terça-feira, 24 de abril de 2012

HÁBITOS



Na verdade a coisa não aconteceu bem assim. A história relatada por Pedri dá conta de que quem primeiro teve a idéia foram aqueles que procuravam esconderijo dos coletores de impostos e isso nos idos do século II. Isso mesmo século dois. Pode ser uma boa idéia, mas eu não recomendo a alguém fazê-lo nos dias que correm.

Visitamos hoje uma cidade subterrânea que em 1965 foi transformada em Museu e, em 1985,Patrimônio da Humanidade.

A Capadócia é uma região que se distribui em duzentos quilômetros de perímetro com densidades mais expressivas dessas cidades subterrâneas mais ao centro. Foram catalogadas trinta e seis cidades e mais de cem túneis de intercomunicação entre as mesmas. Estes túneis serviam também para desorientar os inimigos. Construídos com altura baixa, largura estreita e diferentes pontos de estrangulamento para evitar a invasão em massa dos inimigos.

Acima das cidades, na parte externa, eram construídos os cemitérios. Ninguém poderia imaginar que pessoas vivessem abaixo de seus mortos.

Cozinhar somente à noite para que o inimigo não fosse capaz de perceber a fumaça que saía dos fornos e exalava por diferentes pontos.

Pedri nos disse que os cristãos da época eram extremamente conservadores. Faziam duas refeições diárias e tomavam banho uma única vez por ano.  Lembrei-me das queixas de minha mãe e hoje eu não entendo porque ela reclamava tanto de meu pai se ele tomava banho todos os sábados, portanto uma vez por semana. Meu pai nunca foi mesmo um bom cristão.

Visitamos também igrejas, algumas construídas no século X, restauradas recentemente. Pareceu-me o ponto mais alto do passeio até aqui. É mesmo inestimável a contribuição da igreja, inclusive a ortodoxa, para as artes. Nos templos subterrâneos encontramos afrescos interessantíssimos e com muito rigor estético, simetria e cor.

Pudemos ter uma visão bem ampla da vastidão da área já que fizemos um vôo de balão pelas redondezas e o equipamento nos aproximava bastante das edificações. Gostei do documento que me pediram para assinar onde declarei: que gozo bem de saúde física e mental, que não faço uso de álcool, que estava de acordo em seguir as instruções do piloto e que eu não estava interessado em suicidar-me, entre outros.

No final do dia Pedri nos levou a olarias, tapeçarias e joalherias artesanatos e indústrias típicas da região. Nada diferente dos patrícios da Santos Dumont, da Caetés, da Paraná, da Rio de Janeiro e adjacências. Cá como aí os bichos são muito espertos a ponto de terem aprendido o português rapidamente face ao incremento do turismo brasileiro.

O preço começa com 100, mas como eu sou o melhor cliente que já passou pela Capadócia ele vai fazer por 83, o governo turco subvenciona e cai para 75, ele está disposto a pagar os 6,5% que está sabendo que o Brasil está cobrando por compras no exterior, cai para 69, faz em cinco vezes no Visa e no Mastercard, põe o produto dentro de minha casa sem ônus de frete, taxas de importação. Eu ofereço 50 para não levar. Ele diz que vai chamar o dono do loja que chega dizendo em inglês que não fala português. Eu digo que topo levar por quarenta, mas que o rapaz que está me atendendo não quer fazer a venda. Salseiro geral.

É que eu vim aqui para levar outras coisas.


Eu volto.


2 comentários:

  1. Hummm...passeio de BALÃO.. ver tudo de cima e distante.. refletir.. rever.. voar em pensamentos.. deve ser uma experiencia unica!!!!!

    ResponderExcluir
  2. Mas vc não comprou nenhum relógio né?!

    ResponderExcluir