quarta-feira, 17 de abril de 2013

PENALTE



Não me parece que Boston deva ser debitado à fanáticos religiosos ou à ideólogos terroristas. Arriscando-me a emitir opinião sem estar suficientemente aparelhado para tal, o que me parece é que as evidências colhidas nas primeiras horas não dão este glamour macabro ao atentado.

De qualquer modo abordo o tema acreditando que, pelas características dos artefatos usados, não devam ter sido preparados por profissionais internacionais do Terror de Estado e/ou de Seitas extremadas.

Esferas, pregos e outros elementos foram usados na fabricação das bombas, quase caseiras, que explodiram muito próximo uma da outra, inclusive no tempo, 15 segundos.

Suponho ser ação individual ou de indivíduos, sequer de um grupo estruturado e que mereça maior destaque pelas causas que o(s) levou (aram) ao ato. Reside aqui, entretanto, o nosso maior perigo.

A moda pegue para os americanos. Tudo lá ocorre pelo signo da repetição, daí o receio com as próximas maratonas. O problema pode ser que nem sejam os mesmos autores de Boston e nem pelas mesmas causas, mas que os atos se repitam como há vários anos se sucedem assassinatos insanos em escolas, quando um único atirador ceifou a vida de dezenas de pessoas, especialmente crianças.

O que, guardadas as devidas proporções e circunstâncias, também ocorre aqui, cada dia mais próximo a cada um de nós. Apenas para citar dois últimos atentados à sociedade: um rapaz de 21 anos assassinou friamente em um único dia, com tiros na nuca, na cidade de Livramento a três taxistas e, no dia seguinte em Porto Alegre, a outros três taxistas auferindo R$870,00 como produto dos latrocínios. Motivo: ele tinha certeza que não seria pego pela polícia e precisava pagar o aluguel de R$1.250,00 que estava atrasado. O outro episódio o de um rapaz menor, a um dia de completar a maioridade, que assassinou friamente um jovem estudante para lhe roubar um celular.

Este último caso do cotidiano urbano nacional levou ao Governador de São Paulo a usar os holofotes e ir à Brasília levando petição formal para reduzir de dezoito para dezesseis anos a idade penal.

Quero somar com o Governador em sua tese. Devemos sim reduzir a idade penal para que possamos ficar imunes a crimes semelhantes. Discordo apenas que a redução da pena se limite a dezesseis anos de idade do infrator.

Proponho que toda criança que nasça sobre condições adversas ao desenvolvimento de uma vida livre, saudável e segura deva, logo que receber sua Certidão de Nascimento, ser condenada à prisão perpetua. Não devemos correr o risco do aleatório.

Vamos sentenciar a todas as crianças que nasçam sob condições que, fatalmente, as levarão como alternativa ao crime. Assim, condenadas à prisão perpetua estarão sob os encargos da Sociedade e do Estado.

Portanto, à Sociedade e ao Estado se imputará a responsabilidade por prover aos condenados: creches, alimentação, pedagogia, convívio social, entretenimento, lazer, cultura, arte, educação e perspectiva para que, quem sabe na idade adulta, possam ser comutadas as suas penas a uma prisão mais tênue, aquela que lhes darão a noção objetiva e clara dos direitos e deveres enquanto cidadãos.

Não vou à Brasília porque sei que não encontrarei ninguém. Nem clamo à Sociedade, porque estamos todos muito ocupados com nossos mais caros e imediatos problemas. À Sociedade não interessa a causa e o Estado não tem recursos disponíveis para reconstruir moral e civicamente o país.

Nós todos sabemos dos pormenores disto tudo, somente esperamos que as bombas não estejam na nossa reta de chegada.

À minha tese sobre as características que constituem a nova era além de explícita, efêmera e banal, incluirei hedionda.


Até breve.

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