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quarta-feira, 9 de outubro de 2019

CLAREIRA







Abrimos nossa clareira e então vem a floresta retomá-la. O único consolo é ter vivido a beleza de enxergar a luz entre as folhas: 
em lugar de nada, ter vivido alguma coisa”.
SARAH BAKEWELL

Tenho agradecido à Vida pelo privilégio de, a esta altura, poder “organizar” o meu tempo segundo aquilo a que me proponho dedicar.

Assim, da noite de quarta-feira passada até ontem pela manhã, voltei-me quase exclusivamente aos meus netos.

Movimentei agendas de trabalho, não escrevi, não li, não assisti filmes na telinha e nem na telona, não me ocupei de notícias, desliguei celular, zapzap, emails. Desconectei-me enfim, canalizei toda a minha energia para netar.

Só reguei plantas, fiz compras, lavei vasilhas, em momentos em que os pequerruchos estavam com olhares em outros ocupamentos.

Das seis e pouco da manhã até por volta das vinte e uma horas de todos estes dias, estive plugado na demanda da garotada.

Do preparo da refeição matinal, ao banho e ao preparo para dormir (algumas das noites em cabana montada em meu quarto), foi dedicação exclusiva.

E cada um é um, em tudo. Mesmo que as meninas quase sempre estejam em uma e os meninos em outra. Mesmo que Liz queira algo que Lelê não queira, mesmo que Tim queira só bola e Totô queira cada hora uma coisa outra.

Pela manhã, a refeição: Liz, leite quente com Nescau e uma banana; Tin, vitaminão com mamão, banana, maçã e leite frio; Totô, água no copo primeiro depois leite em pó e um pouquinho de Nescau; Lelê, “esqueminha do vovô”, leite em pó, iorgute de morango e água.

E não necessariamente nesta ordem o que implica em protestos de um e de outro: “Vovô por que você fez o dele(a) primeiro?”.

No sábado, em Santa Luzia, a casa ficou lotada com alguns parentes e amigos para um churrasco. Aliviou um pouco porque chegaram mais sete ou oito crianças.

Pude ocupar-me com um ou outro copo e logo estava “arrumado”. Estando eu em estado catártico alguém (pelas  minhas circunstâncias etílicas não me lembro quem) me perguntou como estava a vida.

- “Eu estou pronto.”, respondi.

Ontem, bem cedo fui levar Pretinha, Liz e Tin ao aeroporto para voltarem para Lages. No retorno, no carro ouvindo músicas, eu pensava em cada um de meus netos.

Ao chegar em casa fiquei por alguns segundos olhando as marcas a lápis que faço no marco de uma porta para medir a altura de cada um dos quatro.

Em algum momento se apagará a largura do tempo.

E como Neruda, poderei dizer: “Confesso que vivi.”.


Até breve.

domingo, 29 de janeiro de 2017

GASES



Pretinha pegou alguns livrinhos na biblioteca para Liz e Valentin. Entre eles, um destinado à Liz: Até as princesas soltam pum.

- “Sua cara, pai!” Mandou mensagem via WhatsApp, anexando foto da capa do livrinho.

- “Por que você não escreve suas histórias como a do livrinho. Ia fazer o maior sucesso! Genial”!

Pois é.

E o pior, capaz de ela ter razão. Sem particularizar no pum das princesas, a idiotia tem largo espectro de consumo. O que circula na rede e em todos os meios são toneladas de puns.

Youtubers são visualizados por milhões de pessoas centenas de vezes e expandem suas conexões virulentamente. Humor, ironia e idiotia têm limites tênues. Acho que esses ingredientes fazem parte do contemporâneo.

Rir ainda é o melhor remédio.

Especialmente como antídoto a tantas variáveis da realidade insustentável.

Sexta-feira agora brincava com Antônio e ele soltou um pum. Simulei susto e caí no chão. Antônio deu gargalhadas de perder o fôlego. Quis repetir a brincadeira e fez mais força do que seria necessária apenas para fazer o que princesas fazem.

- “Vovô, fiz cocô”! Disse ele, com as mãos nos fundos da cuequinha, um pouco constrangido. Ele está deixando suas fraldas e de quando em vez isto ocorre.

Faz parte da nossa formação e desenvolvimento.

Tudo bem que, durante a campanha, se possa exalar puns de diferentes megatons e alguns até encontrem narizes para serem absorvidos. São odores inerentes ao processo cada vez mais descivilizado da ilusória democracia do decadente Império.

Só que enquanto puns, vá lá. O problema é quando na sequência da buzina veem sólidos. Barrar a entrada de refugiados, de habitantes de determinados países supostamente envenenados com o mal muçulmano, construir fronteiras reais com o país de quem surrupiou uma metade do território em guerra, e outras borradas mais não faz ninguém rir.

Trump me assusta pelo nexo de suas decisões. Sua nervosa caneta baixa aos quilos decretos que criam imponderáveis consequências no curto, médio e longo prazo. A Justiça Americana vai entrar na disenteria e pode ocorrer o inverso do que sempre ocorre.

O Império copie a Colônia. Lá como cá se estabeleça uma crise entre poderes. Só que lá a Constituição tem mais de duzentos anos e, o pior, é letra viva.

E, como se não bastassem puns e sólidos subsequentes lançados para fora de seus vasos jurisdicionais, agora a coisa começa a feder internamente.

Punzão de ontem determinou às forças que elaborassem plano de extermínio de grupos terroristas com cronograma e custos de implementação.

Em dezenas de posts aqui citei pesquisa realizada por consórcio de universidades americanas e europeias, realizada em 165 países, sobre o que mais aterroriza as pessoas. Conclusão da pesquisa: Primeiro, a potencialidade de uma hecatombe nuclear. Segunda, a irreversibilidade da fome. Terceira, a ausência de líderes.

A mim o que mais aterroriza está em terceiro lugar. Príncipes que soltam puns. 



Até breve.

domingo, 6 de dezembro de 2015

UMTOM




Quando você nasceu vovô e vovó não estavam aí.

Hoje, quando você completa um aninho, de novo.

Prometo que nunca mais isso vai acontecer. Mesmo que o vovô e a vovó tenham que comemorar cem anos de casados e, inconsequentes, queiram sumir pelos mundos a fora.

E não será como a espingarda de rolha que prometi a seu pai.

Toda a felicidade, Antônio.



domingo, 5 de julho de 2015

ZELO



Pausa para dar espaço ao que verdadeiramente interessa.

Antônio foi batizado ontem com toda pompa e circunstância.

Há alguns anos atrás o batismo era uma das datas mais importantes na vida de uma criança.

Hoje, menos.

Não no caso de Antônio, porém.

Papai e mamãe guardaram todo o carinho e atenção ao longo do sacramento.

Antônio recebeu deles, perante testemunhas, uma demonstração do desejo de que ele receba as bênçãos da fé e siga os mandamentos da Igreja Católica.

Isso ajudará, e em muito, a formação dos princípios e da conduta de Antônio.

O vovô aqui dará a maior força.



Até breve.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

SUSTENTABILIDADE



Aliás, falando de saudade e de hipocrisia, esta não exclusiva do ex-diretor da Retrobrás (a empresa caiu de uma das dez maiores do mundo para a 429ª posição no ranking da Revista Forbes, tendo reduzido o seu valor à metade em um único ano), mas estendendo até aos mais altos escalões de Repúsblica, temos que falar também da nossa.

O Clóvis de Barros Filho, quem com corro no terreno das ideias, lançou (junto com Júlio Pompeu) o livro Somos todos canalhas – Filosofia para uma sociedade em busca de valores (Ed. Casa da Palavra) no qual ele provoca o leitor a fazer uma autoanálise nessa sociedade em que imperam o egoísmo e a incapacidade de se colocar no lugar do outro.

“Sempre alguém poderá pretender – com consciência disso – fazer prevalecer o próprio interesse particular em detrimento da convivência, em detrimento do outro. Pode ser no trânsito, no estacionamento do shopping, no banheiro da rodoviária, nas mais diversas situações. A pessoa não consegue transcender o próprio umbigo, o próprio prazer”, explica Clóvis.

Eu perguntaria: A pessoa, Clóvis? Que pessoa?

Por outro lado, o psicanalista Jorge Forbes coloca: “Vivemos um período em que as pessoas se sentem muito perdidas, a sociedade está `desbussolada´. Frente à angústia atual, todo mundo quer um chefe na vida que dita o padrão do bom gosto. Nessa época em que se perdeu o que é certo e o que é errado, as pessoas têm angústia de exercer essa liberdade. Como tudo pode, é possível errar mais. E isso as aflige. Ao expressar o desejo mais livremente, elas se angustiam, porque têm o poder da escolha.

Nesse momento de desbussulamento, ter um chefe que diga o que é certo e qual é o errado me acalma frente às minhas escolhas e aos meus desejos, em relação a tudo na vida.”

A Rádio Guarani 96,5 – A rádio que tocava o bom gosto (leia o post OBSOLESER (*)), foi leiloada e quem assumiu a frequência foi uma instituição religiosa. Ouvi essa semana a pregação de um Pastor que me fez tremer com a capacidade extraordinária de alguns em captar o inconsciente coletivo. Ele disse em sua pegação: “Não se importe com isso, meu irmão, até o Cristo por um momento se viu sem o seu pastor e voltou para a casa do Senhor”.

Pois é, Jorge, para alguns a sociedade está mesmo é “deusbussolada”. Ajam panelaços e dízimos.

Por sua vez, Noninha, dia desses voltou eufórica da escolinha cantando uma canção que provavelmente acabara de aprender. A mãe orgulhosa pediu que ela cantasse de novo a música.

- Não mãe, o gato comeu a minha língua!

Morro de saudade da época que eu era ovo e não tinha ainda me tornado galinha, portanto, canalha. (Para desentender, leia o post anterior).

Publico aqui, o penúltimo post antes de completar o 800° que espero trazer amanhã (data em que comemorarei quatro anos de edição), a foto de minhas mais caras esperanças e que passará a partir de hoje ilustrar o blog.



Até breve.

(*) Quis escrever assim para provocar mais o sufixo, só fixando-o.

sábado, 18 de abril de 2015

DIÁRIO



Na quinta-feira fomos assistir à Para Sempre Alice, que deu a Julianne Moore trinta prêmios entre eles o Oscar de Melhor Atriz. Confesso que gostei mais do drama vivido por Kristen Stewart no papel de Lydia uma das filhas de Alice a personagem protagonizada por Moore. Alice descobre aos cinquenta anos de idade que padece do mal do alemão (qual é mesmo o nome?).

Talvez porque, às vezes, acho que meu pai legou-me mais do que o mesmo nome, eu tenha me concentrado no drama magistralmente encenado por Stewart. Impelida pela mãe a buscar uma faculdade que dê a filha condições mais favoráveis à sobrevivência, a jovem insiste em procurar a carreira de atriz de teatro. Até nos filmes americanos???!!!

Ontem foi punk. Pretinha me pegou de carro em casa às sete e meia da manhã e me deixou com Noninha na maternidade. Hugo, irmão de Mateo (o Zeroum, lembram?), nasceu com pouco mais de três quilos. Um bezerrão.

Penso que eu deveria fazer legenda para dar conta dos personagens deste blog, embora a oito para completar oitocentos posts editados, já era hora dos meus leitores saberem mais ou menos de quem eu estou falando.

Tudo bem, recordar é viver. Hugo e Mateo são filhos de Camila, uma sobrinha-afilhada que de vez em quando comentava aqui e de Leandro, meu único seguidor. Se bem que João da Piti, diz que é ele, não o pai de Hugo, mas meu seguidor. Não sabem quem é João e nem Piti? Leiam os setecentos e noventa e um posts anteriores.

Noninha e Mateo estudam na mesma escolinha e, pior, na mesma sala. Amor e ódio a mil. Administrei ambos aos gritos e folia nos corredores da maternidade até que nos despedimos, eu e minha netinha, do Hugo e fomos a outras folias.

Na portaria perguntei a um rapaz onde poderia pegar um ônibus circular com direção à Savassi. Só que me permiti perder e fui parar em uma pracinha. Balanços, zangaburrinhos, escorregas depois fomos afinal esperar o circular em um ponto de embarque na Avenida do Contorno.

Noninha puxou conversa com Terezinha, uma senhora que como nós esperava o ônibus. Quando o ônibus chegou Noninha estava eufórica pela primeira experiência de urbanidade. Ficou atenta a todos os meus movimentos: passar pela roleta e pagar à cobradora a passagem até sentarmos em duas poltronas vagas.

Sete ou oito minutos depois, quando descemos do coletivo, Noninha voltou o olhar e me pareceu que ela desembarcava de um sonho. “Depois você me leva de novo, vovô?”

Um jornalista disse a Eduardo Galeano que ao ler os seus livros tinha a sensação que o uruguaio escrevia com um olho em um microscópico e outro em um telescópico.

Depois fomos para o meu apartamento, brincamos de massinha, dei-lhe banho, aprontei-lhe todinha já com o uniforme da escolinha e fomos almoçar em um restaurante em frente. Depois do papa ela me pediu um picolé, para minha surpresa de limão (ela adora uva) e voltamos para meu apartamento.

Histórias e carinhos nas costas e nos pezinhos depois ela adormeceu para descansar um pouquinho e dar conta da tarde na escolinha. Ela dormia ainda quando Pretinha chegou com o Valentin para que eu ficasse com ele.

Entrementes respondi a dois e-mails a respeito de um evento que conduzirei em junho envolvendo mais de trezentos executivos, atendi a ligações de clientes um deles pedindo que eu intercedesse junto ao seu presidente para que fosse revisto o seu salário e outro que me pedia a possibilidade de revisitar uma proposta de trabalho que lhe fiz há exatos dois anos atrás. Agendei reunião de trabalho com a Superintendente de uma entidade de representação de classe e comprei passagem para São Paulo para onde embarco na quarta-feira, bem cedo.

Cada dia que passa gosto mais de Tin. E para não dizer que é só dele fomos visitar Antônio. Fomos eu, Ela e Tin à casa do Vlad e da Fá. Antônio me deixou bobo. Consegui extrair dele a primeira gargalhada (aos quase quatro meses de idade). É fatal: você pega a criança elevando-a acima de seus ombros e volta com ela bruscamente fungando em uma de suas orelhas. A primeira gargalhada de Antônio para o vovô, inesquecível.

Voltamos para casa porque Ela tinha que ir para o Consultório. Eu fiquei com o Tin. Dedeira, troca de fraldas, chutar bola na sala, soninho até que Pretinha veio buscá-lo ali pelas quase seis horas da tarde. À noite voltamos para a casa de Vlad e Fá para que eles pudessem ir a um cinema ou a um teatro. Ficamos até às dez horas da noite. Antônio deu uns chorinhos, nada que nossa experiência não administre.

Próximo da meia-noite chegamos a Santa Luzia. Passei o dia todo pensando em Desertland.





Até breve.

LEGENDA: Savassi é um bairro da cidade onde moro.

domingo, 7 de dezembro de 2014

FACHO



Ontem às vinte horas e dois minutos Antônio nasceu.

Eu estava em viagem e quando recebi a notícia de Vlad de que Fá estava às bicas de dar a luz eu só pensei em como retornar para BH a tempo de assistir.

Num deu, Antônio surpreendeu a todos, inclusive à própria médica que estimava a vinda do meu terceiro netinho para a segunda quinzena deste mês.

Perdi um dos momentos mais marcantes de minha vida, e talvez eu jamais me perdoe por acreditar nos prognósticos da médica, embora Vlad tenha nos pedido encarecidamente que não viajássemos no mês de dezembro.

Quando cheguei hoje cedo na maternidade e vi o figura bastou para deixar para lá todos os considerandos e ir direto aos finalmentes. Mais uma vez a Vida me entregou uma preciosidade.

Vlad também chegou ao mundo meio que abruptamente, um pouco antes da marca e com o peso muito parecido com o de seu filhinho. E Vlad, tanto como eu, abestalhou-se.

O importante é que Antônio está entre nós, chora como um gatinho e, tanto quanto Noninha e Tin, saberá a qual colo procurar.

Aliás, na agenda de Fá o dia reservado para a minha pajem é quinta-feira após as dezessete horas. Ela sabe, no entanto, que eu vou estar disponível mais do que um único dia na semana, até porque Antônio exigirá mais dias para estar com o vovô.

Por um momento penso como os leitores deste blog, especialmente aqueles residentes fora do país, se interessarão por este post. Algo tão particular, tão íntimo, tão próprio da minha mais recôndita vida.

Eu me adianto: cada neto meu é personagem ativo de uma proposta modesta, ainda que ideológica, de que o futuro precisa ser reescrito e uma criança que nasce renova os mais profundos desejos de que algo verdadeiramente aconteça para que tempos melhores sobrevenham.

Benvindo Antônio Souza Agulhô Lopes!



Recebi de uma amiga-irmã uma canção de Martinho da Vila. Escutem: TOM


Até breve.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

ÔÔÔRÊÊÊZ




Meu cunhado Helvécio, citado em ZÊÊÊRÔÔÔ, não perdeu ontem o seu pente de osso que usualmente carrega no bolso de sua camisa.

Realizou-se o sonho do Monstro da Tasmânia, esse menino maluquinho que, em contorcionismo acrobático, feriu as redes do gol de Fábio, logo aos nove minutos do primeiro tempo, em posição de impedimento flagrado pela tecnologia do tira-teima e confirmado pelo comentarista de arbitragem.

Tipo lance de clássico. Aconteceu, também ontem, no jogo do São Paulo contra o Internacional que fez o seu gol com três ou mais atacantes ensaboados na frente dos beques do vice-líder do campeonato brasileiro. Dizem que impedimento mais clamoroso que o do Galo.

Enfim, Egídio fez falta ontem. Boa parte dos lances de algum perigo galináceo aconteceu na lateral esquerda do Cruzeiro. O primeiro gol foi construído a partir de um lançamento do Marcos, absolutamente livre de marcação. E o segundo gol de um arremesso lateral do mesmo Marcos dentro da área. Pura pixotada da defesa.

O Galo fez por merecer, no entanto. A organização da disputa competentemente orquestrada pelo seu presidente mandando para o Horto a primeira peleja, mesmo com a questão do risco de tomar gol. Só que lá dentro do caldeirão o time adversário joga sem técnico já que a gritaria impede completamente que os jogadores escutem qualquer som que não seja aquele que vem furacando da massa.

Se bem que o Atlético tem um time muito bem armado e altamente competitivo, diferente do Cruzeiro atual que, embora individualmente melhor, está visivelmente arrastando as canelas. Manter-se rodadas seguidas na liderança do maior campeonato do mundo impõe pesado ônus.

Eu não acredito que seja possível uma virada no Mineirão, embora conforme comentário de um leitor anônimo posts atrás, o impossível não tenha lógica. Minha vida de torcedor sempre me deu mostras que o Cruzeiro, diferente do Atlético, não é um time de viradas, exceto aquela homérica contra o time de Pelé, pelos idos de 66.

Vamos ver.

Falar em ver soube ontem do Vlad que, ele e Fá, estão no final dos acabamentos e decoração do quartinho de Antônio. Meu terceiro netinho chega em meados de dezembro. Em posição estratégica, que permite ao garoto contemplar a peça de qualquer ângulo do berço, Vlad colocará um quadro dependurado na parede com o escudo do Galo Forte Vingador.

Ontem também veio ficar comigo, enquanto a mãe corria atrás de seus compromissos, o Tin, devidamente paramentado com a camisa alvi-negra: “Pai, ele já está concentrado”.

Resta-me acompanhar Bê, que se perguntado hoje dirá: “Está tudo ótimo”.

Volto ao tema no dia 26 ou 27, embora em outros campos haja tão pouca coisa para gastar com letras. A fofoca de Martinha com Dilminha e as demissões dos Ministros me dá muito mais tristeza que gols em impedimento e pixotadas da defesa.




Até breve.


domingo, 2 de novembro de 2014

LAVA




Luis Fernando Veríssimo publicou hoje na sua Coluna do jornal Estado de São Paulo com o título VULCÃO:

“Cabe, talvez, uma reflexão sobre a influência que algo remoto como um vulcão na Indonésia pode ter na vida de todo o mundo. Substitua-se as nuvens negras do vulcão pairando no ar por este sentimento de tragédia iminente que nos cobre, com a multiplicação de guerras cada vez mais cruentas, o fosso cada vez maior entre ricos e pobres, as evidências agora inegáveis do aquecimento da Terra e do desastre ecológico que vem aí, as novas tecnologias que em vez de aproximar as pessoas as dividem e embrutecem, o horror do contágio mortal por um vírus da miséria incontrolável, este clima de fim de século embora o século recém tenha começado - e temos razões suficientes para pensamentos cinzentos.”


Não, todavia.


As cenas flagradas por flashes, em fotos que não serão publicadas aqui, atrás da mesinha de doces patrocinados pela Bisa Rosa, outras tias. A plaquinha com o nome ANTÔNIO fixada na parede. Balõezinhos que pendiam em fitas coladas na laje e Fá, linda, de barrigão proeminente.

Noninha, Nina, Tetéo, Artur, Tinzão batendo palminhas e cantando parabéns por esta data híperquerida alternando colos de Fá, João, Pretinha, Tadeu, Piti, Lindinho, Lola, Cláudinho, Camileta, Vlad.

É big... É big... É big, big...

Ontem, no meu silêncio, chorei aos gritos.




Até breve.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

HISTORINHAS



Com estas coisas perdi de falar de meus netos, ou seja, do que é mais ou mesmo o importante. Essas coisas que hoje me prendem à Vida.

Noninha e seus olhos de jabuticaba e Tim esse intruso, um anjo, bom às pampas. Manso, de quem eu comecei a gostar tem pouco tempo. Ele agora, quando me vê, vai logo sorrindo e isso, dada à minha absurda fragilidade, é imperioso.

É ruim de mexer ainda, porque o cara interage pouco. Se bem que ontem comecei a conversar com ele, enquanto passeávamos, e senti que a falha é mais minha do que dele, afinal ele vai fazer no  próximo dia sete oito meses de idade.

No sábado, também, Fá faz o chá de bebê (ou será de fraldas?) para o Antônio. Eu sempre achei que ela ia ficar uma chata, cheia de dengos por conta do barrigão. Nada, tá como se não estivesse acontecendo nada. Uma pena. Queria que o Vlad penasse com ela. Mulher é assim mesmo, a gente acha que elas vão reagir de um jeito e inventam outro.

Claro que é brincadeira, fosse sério viraria post.

Acho que não tinha falado ainda de neto por tabela que vem vindo, irmão ou irmã de Tetéo, o Zeroum. Para quem não se lembra, são da Camila e do Leandro, meus sobrinhos Camileta e Lindinho.

Agora, aqui entre nós, Pretinha brinca dizendo que uma amiga lhe disse: “Filhos, ah!!! Uma Benção!!! Criança é pedreira. Noninha deve medir ao todo uns noventa e poucos centímetros de altura, mas é o suficiente para, quando chega em nossa casa, produzir um furacão.

Quando vão embora, ela e o Tim, eu dou graças aos céus. Cinco minutos depois eu estou com saudades e remorso. Quando retornam no dia seguinte, eu digo: “Putz, que barra!”
.
Pretinha já percebeu.

O Conselho de Consulta Popular da Dilma caiu na Câmara dos Deputados e não passará no Senado. Dizem os oposicionistas que se trata da bolivarização, ou da venezualização do país. Trama vermelha para derrubar o Congresso. A presidenta teria intenção de governar diretamente com o povo.

O PSOL, por sua vez, quer incendiar com o retorno de projeto dos Conselhos Populares. Destino: gaveta.

O atual presidente da Câmara e candidato a governador derrotado está uma arara com os Lulas. Disse que vai colocar na pauta de votação projetos que vão complicar a vida de seus adversários. Queda do Fator Previdenciário, por exemplo, para expor de vez a Presidenta perante seus eleitores.

O Plebiscito não durará as vacâncias pós-pleito. Nem referendum. Quando ela voltar da Bahia, já será novembro e teremos que nos preparar para o Natal, festas de fim ano, carnaval essas coisas. Recesso parlamentar e esquecimento popular da cidadania.

O Procurador Geral da República disse que o precedente da não extradição de Henrique Pizzolato pode ser muito negativo para o país. Todo mundo que afanar qualquer grana do erário agora já sabe. Corre para Bolonhas e teje quieto. Viver nas Europas é mesmo um castigo. Principalmente granado.

Ontem, quando fazia a dedeira para o Tim na cozinha, ouvi Noninha, que brincava na sala, gritando: “Rapunzel jogue suas tranças!”.

Bem melhor!!!




Até breve.

sábado, 5 de julho de 2014

TOM



Ele se chamará Antônio, em homenagem ao avô, pai da Fá. Ele se chamará, também, Agulhô em homenagem a mim, pai do Vlad. Ele se chamará Antônio Agulhô e nascerá em dezembro.

Meu terceiro neto.

Vlad, meu filho mais velho será um pai exemplar. Ele tem em quem se inspirar para não cometer tantos equívocos que eu cometi. Vlad nunca prometerá e ficará devendo a seu filho uma espingarda de rolha. Entre tantas outras promessas e não cumpridas.

Fá será dessas mães zelosas, educadoras, rígidas, ternas, suaves, carinhosas. Fá será mãe.

Antônio, acho que vou chama-lo de Tom, vem tingir os olhos de seus pais de um brilho intenso e de uma alegria esperada ansiosa e deliberadamente. Quão desejado você tem sido, Tom!

Esta noite, se me permitir sonhos, gostaria de sonhar com Tom. Um dia destes quaisquer que seus pais quiserem ir a um cinema, ao teatro, jantar fora, sei lá e deixa-lo conosco.

Inclusive para dormir em nossa casa.

E Tom me pedirá que lhe conte história, que jogue futebol, que assista à TV, que monte quebra-cabeças. Tom montará em minhas costas e simulará estar sobre um cavalo.

Tom brincará de esconde-esconde. De finca. Construirá suas próprias pipas e manivelas. Jogaremos bentealtas. Brincaremos de toco, polícia e ladrão, rouba-bandeira, pegador de latas.

Tom fará junto comigo seu carrinho de rolimãs e descerá ladeiras escondido de sua mãe e incentivado por mim. Ralará joelhos, cotovelos, sofrerá galos na testa, escoriações nas mãos.

Subirá nas grimpas em pés de manga, jabuticaba, goiaba e, eventualmente, se jogará lá de cima sobre o avô. E dirá que voa como o Super-Homem, com uma toalha azul presa no pescoço simulando a capa do herói.

Tom apostará corrida comigo na piscina e eu vou deixar que ele vença até um dia que eu não conseguir mais vencê-lo.

Exausto dormirá em meus braços e eu lhe afagarei os cabelos, e ele não ouvirá os inúmeros agradecimentos que eu estarei fazendo pelo fato de ter recebido a graça por ele ter vindo.

Quando seus pais passarem para busca-lo, perguntarão:

- E aí, meu filho, foi bom ficar na casa do vovô e da vovó?

- Massa!



Até breve.