domingo, 29 de janeiro de 2017

GASES



Pretinha pegou alguns livrinhos na biblioteca para Liz e Valentin. Entre eles, um destinado à Liz: Até as princesas soltam pum.

- “Sua cara, pai!” Mandou mensagem via WhatsApp, anexando foto da capa do livrinho.

- “Por que você não escreve suas histórias como a do livrinho. Ia fazer o maior sucesso! Genial”!

Pois é.

E o pior, capaz de ela ter razão. Sem particularizar no pum das princesas, a idiotia tem largo espectro de consumo. O que circula na rede e em todos os meios são toneladas de puns.

Youtubers são visualizados por milhões de pessoas centenas de vezes e expandem suas conexões virulentamente. Humor, ironia e idiotia têm limites tênues. Acho que esses ingredientes fazem parte do contemporâneo.

Rir ainda é o melhor remédio.

Especialmente como antídoto a tantas variáveis da realidade insustentável.

Sexta-feira agora brincava com Antônio e ele soltou um pum. Simulei susto e caí no chão. Antônio deu gargalhadas de perder o fôlego. Quis repetir a brincadeira e fez mais força do que seria necessária apenas para fazer o que princesas fazem.

- “Vovô, fiz cocô”! Disse ele, com as mãos nos fundos da cuequinha, um pouco constrangido. Ele está deixando suas fraldas e de quando em vez isto ocorre.

Faz parte da nossa formação e desenvolvimento.

Tudo bem que, durante a campanha, se possa exalar puns de diferentes megatons e alguns até encontrem narizes para serem absorvidos. São odores inerentes ao processo cada vez mais descivilizado da ilusória democracia do decadente Império.

Só que enquanto puns, vá lá. O problema é quando na sequência da buzina veem sólidos. Barrar a entrada de refugiados, de habitantes de determinados países supostamente envenenados com o mal muçulmano, construir fronteiras reais com o país de quem surrupiou uma metade do território em guerra, e outras borradas mais não faz ninguém rir.

Trump me assusta pelo nexo de suas decisões. Sua nervosa caneta baixa aos quilos decretos que criam imponderáveis consequências no curto, médio e longo prazo. A Justiça Americana vai entrar na disenteria e pode ocorrer o inverso do que sempre ocorre.

O Império copie a Colônia. Lá como cá se estabeleça uma crise entre poderes. Só que lá a Constituição tem mais de duzentos anos e, o pior, é letra viva.

E, como se não bastassem puns e sólidos subsequentes lançados para fora de seus vasos jurisdicionais, agora a coisa começa a feder internamente.

Punzão de ontem determinou às forças que elaborassem plano de extermínio de grupos terroristas com cronograma e custos de implementação.

Em dezenas de posts aqui citei pesquisa realizada por consórcio de universidades americanas e europeias, realizada em 165 países, sobre o que mais aterroriza as pessoas. Conclusão da pesquisa: Primeiro, a potencialidade de uma hecatombe nuclear. Segunda, a irreversibilidade da fome. Terceira, a ausência de líderes.

A mim o que mais aterroriza está em terceiro lugar. Príncipes que soltam puns. 



Até breve.

2 comentários:

  1. Isso tb me aterroriza! Nao consigo entender como um líder de um país desse, pós OBAMA, aceita isso. Inacreditável!

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    1. Obrigado pelo comentário. Como se não nos bastassem todos os desafios da atualidade, Trump ainda os amplifica e distorce.

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