quinta-feira, 8 de maio de 2014

SEMCENTOS



Recolhimento, a palavra que deveria intitular este post. Depois desta edição é o desejo que me move.

Escrevi no post véspera do número 100:PORTA

“Alguém parte à porta. Outro mais, outra ainda, e tantos outros, até simultaneamente, batem à porta. Vindos infovia de diferentes lugares, até dos USA, da Itália, do Reino Unido, da Austrália, da Letônia, da China, da Rússia, do Canadá, da Alemanha. Vários batem à porta e todos os dias, mesmo eu não estando aqui. Sei por que a tecnologia permite vigilância ininterrupta e permanente. Nunca sei exatamente quem, mas sei que veem, são mais do que eu poderia supor e batem à porta.

Você bate à porta.

Todos em busca de palavras. Das minhas palavras. E eu nem sempre as tenho. Mesmo assim, todos os dias, ainda que eu não estivesse, batem a porta e entram e acessam meus escaninhos onde estão palavras”.

Escrevi no post de número 300: NOVENTA

 “Penso que tenho primado pela instabilidade de tema, estilo, profundidade e estética nos textos. Acho que os textos iniciais eram mais densos, orientados pelas minhas lembranças que chamei ruminessências.

Fiquei muito feliz com a produção de alguns, especialmente aqueles que trataram dos meus sentimentos às vésperas de meus sessenta anos, os diálogos prováveis com Liz, minhas inquietações políticas e meu olhar para o cotidiano. Em especial, também, algumas incursões para opinar sobre livros e filmes”.

Escrevi ás vésperas de editar o 400º post: CANTADA

“Embora não tenha de todo abandonado a minha atividade consultiva, o que me melhora o tempo vivido é isto que estou fazendo aqui e agora. Diariamente, quando saio para minha caminhada matinal vou me dando os tratos às bolas.

Penso.

As preliminares são deliciosas, porque me remetem ao mistério do que será o todo do ato e por que trilhas percorrerei o corpo do texto objeto de meu desejo. Avanço quase sempre sobre o conhecido, mas sempre inacabado e inexplicável gozo. Quando afinal me debruço e assumo a ação e supostamente dou à ela um até breve, em itálicos negritos, sinto-me integralmente bem.
Assim me coloco no inscrever-me. É pura sexualidade. Meu tesão se aflora e de tal sorte que meus dedos percorrem teclas do computador como entidades fálicas que procuram letras que juntadas levem, quando lidas, a estímulos para extasiarem no prazer do ato.

A escrita é, em si, uma amante inesgotável, exigente e, ao mesmo tempo, hipersedutora. Padeço de uma inveterável paixão”.

Há muito pouco tempo atrás, no post de número 550, escrevi: GONIA

“Já passou da hora deste blog prestar algum serviço a seus leitores. 549 textos depois não é possível que continue em abordagens que não acrescentam nem ao espírito, nem à cultura e muito menos a qualquer aspecto que melhore a vida das pessoas que acessaram esta página.

É verdade que nunca prometi nada a ninguém. Sempre deixei claro que os posts são mais catárticos do que qualquer outra coisa. Mas, no fundo, prá mim está ficando incômodo o fato de eu trazer questionamentos que não são do interesse de ninguém”.

Foram assim estes três anos, completos hoje, da edição do dasletra com a publicação deste post que é o de número 600.

Quero agora descansar um pouco, a mim e, suponho, aos meus queridos leitores.

Quero me distanciar de reflexões como a provocada por Thomas Piketty um jovem economista francês cujo livro O Capital no Século XXI é um best-seller internacional e está apavorando muita gente: “A continuar assim, a história do capitalismo no século 21 será a do crescente confronto com a desigualdade e com a revolta que ela, cedo ou tarde, mas fatalmente, provocará”.

Claro, meu caro Piketty, todos sabemos que se o caminho errado continua o mesmo é porque interessa economicamente e politicamente a quem tem o poder, e não quer distribuí-lo como se distribui renda. É um caminho para o desastre conscientemente assumido.

Falando em livro não abandonei a ideia do Post a Prova. Ela está viva e a caminho. Só não sei se como idealizado originalmente.

Quanto à Oslo, talvez mude de destino. Pelo menos no curto prazo. As memórias do último quarto de vida de Charlie Chaplin se mantém às margens do lago de Genebra, em uma mansão onde o cineasta levou uma vida familiar normal e fugiu da fama mundial.

Agora, depois de quatorze anos de planejamento, a família e os seguidores de Chaplin estão prontos para converter a residência em um museu para preservar essas memórias e apresentar o ícone do cinema do começo do Século XX às novas gerações.

Vou me programar para estar lá em 2016.

Muito obrigado a todos que compartilharam comigo minhas idiossincrasias, meus delírios, inquietações, angústias, alegrias.

Muito obrigado, mesmo!



Até o retorno. 

4 comentários:

  1. Parabéns! Que vc continue escrevendo e nos fazendo refletir! Adoro seus textos!

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  2. Caro Agulhô,

    Reflexões suas que levam a reflexões nossas são fantásticas. Ainda que não tenha nada a ver uma com a outra.

    A rede é carente disso. Alias, abundante, mas pobre. O uso estratégico dela, aumentaria os pedintes que batem a porta.

    Instigar alguém a refletir é uma Dádiva.

    Parabéns.

    Da minha parte espero que, seja no ritmo que for e sempre.

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