quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

QUEDA



Alguns leitores (poucos, felizmente) consideram sérios os textos aqui publicados. Não fosse assim não aconteceria o que eu acabei de constatar. Observei, analisando a estatística dos últimos dias, uma queda no número de acessos ao blog. Ela começou a ocorrer após a publicação do post GONIA onde eu ameaço parar de editar o dasletra.

Reiteradas vezes já disse aqui que nada que escrevo deva ser levado em consideração, uma vez que esta tarefa serve como catarse de um sessentaedoisanos que tem muito pouco a fazer da vida. Portanto, peço ao leitor amigo que tenha ligações com a mídia de preferência global, que avise ao afobado e desgarrado leitor deste blog que foi um blefe e eu continuo editando normalmente como faço há quase três anos.

Muito raramente ocorre como os últimos dois dias que não postei. Segunda-feira eu tive que pegar expediente completo, de 09:00 às 20:00 horas de pajem. Com a greve, Val não conseguiu transporte para chegar à casa de Pretinha e olhar a Noninha. Sobrou pro bobô. Multi-tarefas: fazer dedeiras de suco, vitamina, trocar fraldas, dar banho, fazer dormir, nadar e, sobretudo, aproveitar para enamorar-me ainda mais dos olhos de jabuticaba.

Ontem, de 08 às 20 horas participei de reunião de um Conselho com direito a sanduíches a cada três horas.

Hoje, às sete da manhã, embarquei em um vôo Azul para Vitória. Faço palestra, à noite, para um grupo de quinhentas/seiscentas pessoas no interior do ES. Talvez porque meu horóscopo para hoje contemple: “Devolva ao mundo um pouco do tanto que você recebeu da Vida, a cada momento ofereça seu melhor. Evite se poupar para quando considerar que as pessoas mereçam seu melhor, esse momento pode nunca chegar. Dê seu melhor agora!

Então, vejam, não há nada de sério aqui.

Sério seria se eu falasse de um comentário que o Vlad fez sobre o post VAIMEXÊVAI: “Véio, batendo de realismo fantástico, hein?!” Nem os mais próximos acreditam nas COISA que me acontecem. Encontrando com a mãe é certo que ele pergunte: “Foi mãe?”

Sério seria se eu viesse a dizer que Artur está planejado para chegar via transcesariana na segunda de carnaval. Já nasce moleque o filho de João e Piti. Em minha opinião taí um troço mais do que sério: ter um filho.

Hoje é complicado orçar um filho. Mistura-se custos e despesas de toda sorte, tipo: fraldas, berço, roupas, carrinhos, brinquedos, saúde, educação, lazer, transporte, fica uma baba ter filho. Por isto que rico não os tem. São bons no planejamento.

Só que eu sempre achei os custos financeiros como a questão mais simples, tanto que tivemos logo nossos três. Pedreira é ocupar o lugar de pai, que grana não cobre. Eu mesmo, falando à boca pequena, sempre achei que se tem um cara endividado nesse quesito sou eu.

Há um caso antológico: meus meninos eram pequenos e eu os achaquei de chinelo em punho no corredor do apartamento onde nós morávamos, o olhar grave e as veias do pescoço sobressaltadas. Eles estavam fazendo a maior baderna (sempre foram alegres) e meu saco estourou. Parti prá cima e gritei com eles: “Parem com esta bagunça, agora! Ouçam o silêncio que está no prédio! Vê se tem alguém gritando?” Quando terminei este último grito inquisidor, do andar de cima ouviu-se, mais de uma vez, gritos de uma adolescente chamando pelo irmão:

- Marcelôôôôôô!!!!!!!!!!!!

Pretinha, que sempre me demoliu:

- Viu pai?

Hoje, quando já em Vitória, recebi pelo WhatsApp uma foto que o BÊ (ele está em Maceió) mandou prá Pretinha, com a seguinte legenda: “Lembrei da Valesquinha.”

Sério se eu falasse de amor, e eu nunca fiz isto aqui.




Até breve.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

VAIMEXÊVAI



Eu num disse? Foi ontem mesmo. Prá entender leia primeiro o post anterior.

Sexta-feira, à noite, eu estava na Ilha de Guriri, Município de São Mateus, no Estado do Espírito Santo. Lugar mais do que propício para.

Fui para fazer uma palestra para mais de quinhentas pessoas. Fiquei impressionado com o público, pois depois de quase uma hora e meia de fala todos permaneciam nos seus lugares e extremamente atentos.

Depois vim saber que no início do evento (eu não estava presente) o coordenador disse que se todos ficassem para ouvir toda a palestra e prestassem atenção ganhariam um tíquete para o jantar que seria servido logo em seguida. Sempre achei que o estômago vale mais que o coração e o cérebro.

Depois do jantar, que foi servido no próprio local do evento, voltei para onde me hospedei. Passava das 23h30min quando cheguei à pousada localizada a beira mar. Fui ao apartamento, tomei uma ducha e, depois, para o bar da piscina onde peguei uma dose de escocês (paraguaio).

Eu estava sozinho, a pousada estava praticamente vazia e ali por volta da meia-noite assucedeusse. De onde eu estava avistava o Atlântico majestoso, iluminado pelos cristais da lua imensa e cheia, fazendo com que o tilintar das ondas arremessassem para todo lado sua luz infinita.

Senti um certo zumenestrério nos abdômen e o zumbido do ouvido mudou de frequência. É que de longe vinha um som de boleros de Altemares, Moacires, Waldicks, Neds e outros de abajures lilases que zumbirintavam meus ouvidos com seus bregares dizeres.

Somado ao álcool do malte paraguaio que lubrificara as fibras zumbidóicas do meu ouvido esquerdo, eu fui atomado nas retinas pelas luzes lunares arremessadas em gotas atlânticas.

E então, num que de derrepente meus olhos musqueritaram e eu entrei num transe massa. A COISA se tomou de mim. Do que me lembre foi meio que assim.

Mistérios da meia-noite, urrava de longe Ramalhos. A COISA então me falou em seu latimgregóricosanscritomalaiobelgamandarindícocapixaba que queria de mim saberes.

Eu, sensorialmente com meus neurônios acionados pinealmente e com humildade e prudência adequadas ao momento unsguei:

- Saberes? Logo eu, Dona COISA?

- Siiiimmmm"... Unsgou de lá a Dona Coisa.

- O queres saber, soberana COISA?

- Do ciúúúmeeee...

Fiz, mesmo em transe, como sempre faço: recorri a quem verdadeiramente sabe. Peguei meu IPhone, acessei o Caradetempo, ou para quem não sabe, Face Time e liguei para Ela.

- Bem, você poderia me falar algo sobre o ciúme?

Ela, como sempre, não respondeu a pergunta. Entrou numa de comentar o filme vietnamita que estava revendo no canal Futura, O Cheiro de Papaia Verde. Vinte e poucos minutos depois de concluir toda a lógica do filme Ela me perguntou se eu queria alguma coisa.

A COISA zumbiricava inquieta e impaciente meus músculos cerebrares e eu voltei a indagar:

-  Bem, te perguntei pelo ciúme...

-  Môzinho, depois de quarenta e cinco anos que estamos juntos cê acha que eu tô preocupada com isto? Divirta-se!

A COISA me deu um trequenético que zincrou por toda a minha coluna vertebral até abaixo do cox.

- Mô, cê num tá entendendo eu queria que você me falasse sobre o ciúme... Conceitualmente, entendeu?

- Bom... Os gregos...

- Mô, por favor, vá direto ao ponto, tá bom?... Uma síntese, por favor...

- Mozinho, é por isto que os meninos estão assim tudo agitado.

- Bem???!!!

- Os gregos... Ah, cê quer uma síntese... Basta você olhar as pessoas que convivem conosco, que vêem que a gente transa legal a vida. Fica todo mundo querendo o que a gente tem. Depois que fica próximo da gente fica como que negando aquilo que nós somos, como se quisesse destruir.

Unsguei prá COISA:

- A senhora entendeu, Dona COISA?

- ELA é sempre assim?

A primeira vez que a gente se relaciona com alguém mesmo em uma experiência extra-sensorial convém ter cuidados. Fiquei receoso que Dona COISA usasse os canais facetaimianos e apoderasse d'Ela também. Aí sim, meu fim estaria decretado.

Unsguei:

- Que isso, Dona Coisa, foi só agora.

- Agggooorrraaa qquuueerrro saaaabbberrrr sooobrebre... Clitoris.

Fiquei surpreso porque a Dona COISA não gaguejou a última palavra. Nesse instante, do mar formou-se um grande tubo ondal com a extremidade avermelhada e brilhante, assemelhando-se a um enorme falo e Dona COISA reunsgou:

- Eu queroooooo Clitoris.

Dispuntá!!! Craftisquibum!!! Num grunosmédio eu distransei. Desconectou total e eu voltei aos meus igual de mim. Dona COISA zumbirou-se e o Atlântico continuava suas ondas de cristais lunares.

“Tive uma brochada extra-sensorial?" indaguei-me. Está longe de ser a primeira vez quando em carnes de comuns e com a penial sem zimbilantes lunares.

Virei pro lado e dormi.




Até breve.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

PINEALADA





Eu não sei se está acontecendo com todo mundo. Comigo tem uns tempos prá cá. É que eu se dei conta só agora, num de repente. Foi, na verdade, ontem de noite antes de dormir.

Acho que foi porque assisti uma palestra de um cientista sobre a Glândula Penial, num sei, acho que foi sim. A gente não está de todo preparado para determinadas coisas e se mete a aceitar sugestão de outros prá ver o que interessa a eles. Dá nisso.

Palestra de uma hora e meia sobre a glândula, com slides de imagens tiradas de corpos já falecidos, naturalmente. É o único órgão do corpo humano que tem formato distinto. Cada sujeito tem uma glândula pineal com o formato diferente de outro sujeito.

Você tem uma glândula penial só sua, ninguém tem igual. Cê sabia disso, garanto que não. Pois é, agora sabe e vai se preocupar com ela. Eu não vou explicar nada sobre. Você que se vire para pesquisar na web. Pare de ler blogs como este e use seu tempo para saber de coisas muito mais importantes como a glândula penial.

O cientista a compara com o clitoris  dada a importância da função de um e de outra. O tamanho é minúculo, desprezível, mas a função de ambos cheia de mistérios. Ou não? Da glândula pineal você não sabe, mas do clitoris, hein?

Então, vamos ficar na glândula. Se você quiser dar um tempo e ir lá no Google vá logo e depois volte para nós concluirmos este post. 

Já foi, então esqueça tudo o que leu e preste atenção aqui.

Comigo eu já tinha reparado que algo não ia bem e agora sei que diz respeito a minha glândula pineal. A ciência não descobriu ainda nada que possa ser feito para influir na função do clitoris, desculpe, da glândula pineal. Vai de cada uma, ou melhor, de cada um, homem, mulher e outros como lidar com a coisa.

Estou para concluir que nós somos mais do que sujeito. Acho que nós somos extra-terrestres. Disseram-me, gente abalizada com doutorado, que este zumbido no meu ouvido esquerdo são sinais de seres mais evoluídos que querem entrar em contato direto comigo.

Olha que minha agenda está hiper-disponível. Aguardem os próximos posts. Quem sabe?


Até breve.

PALESTRA:  PALESTRA
 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

ESPERADOIS



Desde domingo surgiram sinais de que a alegria vai nos acometer brevemente. Pretinha começou a sentir algos distintos. Valentin deve estar fazendo seus últimos preparativos para nos chegar.

Foi no domingo também que se concluiu a arrumação do quarto do segundo, com balões, aviões, nuvens e chuvinhas decalcadas na parede.

Liz não saca ou então faz de conta de que nada estará acontecendo de extraordinário em seu espaço. Ontem mesmo deitou-se dentro da banheira nova comprada para o irmãozinho.



Em mim paira um misto de expectativa e de inquietação. Expectativa por razões óbvias e inquietação por saber que aumentará nossa responsabilidade e preocupação.

Os tempos que correm exigem de nós, os progenitores, especial cuidado na tarefa de contribuir na formação dos sujeitos. Infinitas escolhas estão postas às crianças, aos adolescentes, aos jovens e até aos não tão jovens assim.

As ruas, a mídia, as relações sociais, constituem-se como uma concorrência  quase sempre desleal com aqueles que têm, por dever e afeto, a tarefa de orientar e desenvolver os seus mais próximos.

Lá fora correm tempos cada vez mais complexos, de exposição a saberes e experiências absurdamente diferentes daquelas que nós, avós, e mesmo os pais, viveram.

É provável que tenha sido sempre assim. É o conhecido "choque de gerações". Só que está na nossa vez e o meu sentimento, pelo menos, é de que nunca esteve tão crítica a tarefa de educar.

Em um passado recente a disponibilização de informações não era tão franca quanto agora e o educador tinha sempre o poder sobre o saber. Agora a Infernet coloca em celulares todo o conhecimento sobre tudo em todas as áreas, instantaneamente.

O nome Valentin foi escolhido há muito tempo, antes mesmo da concepção de Liz. Pretinha e Claudinho assistiram ao filme que tem como título o nome do neném que nos chegará a qualquer momento.

VALENTIN é a visão encantadora do escritor e diretor argentino Alejandro Agresti sobre o mundo que envolve um precoce garotinho de oito anos de idade. Com pais ausentes e um ambiente familiar conturbado, Valentin é um menino imaginativo, cujo maior sonho é ser uma criança comum, com uma família de verdade. Enquanto tenta consertar as falhas em seu mundo, ele será capaz de trazer alegria, sabedoria, e até mesmo romance aos adultos que o cercam.

O que inspirou à Pretinha e Claudinho para dar nome ao segundo filho deve ser o nosso melhor roteiro para instruir nosso netinho, sob os olhares de uma família de verdade.

Valentin não precisará consertar as falhas de seu mundo.



Até breve.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

LUTO



Lembrei-me do episódio ocorrido em 15 de abril de 2013, quando duas bombas foram explodidas durante a Maratona de Boston e em que morreram três pessoas e feriram mais de 170. Os responsáveis foram dois irmãos nascidos na Chechênia, jovens de 26 e 19 anos, um deles morto por policiais e o outro capturado.

Enquanto eram mostradas as fotos dos suspeitos logo após o atentado as autoridades tinham dificuldade de distingui-los de milhões de outros jovens que foram para os USA para forjar um futuro. Elas se perguntavam como eles podiam ter se tornado terrorista e colocado bombas poderosas entre uma multidão inocente.

Mais tarde, descobertos e identificados, as autoridades concluíram tratar-se de muçulmanos que viveram toda a infância e juventude sob o horror dos conflitos bélicos na Chechênia.

Agora, no Brasil, estes dois meninos de 22 ou 23 anos, quase julgados como terroristas.

Terrível paralelo. Em ambos os casos são jovens que não viveram tempos felizes. Lá, como aqui, o terror é onde se nasce.

Dizer que isto não os isenta de responsabilidade não basta, porque é óbvio. O que não se pode perder de vista, contudo, são as circunstâncias que, em permanecendo, criarão outros e cada vez mais grave.

A Sociedade não pode mais querer punir o criminoso e não tratar das circunstâncias que podem estar fomentando crimes.

O terror é a miséria, o descaso, a desesperança, o abandono, a ignorância, a falta de perspectiva.

O terror é oitenta e cinco pessoas deterem 50% da riqueza mundial.

O terror é a ausência de futuro.

O terror é a fala da esposa do cinegrafista: “Estes meninos não têm amor ao próximo”.

Nosso conformismo tem nos levado aos culpados para não nos fazer tratar das culpas, pois é muito mais fácil. Com a prisão de criminosos repara-se o crime, embora permaneçam as circunstâncias.

A vigilância da mídia, o espaço urbano big brother, facilita a existência da Cidade Alerta. Onde houver um crime, serão flagrados os criminosos, identificados, presos e lançados ao hediondo mundo do nosso equívoco.

O terror é a nossa isenção e por força dela vamos chegar à pena de morte. Da nossa morte porque ninguém estará salvo de um rojão que lhe retire a consciência de sua responsabilidade.

A morte social é o terror.



Até breve.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

VERSAR





Sobre o que conversavam as duas mulheres a beira da piscina ao entardecer do último sábado?

Ainda me intriga e me mobiliza. Que segredos e confidências trocaram? Qual delas ensinou algo que jamais a outra esquecerá?

De onde vem a seiva da femínea? Da ternura necessária conjugada com a firmeza, assim mesmo, revolucionária?

Por que da opção por um olhar mais brando sobre a crueza, mais crédulo para os outros, mais intenso sobre o belo e o singelo?

Por que do afeto singular, o toque leve, o meigo, o doce?

De onde vem desde cedo, na pequetita, o carinho desmedido, aparvalhando o seu narizinho com o de outrem, sem saber ainda do beijo? Este gesto.

Sobre o que conversavam?

Sobre costura, tessitura, tricôs, bordados? Sobre a paz e a ciência por serem elas que "governam"? Ponto a ponto, peça a peça, nó a nó, grão a grão: "familha".

Ou foi de jabutis, cachorros, patos, galinhas, peixes, bois e cavalos, estes seres outros?

Será que falavam de sentimentos, de mal-estares, de paixões, de decepções, de alegrias e tristezas, de esperança?

Ou não foi sobre nada disso, e sim de algo que a alma masculina não alcança?

Jamais a nós, aos homens, será possível saber sobre o que as mulheres fazem versos umas com as outras. A nós só resta beber da poética resultante mesmo que, às vezes, não rime ou desande.

Ainda assim, pura poesis.



Até breve.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

RUA




- Cê viu o cara que atirou no repórter?

- Ele num atirô não, foi busca-pé...

- Que busca-pé nada, foi um rojão...

- É, mas ele num atirô no cara não...

- Pô, mas o cara que vai prá essas parada tá afim é de botar prá fudê...

- Sei não...

- Os cara tão até preso, tão dizendo que eles vão mofar na cadeia.

- Eles ganharam um prá entrar pro trampo...

- Quem te disse?

- Eu ouvi no rádio.

- Quanto?

- Cento e cinquenta conto.

- Quanto?!

- Cê ouviu, cento e cinquenta conto por um dia de fuzuê.

- Num brinca...

- Verdade... Agora eu vou dar um nó e vô tê que ir no hospital...

- A patroa tá lá ainda?

- Ela ficou numa maca lá no corredor...

- Foda... E os guri?

- Ficaram no barraco sozinho.

- Num tem ninguém que olha eles?

- Tinha um irmão dela, mas mataram... Confusão de droga... Eu tenho uma irmã, mas é puta e cachacera... Eu num quero meus fio com ela não...

- Eles num tão em escola não?

- De que jeito?

- Foda... Num posso falar não. Eu tenho um lá também que até foi prá escola no início depois bandeou geral... Tem doze ano, a mãe pena com ele, só qué arruaça...

- Deixo eu ir...

- Vai lá, bicho. Tomara que a patroa melhore...

- Falô, brigado.

- Cê disse que é quanto?

- O quê?

- O trampo.

- Cento e cinquenta conto.



Até breve.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

FERRINHO



- Vovô...

- Oi, Tin...

- Tin???!!!

- É, Tin... Apelido...

- Popará, vovô... Sem apelido...

- Por quê?

- Num gosto.

- Deixa de ser bobo, menino... É carinhoso...

- Eu tenho nome.

- Qual?

- Você sabe.

- Eu quero que você diga, ora.

- Num enche!

- Então vai ficar Tin.

- Só procê.

- Claro, que é só prá mim.

- Então? É bobo.

- Você acha o seu avô bobo?

- Nó e quanto...

- Mesmo, Tin?

- Num vou continuar falando com você...

- Por quê?

- Você fica me chamando de ...

- Tin?

- Eu tenho nome!

- Tin?

- Nããããoooo!!!!

- Qual então?

- Saaacccoooo!!!!

- Eu prefiro Tin.


Até breve.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

ESPELHO



Uma das minhas qualidades que mais gosto é a carência afetiva. O fato de não ter nome próprio, ser Junior, oitavo filho, deixou em mim marcas indeléveis.

Sempre era tratado no diminutivo terminado em zinho, o olhar que recebia vinha com retinas fatigadas manchadas com imagens dos outros sete irmãos, as mãos que me acariciavam estavam já saturadas de tantos afagos nos rebentos anteriores.

Desenvolvi também outro estratagema: a solidão. Sempre me bastei, recolhendo-me para dar conta de minhas descobertas. Isto forjou em mim outra qualidade admirável, a soberba.

Nunca precisei de ninguém e sempre acho que quem está melhor preparado para o que der e vier sou eu, este aqui. Tenho profundo desinteresse em qualquer conversa, os outros me cansam quando falam, falam, falam.

Material para prosseguir não foi outro senão a inteligência a serviço da autonomia e a blindagem. Ninguém me atinge. Olho a cada um como se eu tivesse a estatura de um ex-jogador chinês de vôlei, ou será de basquete?

Estou sempre pronto para não atender a nenhum chamado de ajuda. Qualquer demanda que me tire do meu cotidiano me irrita profundamente e, com isto, remete para outra qualidade ímpar em mim.

O mau humor. Hoje até tenho perdido um pouco, porque passei a tomar um comprimidinho para atenuar meus rompantes. Teve época de eu passar a ideia de que era um teatro, tal a minha performance. Despirocava geral.

A preguiça também tenho, especialmente agora, desenvolvido bem. Quando me convidam para um aniversário ou qualquer outro encontro social num sábado em Belo Horizonte, estando eu em Santa Luzia, minha musculatura sofre torções maiores do que aquelas sentidas nas aulas de pilates.

A falsidade, esta é minha qualidade mais aguçada. Ninguém sabe exatamente sobre os sentimentos que nutro. Para alguns passo a sensação de que os admiro, mas  tanto que nem guardo os nomes, para outros dou especial atenção e digo inclusive: Oi.

Não posso deixar de citar outra qualidade em mim ímpar: a inveja. Fico sem dormir meses, quando tenho notícias do número de acessos em outros blogs. Me pelo de dar dó.

Defeitos não os tenho, pelo menos no quilate das qualidades. Se os tivesse tantos não os colocaria em post. Detesto que me copiem. É por isto que vou continuar escrevendo em blog.

Quem quiser que me siga, ou não.



Até breve.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

GONIA



Já passou da hora deste blog prestar algum serviço a seus leitores. 549 textos depois não é possível que continue em abordagens que não acrescentam nem ao espírito, nem à cultura e muito menos a qualquer aspecto que melhore a vida das pessoas que acessaram esta página.

É verdade que nunca prometi nada a ninguém. Sempre deixei claro que os posts são mais catárticos do que qualquer outra coisa. Mas, no fundo, prá mim está ficando incômodo o fato de eu trazer questionamentos que não são do interesse de ninguém.

Então, resolvi parar.

Eu não mais quero refletir sobre trágicas mortes como esta do cinegrafista da BAND, nem das sérias ameaças feitas ao humorista Fábio Porchat tanto por instituições cristãs como da Polícia Militar.

Não quero mais, também, ficar conjecturando sobre o desfecho histórico da consciência sócio-política da Nação Brasileira que culminou na divisão abissal entre Estado e Sociedade. Entre ambos não há nenhum compromisso cívico, o Estado tem um fim em si mesmo. A Sociedade vive a margem de sua responsabilidade com o que se passa.

Não, eu não quero mais.

Também não julgo mais sensato continuar expondo minha intimidade e meu afeto pelos mais próximos, especialmente Liz e daqui a pouco, Valentin.

Não, eu não posso mais.

Quanto aos meus arroubos ficcionais eles não farão falta.

Vou postar breve o texto de número quinhentos e cinquenta que poderá ser o último. Para tanto, mais uma vez peço aos leitores para que contribuam com sugestões ao blog, deixando na seção COMENTÁRIOS sobre algo que eu possa estar escrevendo que efetivamente contribua.

Senão,


Adeus.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

LIZASOCIAÇÃO



"A escola atual é a escola da vida. Os professores e os pais devem conjugar o pensamento de tal maneira que a criança, em casa, encontre um mestre e, na escola, tenha um pai”. (Fernando Melo Vianna)

Esta semana só foi para adaptação. Não começaram as atividades verdadeiramente pedagógicas. As atividades são mais recreativas e lúdicas do que sistemáticas educativas.

Só que Noninha deixou de ser bebê.

Agora Liz é uma menina com obrigações sociais e as primeiras indicações dão conta que ela as desempenhará com interesse e gosto. Não se importou muito com quem a levou e permaneceu com ela na escolinha. Foi assim tanto com a mamãe quanto com o papai.

Terminado o horário de permanência ela resistiu a deixar a escolinha, sinal de que a adaptação foi concluída e satisfatoriamente.

O que vem com a escola? Regras e conheceres vários. O outro e o espaço para ambos. Modelos, referências, pequenas mazelas, doencinhas, quedas, puxões de cabelos, empurrões, preferências por aqueles ou aquelas. Socialização.

A Diretora nos disse que a escola acolhe até os sete anos, quando a criança sai alfabetizada sabendo inclusive a diferença entre fábula e conto de fadas.

"Os contos de fadas ou contos maravilhosos são uma variação do conto popular ou fábula. Partilham com estes o fato de serem uma narrativa curta cuja história se reproduz a partir de um motivo principal e transmite conhecimento e valores culturais de geração para geração, transmitida oralmente, e onde o herói ou heroína tem de enfrentar grandes obstáculos antes de triunfar contra o mal.
Nos contos, que muitas vezes começam pelo "Era uma vez", para salientar que os temas não se referem apenas ao presente tempo e espaço, o leitor encontra personagens e situações que fazem parte do seu cotidiano e do seu universo individual, com conflitos, medos e sonhos.
A rivalidade de gerações, a convivência de crianças e adultos, as etapas da vida (nascimento, amadurecimento, velhice e morte), bem como sentimentos que fazem parte de cada um (amor, ódio, inveja e amizade) são apresentados para oferecer uma explicação do mundo que nos rodeia e nos permite criar formas de lidar com isso.

Entre os grandes autores, além do irmãos Grimm, encontram-se o francês Charles Perrault, que deu vida à Chapeuzinho Vermelho, Bela Adormecida, Pequeno Polegar e Gato de Botas; Andersen, que nos presenteou com a história do Patinho Feio; Gabrielle-Suzanne Barbot, a Dama de Villeneuvee com a Bela e a Fera e Charles Dickens, com o Conto de Natal e a história de Oliver Twist. No Brasil, a maior conquista foi Monteiro Lobato, cuja a obra ainda hoje serve de base ao início literário de muitas crianças.

Caracteristicamente os contos envolvem algum tipo de magia, metamorfose ou encantamento, e apesar do nome, animais falantes são muito mais comuns neles do que as fadas propriamente ditas. Alguns exemplos: "Rapunzel", "Branca de Neve e os Sete Anões" e "A Bela e a Fera".

As fábulas (do Latim fabula, significando "história, jogo, narrativa", literalmente "o que é dito") são uma aglomeração de composições literárias em que os personagens são animais que apresentam características humanas, tais como a fala, os costumes, etc. Estas histórias terminam com um ensinamento moral de caráter instrutivo. É um gênero muito versátil, pois permite diversas maneiras de se abordar determinado assunto. (Wikipédia)

Pois é, daqui a pouquinho, Liz entrará para o Mundo.

Real.





Até breve.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

ENDOS



Todo mundo não quer saber por que a Presidenta estava tão irritada ao celular em imagens flagradas por cinegrafista da Globo na noite da última terça-feira no Palácio do Planalto?

Pois bem, eu conto.

Eu discuti muito com seus assessores e eles me disseram que a Presidenta ficaria revoltadíssima com mais uma revelação que eu tenho a fazer. Ela, através deles, me pedia que deixasse passar as eleições e só então eu comunicasse à Nação.

“Não!”, fiquei irredutível.

Todos saberão e agora. Não há mais nenhum podre que ocre no Reino da Dilmamarca. Tudo se escancara e de tal monta que mais a minha revelação não colaborará em nada com o chamaçal de perengueletes.

Esse último agora: o fugido foi encontrado nas itálias com a identidade do irmão que morreu há mais de trinta anos. Antes de escafedesse do Brasil o isperto tirou todos os documentos, inclusive Título de Eleitor, no nome do mano que está a sete palmos.

Eu quereria muito ver a Inscrição Biométrica do parceiro. A revelação da inscrição podálica do asno deveria sair acizentada, em cinzas, ou gosmenta face aos vermes.

Como não há ninguém que se preocupe com o que se passa, como na época dos idos dos anos sessenta, setenta e meados de oitenta, nada que se revele causa. “Duzentos milhões em ação, salve a seleção”.

Eu não, já naquela época fuçava. E como agora, sem muito. Mas o pouco que tenho ponho a boca no trombone. Meu alcance vai até as américas, europas,  arábias, chinas, malásias, bioleos, coisas e tal. É pouco, mais hoje é web.

Ontem assisti a parte de um filme que retrata o início da Segunda Grande Guerra, quando o Marechal Petain da França pede Armístício. Alguns civis se rebelam e sai à cata de ações que irão culminar na formação da Resistência Francesa, peça chave nos acontecimentos do grande conflito.

Só que não consegui assistir ao filme todo e acho que sei por quê. Estou fazendo exames preliminares para o meu Check-Up anual e hoje cedo faço uma Endoscopia Digestiva.

É que uma das queixas, talvez a única, que levei à minha médica, é de que há muito tenho sentido queimação estomacal, apresentado aftas e a boca quase sempre permanece seca.

Portanto, o Brasil, e parte do mundo onde alcanço via web, precisa saber: com tudo que se passa, meu estômago está em ruínas.

Eu disse que era pouco, mas é o que me sobra.



Até breve.