terça-feira, 23 de abril de 2013

VIVERE



Foi sim e tanto que até agora eu estou embriagado. Deixar o capital e ir ao interior, neste final de semana, está sendo muito mais do que dilapidar as horas. Tem um gosto de sentido, de descoberta, de prazer exalando das veias.

Meus primos religaram-me com minhas melhores lembranças, aquelas da infância distante passada em Santa Teresa, ou na casa de meu avô na Rua Monte Carmelo na Floresta ou, ainda, na casa de uma prima Vina (pintora de grosso calibre) onde nos encontrávamos todos para criançar.

A casa dessa prima ficava na Rua Silva Jardim, também na Floresta, para onde depois que me buscavam no Grupo Escolar Barão de Macaúbas, minhas irmãs me levavam todo cagado, com tudo escorrendo pelas pernas. Num sei, só sei que foi assim, como diria o Xicó.

As inúmeras manhãs e tardes com uma pancada de primos e primas fazendo nossos cantares e dizeres, brincadeiras de toda época, confidências de descobertas, travessuras e artes de um tanto.

Agora em Azurita, a convivência estreita com um dos ícones da minha adolescência, Márcio Greyck bonito de dar dó na época, agora sessentão quanto eu, então só mais experiente com seus olhos de mares do Caribe, ou seus cabelos esbranquiçados dormindo sobre seus costais. A madrugada fria foi testemunha dele, já sem toda a sua voz, deixar conosco a sua inédita canção SOLIDÃO, acompanhada pela divindade de Ju na flauta e a soberba de Flávio no violão.

Ou o papo, próximo da despedida, com Celso Adolfo, um cabeça que disse que a canção não acabou como quer Chico Buarque, que tudo só melhorou de nossa época para cá. Mais do que otimismo poesia em tudo o que ele traz. Diz que, criança, bebeu música de rádio quando à noite seu pai ligava o aparelho que servia para testar termômetro, e ele ouvia, extasiado, a abertura de Carlos Gomes no programa A Hora do Brasil.

Teve ainda o domingo pela manhã quando retornamos à fazenda de Marcelo e ali li sobre lágrimas minhas e de mais tantos o post que iria editar no início da noite. Chiquinho, logo que terminei a leitura, me arrancou das mãos as folhas de papel rascunhadas e disse que as confiscaria para sempre.

Prosa, prosa, prosa e poesia. Lembranças de um tempo completamente diferente do que se passa. Histórias de parentes próximos e distantes. Promessas inúmeras de retomar nossa convivência. Márcio me convida para assistir com ele e Chiquinho as finais da Champions. Maurinho me convida para estar na Vila Paquita, onde ele mora depois que se aposentou. Paquita, sua mãe era irmã de meu pai, nasceu também na Argentina e agora quando me recordo dela minha garganta se fecha. Maria Lúcia me convida para as tardes das quartas-feiras em sua casa, quando, eu suponho, ela reedita Vina.

Boa parte de tudo gravei no IPhone. Todo o show, todos os melhores instantes da madrugada na fazenda de Marcelo, inclusive Márcio Greyck em sua Solidão. Pensava em editar alguns trechos no post que publicaria na tarde de domingo (INTERIORE).

Quando me preparava para transferir os filmes para o IPad me enganei e acabei perdendo todos os registros, tanto no IPad quanto no IPhone. Doeu só na hora.

Vou morrer com tudo na veia.


Até breve.

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