ao filme a indispensável magnitude do ser humano ímpar que foi Freddie.
O processo de criação da banda, os bastidores das composições, os conflitos internos, cenas que vão ficar na memória de cinéfilos os mais exigentes. A cena (longa) em que Freddie vai ao encontro de sua ex-esposa que havia o procurado para dizer dos desatinos dele e é filmada sob uma chuva torrencial é impagável simbolicamente, como se ali Freddie estivesse sendo “lavado” de seu passado, encontra a sim mesmo e vai, na sequência, retomar a banda e realizar Live Aid.
Outra cena, a do reencontro dos integrantes da banda, em que Freddie diz que individualmente nem ele próprio alcançaria o êxito pode ser usada em programas de desenvolvimento empresariais para que executivos compreendam de vez o que é uma equipe de alta performance.
Vou ficar eternamente grato à Bohemian Rhapsody.

Até breve.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

ΑΓΆΠΗ




O que restará dos corações aflitos tomados de sentimentos ensandecidos que a razão e a moral não alcançam?

Sentimentos que dão a dimensão do Homem enquanto Humano. “Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia.” Derivamos de Shakespeare que escreveu em 1600, e colocou na boca de Hamlet.

Embora a filosofia e a racionalidade sejam essenciais para o ser humano, elas não respondem a tudo. Há mais no mundo coisas que a razão não consegue explicar. Por isso é temerário legar todas as soluções da existência ao nosso limitado cérebro.

Some-se a essa extraordinária limitação a Moral e seus ditames circunstanciais que implicam em restrições à paixão sem freios e amarras.

O coração, símbolo do que pulsa a humanidade no Homem, fragiliza.

Fosse uma máquina e agora com toda tecnologia cibernética embarcada, provavelmente o cérebro, pelo juízo da razão e da moral, sistematizaria aquilo que deveria conter o coração.

Mas não. A tecnologia não dará conta da loucura. Para a paixão não há remédio.

De onde nasce e nutre o sentimento não há explicações plausíveis, fosse assim a civilização seria outra.

Ao longo de toda a História foram os sentimentos transloucados pela paixão que movimentaram o círculo. Não foram esquemas lógicos racionais e nem aqueles ditados por um determinado código.

O princípio da paixão é o desejo.

E o desejo é o desejo, que não se explica.

Vitimado por marcos regulatórios, impingidos pela razão e pela moral mais do que dominantes, o desejo sempre sofreu seus horrores e, ainda assim, sobreviveu mesmo que inúmeras vezes enquanto ardia em fogueiras.

Quando uma e/ou outra alma é dragada e/ou dragadas pelo mistério servirá a ele e tão somente a ele e aos seus desígnios.

Cruel tarefa essa de escrever o não escrevível. E olhe, na norma linguística a última palavra da frase anterior não existe, portanto estou em erro e passível de punições de toda sorte.

Aos poetas, a dor.


Até breve.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

SI


"Tudo neste mundo é produto da fórmula 'função x economia'.
Por isso nada é obra de arte: toda arte é composição e,
por conseguinte, antifuncional.
Toda vida é função e, por conseguinte, não artística."
Hannes Meyer
(1923)


No fundo, falando assim muito de transparentemente, sem rebuscamentos e nem escondidos cravados, a solidão nunca faz de todo bem.

Verdade que o diálogo consigo próprio, no mais das vezes, é facilitado porque se tiver que mandar um ou outro calar a boca não resta constrangimento. Embora, e não são poucas, tem horas que é de amargar.

Isso tem a ver com fragilidades caras, coisas que em consultórios devem rolar soltas, e eu, como num vô, fico com elas aqui embrulhando estômagos. E dizem que ali é que a coisa pega e não nos miolos, onde resida a psique.

Tive uns tempos feicebocando, mas bordejei dali também. É grosso o trem. Voltei prá cá, porque nunca de sei com quem estou falando e aí, supostamente num tem nem debate e nem embate.

Aqui tem até um canto pra comentários, mas depois destes anos todos (de blog) já desisti. Ninguém vem prá cima. E quando vem - bom deixa prá lá -, porque são tão poucos os leitores que se for brigar com eles aí que eu vou continuar falando sozinho.

Pensar com o umbigo, porta de entrada da região dos embrulhos, ainda fica zoando bem. Ou não.

E é sobre que eu vinha falando lá de cima.

Eu desde menino fui circunspecto, mas saí pela vida no esculacho. Afinal, nem eu mesmo tem horas me suporto. Todo aquele que pensa é um porre.

Principalmente para si próprio.

Hoje então, nem se me fale.

Os anos têm debruçado sobre meus ombros neurais e vai ficando cada vez mais miúdo o sofrimento de querer, pelo saber a partir do nada, encontrar algum sentido no pouco que resta.

A vida econômica nos transformou a todos em autômatos funcionais. Independentemente de quanto jorrem contas bancárias. Montantes ou migalhas.

Melhor não enveredar por aqui senão entro no senso mais do que comum ou, como queria Nelson Rodrigues: “O óbvio que nos escandaliza”.

Outro dia disse a alguém (que queria por que queria sair de um imbróglio vivencial), mas fui eu quem mais ouvi: “Num vale a pena, faltam poucos anos para o fim”.

Droga de vida essa! Pico na veia, extenuante. A única certeza nos acomete e diz.

Se não escrevesse, enlouqueceria. E de tão covarde para não ser louco, turvo páginas. Eu deveria mesmo é ficar com meus botões toscos.

Não fosse para as nuvens para quem escreveria?


Até breve.

domingo, 20 de janeiro de 2019

NADA






Ouço o grito da página com suas entranhas em brancas linhas.

Ela me convida:

- “Preencha-me, e me faça encontrar sentido”...

Como se o sentido de Tudo estivesse em linhas tortas e vagas, permeando conscientes fugidios, matreiros, escolados e/ou tenebrosos inconscientes inconfessáveis ou essencialmente marcados por infinito e definitivo mistério.

Ai de mim, página literalmente em branco porvir!

De que tintas e cores me restarão letras e sobre que construções de vínculos entre elas - ainda que poéticos - palavras em frases marcarão genuínos olhares?

Há muito me perdi em turbilhões. Sexta-feira, ouvi de uma amiga que eu perdi o veio.

Pode ter sido, ou entrei por outro onde cabe silêncio, resguardo, cansado de parir filhos impróprios.

Ninguém que turva páginas deveria se encontrar, perder-se sempre deverá ser o melhor caminho.

A escrita é o maior crime cometido pelo homem contra si mesmo. Sem ela não cometeríamos tantos desatinos, nem cartas de amor ou ódio, nem contratos avessos, tratados torpes, leis, sentenças, juízos.

Ah, os livros! Ah, a Literatura! Instrumentos perversos, repletos de viagens alucinógenas, construções de olhares em perspectiva fantasmáticos e delirantes.

Deveríamos todos que escrevem nos autocondenarmos e sair de cena. Mesmo aqueles que deixam lenitivos, esperança, bonança, como se humanizar-se pela leitura fosse uma verdade inconteste.

Escrever é cometer crime hediondo, ler é cumplicidade mórbida.

Nenhuma entranha de nenhuma página é preenchida se não por horrores, dramas entre Eros e Tanatos (ou será Thanatos, com esse H de Humano), pulsões contumazes, erráticas e danosas.

Tudo isto por um vazio ou tristeza, não sei. Assisti à A Esposa, e à Monsieur & Madame Adelman. Ambos essa semana, o primeiro no cinema e o segundo na Sky.

Escrever é gerar procura. Quem quiser viajar, assista aos dois filmes e se perderá comigo.

Só assim terei feito mais uma vítima.


Até breve.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

CAPITAUTISTA





Foi assim num mais que de repente. Nada de muita pesquisa, fontes de erudição, interesse pelo hipermoderno, coisas que tais.

Foi assim por desses acasos fortuitos de que pela Vida nos acomete. Fa, minha nora do primeiro, no 25 de dezembro último, disse me passando um livro:

- Agulhô, dê uma olhada, acho que você vai gostar.

Sofro de compulsão exacerbada e mesmo que continuando na roda de conversa em família, passei a folhear o livro e... zupatz!!!

- Gisus, quêquêéisso?????

Pois então, depois disso num fui o mesmo.

Podem acreditar, embora não pareça ao longo da vida eu li à beça. Muito e de tudo e de todos. É verdade que se me pedirem para falar algo sobre qualquer deles é capaz de eu misturar uns aos outros ou “inventar” que foi dali que eu bebi, essas sandices.

Desde sempre achei que saber deve servir.

A Estetização do Mundo – Viver na Era do Capitalismo Artista(*), do filósofo Gilles Lipovetsky e do professor de literatura e crítico de arte Jean Serroy, é um livro que serve.
Nutre, embriaga, eleva e, sobretudo, arrebata.

“A oferta de todo um conjunto de consumos de maior valor agregado não elimina o espetáculo da nova pobreza, das cidades sem estilo, dos corpos desgraciosos, das criações culturais pobres e vulgares, da desculturação dos estilos de existência. O que se anuncia nada mais é que uma comercialização extrema dos modos de vida na qual a dimensão estética ocupa, sem dúvida, uma posição primordial, mas que, apesar disso, não desenha um universo cada vez mais radiante de sensualidades e de belezas mágicas. No mundo fabricado pelo capitalismo trasestético convivem hedonismo dos costumes e miséria cotidiana, singularidade e banalidade, sedução e monotonia, qualidade de vida e vida insípida, estetização e degradação do nosso meio ambiente: quanto mais a astúcia estética da razão mercantil se põe à prova, mais seus limites se impõem de maneira cruel a nossas sensibilidades.”

Com 422 páginas de texto, 33 de Notas e 10 páginas de Índice Onomástico contemplando perto de 800 artistas de diferentes áreas, pensadores, teóricos e ensaístas de diferentes disciplinas, o livro a mim causou mais do que O Capital de Karl Marx. Ou foi Germinal de Emile Zola? Ou terá sido O Muro de Jean Paul Sartre?

Faço mesmo confusões romanescas, mas...

Compreender o tempo presente, mais do que julgá-lo, sorvendo do saber a beleza de estar vivo, talvez nos torne um pouco menos toscos e idiotas.

Ou será pelo o quê?


Até breve.
(*) A estetização do mundo: Viver na era do capitalismo artista/ Gilles Lipovetsky, Jean Serroy; tradução Eduardo Brandão. – 1ª ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

TUPI





Vão dizer que eu entrei no Bolso.

Mas gostei do discurso do Ministro. Parte dele, boa parte dele. Do discurso, claro.

Gosto de ele ter usado Clarice e Pessoa, esses monstros sagrados.

Desvelamento, liberdade e conhecimento. Deixemos de olhar o espelho e nos voltemos às janelas.

Quase uma síntese de um tudo que foi dito.

Gosto de manifestações apaixonadas, dos transloucados, dos que creem. Gosto, porque me identifico. Mesmo que visceralmente não acordado para o que é dito, mesmo me corroendo todo, mesmo sendo radicalmente contra, quase odiando (já que não sou capaz).

“Respeite as leis más. Você poderá se ver em situação de criar boas leis e não deverá dar a ninguém o direito de desrespeita-las.” J. J. Rosseau.

Gosto da explicitação, prefiro à dissimulação que nos leva ao engodo. Mesmo que o que se explicita esteja carregado de matizes, nuances.

Gosto da coragem, que coloca o coração em risco. A Vida em risco.

Policarpo Quaresma na veia.

Este país ainda descobrirá seu ideal. Mesmo que se torne um grande Portugal.

Gosto de ir às entranhas, remexer, da angústia de ser.

Gosto da história do menino de vinte e dois anos que entrou no ministério e viu o quadro de Dom Pedro I bradando com a espada às alturas. Tão marcado pelo fato que este menino hoje, senhor da casa, clama pela mesma liberdade e diz não ter medo.

Dois posts, dois nervos (Íris e Tupi): Família e Pátria.

Caramba e nós que achávamos que iriam mexer na Previdência, mas serão tão imprevidentes?

Quem viver será?



Até breve.

NOTA: Os índios de língua tupi habitavam quase todo o litoral brasileiro, pela época do descobrimento, e foram os primeiros a estabelecer contato com os colonizadores europeus. 

domingo, 6 de janeiro de 2019

ÍRIS





A atual ocupante da pasta ministerial da Mulher, Família e Direitos Humanos, presa-fácil aos brilhosos caçadores de plantão do ridículo, do escrache e da pilhéria, trouxe à tona algo relevante, ainda que não original e nem daora.

Além de ter alimentado a fome da idiotia que vaza uatisapes, o que é indispensável para manter a normalidade democrática da nossa republiqueta, a Ministra arrasta mares para uma tempestade de questões de nervo.

Consultada pela repórter-sorriso da Globonilsa, sobre o que viria a ser a parcela ministerial da arquitetura do estado atual que cuidaria (?) da Família, a pastora alertou a todos os rebanhos para um alarme.

Eu acho. E, sempre que eu acho, já sabem. Não procurem.

Ela advoga - sim ela é causídica de Vade Mecum jurídicos na cabeceira - a tese de que o Estado deve intervir no seio da célula-mater da sociedade. Foi defenestrada pelos globares gozadores (em duplo e múltiplo sentido) de que agora o Estado também invadiria o sacrossanto espaço da cidadania que é o lar.

Hum... Hum... Tumoristas da rede uni-vos. Aí tem material de sobra para dois ou três mil vídeos esclarechadores.

E um, se tanto, ponto de reflexão.

A auto e alta regulação pelo mercado, opção compulsória da tendência do neocapitalismo, tem gerado graves consequências na constituição dos vínculos que mantém a civilização minimamente equilibrada (lato sensu).

As inúmeras rupturas que redesenham a constituição química da célula-mater têm trazido consequências alarmantes e profundas na estabilidade do seio daquilo que, também está por se redefinir, enquanto Família.

Há, visível a olho nu, evidências grosseiras dos males da desagregação trazida por inúmeras circunstâncias, da célula. Fiquem tranquilos: meu filho mais velho já me alertou para eu não dar uma de moralista.

Correndo o risco e merecendo ser queimado no fogo dos infernos, insisto. Está aqui um tema relevante a ser pensado pelos intelectuais minimamente responsáveis.

O que está em reformulação ultrapassa os territórios do Homem (elemento da cultura, portanto no campo Moral) e invade o território da Humanidade (vastíssimo campo da Ética).

Quando a discussão trata se um casal homoafetivo pode adotar, ou gerar in vitro um ser, e tendo a criança passado a viver em companhia isto é família, é uma questão Moral.

Quando, por circunstâncias diversas e pelas mais cruéis e avassaladoras razões tornam o Homem impotente diante de sua própria realidade, enquanto construtor da Família, rompe os vínculos da tessitura mater da sociedade, aí sim é uma questão Ética.

O desemprego decorrente da neoeconomia fundada na extraordinária tecnologia; a desigualdade de oportunidades advinda da configuração geográfica e da riqueza; os inúmeros atos vis cometidos pela espécie humana contra si própria via guerras, terrorismo, que implicam em milhões de refugiados, isto sim é uma questão de Estado.

Se quiserem podem reduzir o debate.

Meninos: azul. Meninas: rosa.

O que será do arco-íris?


Até breve.

NOTA: Em anatomia, a íris é a parte mais visível (e colorida) do olho de vertebrados, e tem como função controlar os níveis de luz, assim como faz o diafragma de uma câmera fotográfica.



quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

GEMA




Nenhuma palavra será dita, para que não seja (mau) dita e nem maldita.

O silêncio é o império dos fracos, posto que covardes.

Melhor.

Todos devíamos ter a paz e a ciência do aguardo. Caldo de galinha e prudência só vitimou a galinácea. E ninguém se importa. Nem os próprios veganos, estes novos indígenas que crescem na urbe. Só de vegetais deve-se nutrir.

O cursor convida à palavra para que sobrevenha.

Serei breve, já que sempre tenho a preocupação em não arranhar minha imagem, já tão desconhecida.

A galinha sempre protagonizou o mistério. Ela ou o que é produto dela veio à luz primeiro?

Responda.

Pois, e talvez por tudo isto, é que um pé atrás, neste e em outros momentos, nos mantenha eretos, ainda que retrógrados. Ou não?

A sensatez sempre nos manteve em determinado lugar. Aos insensatos o progresso, como queria o dramaturgo George Bernard Shaw.

Até porque qualquer análise estará julgada pelo retrovisor do tempo, face ao discurso. E no passado jamais fomos suficientemente felizes para mantê-lo.

A felicidade está adiante, sempre. Nunca gozamos o suficiente.

Adeus ano velho (arq!) feliz ano novo (oba), que tudo se realize no tempo que vai nascer.

Muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender.

Soubesse o que seria do ovo, não viria galinha.


Até breve.