quarta-feira, 8 de outubro de 2014

CAMINHOS



A cidade Estado deve muito à LEE KUAN YEW por, após a libertação dos ingleses em 1959, Cingapura ter experimentado um dos mais expressivos processos de desenvolvimento econômico e social havidos no mundo nas últimas décadas.

Kuan governou, como Primeiro Ministro, de 1959 a 1990. Quando assumiu o país tinha uma renda per capta anual de US$500,00. Depois dele e por sua inspiração (ele está com 91 anos), dois outros ministros administraram Cingapura com a conduta de executivos de uma corporação.

O atual Primeiro Ministro é Ph.D. em Matemática laureado em Oxford. Todos os funcionários do governo são altamente qualificados e avaliados com os mais sofisticados processados utilizados pelas empresas privadas.

As crianças são monitoradas desde cedo nas escolas. Os melhores alunos são selecionados e, quando jovens, são enviados a diferentes das melhores universidades do mundo para concluírem sua formação acadêmica com a condição de que, quando voltarem, prestarem serviços ao governo pelo período de seis anos.

O PIB anual de Cingapura é de US$300 bi e tem reservas de duas vezes este valor, ou seja, US$600 bilhões.

A população de 5,5 milhões de pessoas ocupa uma área total de 700 km² sendo que 250 km² foram conquistados pelo aterramento do mar.

90% das moradias são verticais para 80% de pessoas que pertencem à classe média, 15% de muito ricos (acima de sete dígitos) e 5% de pobres que dependem diretamente da assistência do estado. Para os últimos o governo constrói apartamentos e os aluga por o equivalente em dólares a US$20,00 por mês. Em todos os condomínios de apartamentos o segundo piso é reservado para os programas de apoio sociais, especialmente destinados aos idosos.

O governo monitora o crescimento da cidade e leis determinam que hajam cotas de terreno para pessoas das diferentes condições sociais. Assim tem prédios com apartamentos cuja garage leva os carros (Ferraris) diretamente para o apartamento e condomínios de pessoas menos favorecidas.

Da mesma forma, na região do hotel em que nos hospedamos, há shoppings e lojas de departamento com as melhores grifes do mundo e o outro lado da avenida um shopping que aos domingos reúne milhares de consumidores da classe trabalhadora.

A educação é obrigatória e integralmente custeada pelo estado. As crianças estudam desde cedo o Inglês (língua mais falada) e o idioma de origem da família.

Até US$30 mil anuais o cidadão não é tributado pelo Imposto de Renda e a maior alíquota é de 20%.

A cidade é toda arborizada, flores debruçam-se sobre pontes e viadutos, as vias são pavimentadas com índice de desconforto zero. Junto às obras do Metrô estão sendo construídos milhares de quilômetros de canais com sessenta metros de profundidade para servirem de escoamento da água pluvial (a cidade está ao nível do mar). Parte desta água é reservada para uso industrial.

O Metrô de 150 km de extensão faz parte do programa do governo de incentivo à não utilização de automóveis. Junto ao tabaco e ao álcool, o automóvel (300%), é que recebem a maior alíquota de tributação.

A cidade é hipersegura com a média de onze assassinatos anuais, a maioria deles por motivos passionais.

Cinquenta por cento da economia está baseada no setor de Serviços, 25% na Indústria com predominância de produtos de alta e nanotecnologia. Cingapura é hoje a quarta cidade no mundo que mais opera movimentações do mercado financeiro internacional (US$1,3 trilhões), ficando atrás de Londres, Nova Iorque e Tóquio. Não há nenhuma restrição ou controle da entrada e saída de divisas do país e nenhum tipo de tributação.

Tudo é business em Cingapura. O próprio estado é um estado-empresário, cujo parlamento é formado por 84 deputados avaliados por projetos propostos e implantados que impliquem na maximização do desenvolvimento do país. A maior empresa de engenharia de plataformas de petróleo, a Keppel Fels, pertence ao estado e empreende projetos a partir de US$20 milhões.

Cingapura por tudo isto, ou por muito mais, é uma cidade exuberante. Seus acentuados cuidados ambientais com a profusão de jardins e verdes lhe conferiram o nome de “Cidade Jardim da Ásia”.

O Jardim Botânico inaugurado em 1859 ocupa 63 mil metros quadrados e aguarda aprovação da UNESCO para se tornar Patrimônio Cultural da Humanidade. Há nele, por exemplo, mais de sete mil variedades de orquídeas.

Outro acervo ambiental surpreendente e igualmente fascinante é a The Cloud Forest do Gardens by the bay com suas estufas gigantescas, uma das quais com uma cascata de trinta e sete metros de altura. Quando nos preparávamos para ir visita-lo nossa guia usou uma palavra: INDESCRITÍVEL.

À noite a cidade é um esplendor. Assistimos aos shows de música e luzes na baía e no pátio do Gardens by the bay. INDESCRITÍVEIS.

Este blog está longe de ser um guia turístico ou uma base de dados confiáveis colhidos no afogadilho de turbulentos e rasantes passeios pelos lugares visitados. Os posts aqui editados não ultrapassam a ideia de à partir dos registros oportunizar uma reflexão ao autor e aos leitores interessados.

Durante todo o tempo em Cingapura estive pensando nos US$1,3 trilhões de especulativos no mercado internacional, absolutamente sem nenhum controle de bandeiras e, em paralelo, com o vídeo que assistimos no Gardens by the Bay sobre a evolução do aquecimento global face ao desenvolvimento desordenado e insustentável.

A beleza salvará o mundo?





Gardens by the \Bay, ao fundo o Marina Bay Sans







 Flor de Lótus





Até breve. 

3 comentários:

  1. Aí vemos como o Brasil está mal...

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  2. E, por aqui, 2 candidatos que não estão a altura de fazer mudanças significativas... Lamentável!

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  3. Maravilhoso! Que espetáculo! E que lugar para morar...

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