quinta-feira, 9 de maio de 2013

MOAGEM



Estou na sala de embarque do aeroporto de Guarulhos – SP voltando para casa depois de dois dias inteiros de seminário com executivos de uma empresa de energia.

Sinto-me exausto e feliz na mesma intensidade. Exausto porque dois dias em pé circulando por uma sala na presença de 32 homens de elevado padrão cultural e demandas tanto práticas como conceituais ligadas à estratégia e gestão consomem bastante.

Feliz porque, sempre que um seminário destes termina e na perspectiva que eu havia traçado, sinto grata satisfação por ter deixado minha modesta contribuição para que sujeitos do trabalho repensem as suas vidas.

Não foi diferente, nestes dois dias, de tantos e tantos outros já realizados ao longo da minha militância consultiva.  Porque trago isto agora a post? Porque havia algum tempo que eu já não me ocupava de trabalhos desta natureza. Minha agenda, hoje bem mais leve e restrita, tem me demandado para reuniões de cúpulas, para tratar de questões relacionadas a políticas e decisões estratégicas das organizações clientes.

Voltar a esta atividade me enriqueceu o espírito e atualizou meu repertório para as queixas e questões da atualidade.  Não há muito de novo, exceto que a boa maioria delas está mais aguda no que tange ao tempo que os indivíduos estão aplicados em suas responsabilidades executivas.

A jornada de trabalho ainda se amplia, ultrapassa o que se deveria considerar razoável. Agravada pelos extraordinários recursos da tecnologia os indivíduos são plugados 14, 16, 20 horas diárias, alguns de segunda a domingo. Como se não bastasse começam a aceitar que esta atualidade se deve ao fato da empresa operar 24 horas ininterruptas todos os dias do ano. Portanto, é assim mesmo.

Intensidade de jornada, instabilidade nos processos e métodos de trabalho, enxugamento de recursos em níveis preocupantes, tensão por performance, relações tendentes a conflitos incontornáveis além, de para alguns, solidão de poder, são ingredientes para a combustão do mundo corporativo contemporâneo.

Claro que estou sendo quase piegas, primário, superficial e óbvio nestas constatações pós escuta no referido seminário. Claro que todos já temos presente isto de longa data. Claro que a tendência, também sabemos, é de agravamento.

Claro também que não há nada a fazer a respeito. Claro também que a cada dia incorpore ainda mais à paisagem.

Ontem, quando desembarquei liguei meu IPhone e acessei mensagem de Pretinha no WhatsApp. Ela deixou uma foto e uma mensagem como se endereçada por Noninha: “Bom dia, vovô. Primeira vez que quando acordo e levanto sozinha no berço”.

Em algum estágio da vida, as criaturas ainda se desenvolvem.



Até breve. 

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