quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

TÁCULO



Trouxemos tudo de volta. Também já passavam das duas da manhã e ninguém mais faria uso daqueles apetrechos. Tolos.

Muitos de todo não eram, alguns apenas. Tolos. Sabem daquelas fantasias toscas, sobrando Idade Média e com penachos em demasia? Coloridos rotos e cheirando a armários. 

Houve uma época em que se brincava, era assim que se dizia, fantasiando de odalisca e Sheik, marinheiro, homem de mulher e mulher de homem menos, mas todo mundo saía de algo. Qualquer.

Só que nessa não tinha nada a ver com Momo. A coisa era outra. Uma encenação, tipo platéia restrita, somente convidados. Não se comemorava nada e nem era um evento assim tipo confraternização corporativa.

Em cena mesmo eram só cinco, dois homens, três mulheres e um ser hemarfrodita. Agora na retaguarda prá mais de quinze se empenharam para botar de pé, literalmente.

A platéia se formou muito rápido, todos chegando muito mais cedo do que se supunha, tomando assentos e sem muito alarido. Só de perguntas uns aos outros do que rolaria ali.

- "Eu vim porque não tinha nada prá fazer, mas não tenho a menor idéia do que seja".

- "Eu quero prestigiar o Zeca, ele quem mandou o convite".

- "Ele te falou algo."

- "Nada."

Souberam que havia terminado, quando os cinco deixaram à frente de onde se alojaram todos da platéia. Ninguém entendeu muito bem nenhuma parte do espetáculo (?).

- "Pô, hein"?

Depois um dos cinco voltou e disse: - "Seguinte: essa parada continua amanhã... Podemos contar com todos"?

- "Mas não entendemos nada".

- "Amanhã..."

- "Se você não der uma dica eu não volto..."

- "Amanhã..."

Não se sabe bem porque, mas a galera permaneceu na platéia se falando até mais de duas horas depois que havia terminado a coisa. Os cinco já haviam ido embora. Entre os quinze da retaguarda nós ajudávamos a entulhar cenário.

No dia seguinte não apareceu ninguém. Os cinco deram continuidade ao espetáculo (?) mesmo sem ter. Terminado, sobrou para nós recolher alguns apetrechos. Tolos.


Vocês.

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