sexta-feira, 29 de julho de 2011

BEATRIZ

Estive hoje em Goiás, em uma cidade próxima à Goiânia, à convite de uma Cooperativa Agropecuária. A cooperativa, que está completando seu quadragésimo ano de existência, faz anualmente um encontro que envolve representantes de todos os segmentos do agronegócio.
Minha contribuição foi a de refletir com os participantes sobre a importância da comunhão de interesses entre os envolvidos sejam bancos de fomento, empresas multinacionais, pequenos, médios e grandes produtores, cooperativas, sindicatos, enfim, todas as instituições, empresas e poder público que exercem influência no setor.
Sempre que posso, chego antes. E lá eu pude. Como viajei na quinta à noite, logo cedo fui para o local do evento. Visitei os estandes dispostos ao longo do salão próximo ao auditório onde foram realizadas as palestras para as mais de duzentas e cinqüenta pessoas que compareceram ao encontro.
Entre os estandes nos quais foram disponibilizados um largo volume de publicações diversas sobre crédito rural, produtos, equipamentos, alimentação animal, mecanismos para aumento da produtividade agrícola e assemelhados me encantei mesmo foi com um estande da escola patrocinada por uma das cooperativas participantes. Dispostas sobre a mesa várias publicações muito simples com coletâneas de dissertações e desenhos dos alunos da escola sobre a questão do meio ambiente, um dos temas centrais do encontro. Eu estava entretido folheando uma das publicações, quando alguém cutucou o meu braço:
- ‘O senhor se interessa pelo assunto?’
Tive dificuldade em responder.
- ‘Esse é um assunto muito importante para as nossas vidas. A nossa escola tem feito muitas atividades para nós termos muito mais cuidado com a natureza... ’
- ‘Ãh...’
A pessoa que havia cutucado o meu braço para perguntar se eu me interessava pelo assunto teve o cuidado de discorrer sobre cada uma das publicações, explicando detalhadamente pormenores de cada uma delas.
Mais tarde, já na plenária, fui convidado para proferir minha palestra. Propus ao grupo, como reflexão, que a questão da aliança passa por duas letras. Dependendo da escolha da letra pode-se mudar todo o processo em que os envolvidos na aliança estão amargando resultados adversos. Explico: a primeira palavra é SOLI_ÁRIO. Se usarmos o T nos leva a uma conduta e se usarmos o D a outra. A outra letra a ser escolhida está entre o N ou o D. Ninguém sai de casa sem querer ser melhor, ganhar mais, ter mais. Quer crescer. A escolha de N ou D está no objetivo: CRESCIMENTO  _O SETOR.
Formulei aí toda a minha conversa que durou perto de duas horas. Se a conduta for SOLITÁRIA para a obtenção de CRESCIMENTO NO SETOR há intenção predatória. Se a conduta for SOLIDÁRIA para a obtenção de CRESCIMENTO DO SETOR há intenção de desenvolvimento.

Ocorre que, na introdução da minha palestra provoquei o grupo a partir de uma convicção: chega de conhecimento desvinculado de uma prática. Tenho o maior respeito pela palavra Sustentabilidade, esse “novo” conhecimento, mas propus que o quê essencialmente sabemos já nos deveria ser suficiente para orientar a nossa conduta. Lembrei Beto Guedes: ‘a lição sabemos de cor, só nos resta apreender’.
Disse então ao grupo que havia conhecido naquele dia uma pessoa que sabia do que é verdadeiramente importante saber para que se aja com visão de conseqüência. Pedi licença ao público e que chamassem a pessoa que estava no estande da escola, do lado de fora do auditório.
A pessoa que havia cutucado o meu braço pela manhã para perguntar se eu me interessava pelo assunto do meio ambiente entrou na sala. Colocou-se à frente de mais de duzentos e cinqüenta adultos e disse, em uma gramática irretocável e uma paixão comovente pelo tema, aquilo que todos sabemos, mas nem sempre queremos apreender.
Dá-lhes, Beatriz!!!





Beatriz, quarta série, no alto de seus nove anos de idade.


Abaixo, escrita por ela e publicada em uma das coletâneas expostas, a paródia da música A PRAÇA de Ronnie Von
Até breve.

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