quarta-feira, 18 de maio de 2011

FAMÍLIA


Tem gente imaginando, lendo os comentários postados, que eu entrei na rede só para receber aplausos e elogios da família e dos amigos. Especialmente dos filhos. Logo eu, que sou o sujeito mais humilde do mundo? Isso são invencionisses...

Por isso lembrei-me do Cortela, por quem tenho o maior respeito, (vamos estar juntos de sexta a domingo num evento no Guarujá-SP sobre Governança e Gestão). Cortela pensando sobre a expressão de cada um de nós seres humanos no contexto do UNIverso, que ele acha melhor MULTIverso, entende que deveríamos nos entendermos como VICE-TRECO DO SUB-TROÇO.

Tenham pazciência aqueles que esperam aqui minha contribuição com algo que agregue valor à matriz de competência dos executivos e às estratégias das organizações em constantes transformações do mundo globalizado (SHUF). Hoje vou postar ainda algo que só tem a ver com o que interessa.

Na linha do comentário, acima, tenho as duas noras mais especiais do planeta. Do genro devo inventar qualquer coisa depois, bem depois e se sobrar tempo.

Pragora, vou trazer estória que envolve Carolzinha, que se casou com Bernardo no final do ano passado. Pro casamento veio uma penca da parentada dela dos fundos da Paraíba. Gente louca ao extremo, barulhenta, o cão. Pior, gente feliz. Virava e mexia, do nada se abraçavam no monte e saía a insuportável cantoria: isso é a felicidade... isso é a felicidade... quem não tem amor nessa vida, não é feliz de verdade. Num gosto nem de lembrar. É possível que eu volte com eles aqui em algum assunto ainda, porque pragora quero trazer um só da espécie: Saulo, tio da Carolzinha, irmão de Eli o pai dela, que prá trazer pra perto passei a chamar de Saulinho. Esse cabra se arrupiou todo, foi logo atropelando e passou a me chamar de Agulhim. 

Pois pronto, me deixe ir direto ao assunto. Fomos eu, Bê (meu filho mais novo), Vera e Carolzinha na semana santa fazer um tour no nordeste, com o propósito de visitar parte da parentada que se espalha pra tudo quanto é lado naquelas bandas.  Recife, João Pessoa até chegar em Patos, onde mora o cabra, com Livramento  (a esposa), e os filhos. Como por todos os demais da parentada fomos recebidos por eles com um calor de fritar o coração mais frio. Ô gente danada! Fizemos com Saulinho um passeio em Patos e arredores, até uma serra onde fica a pedra do Tem dó, viram de onde vêm as estórias?(vide em BANAL) Reza a lenda de que dessa pedra que se precipita prum mar de sertão adiante (agora tá verde porque estamos no inverno lá, no verão fica cinza), Lampião fazia justiça com os traidores e os empurrava precipício abaixo (contando os metros com os olhos deve de dar uns oitenta). Só que na hora fatal os ditos clamavam: tem dó, tem dó...

A vida vai tomando ainda mais gosto pela vida por esses momentos passados no nordeste e com aquelas pessoas.  Voltamos pro Belo embriagados de carinhos. Num é que um belo dia da semana passada recebo do cabra um email com o assunto: Agulhô, acho que pode te interessar. Era esse poema aí:

 Ôi Acessório de Costureira (Agulhinha)

                  Cê num sabe do quanto nois gostamo,
                 Da visita que todos ocês fez...
                 Se gostaru, pro favô, vorte ôtra vez!
                 Que aqui  já na espera nois estamo.

                  Só o tempo foi pouco. Lamentamo,
                  Pois siqué eu deixei ocês falá,
                  É pruquê o anseio de esperar:
                  Foi maió e nóis num aguaentamo!

                  Nóis num sabe cuma agradecer.
                  Tanta luz foi trazida por ocês!
                  Inté hoje nossa alma se refez,
                  Tudo em noís é um eterno reviver!

                  Adescurpe o meu amostramento,
                  Minha ânsia, tudo, tudinho,
                  Era pra eu falar divagarinho
                  E deixar cês fluir o pensamento.

                  Coitadinha da minha Livramento,
                  A pobrinha nem siqué abiu a boca,
                  Minha voz quaje quí ela fica rouca,
                  Mai confesso num foi o meu intento.

                  Faiei. Ô meu Deus cuma eu faiei !
                  Me adescurpe minha fáia! Sou humano!
                  O meu coração faiô! Bateu e já parano,
                  Então disse  Deus: "Vorte!! e eu vortei!!

                  Eu vortei para mais uma missão
                  Uma missão cá na terra muito boa,
                  Entre muitas: receber suas pessôa,
                  Para quem tenho a maior devoção.

                  Adescurpe Agulhim, Vera e Bernardo,
                  Carolzinha, pela minha adesdita,
                  Agradeço mais uma vez suas visita,
                  E que vortem sem fazer nenhum retardo.

                  A garrafa de vinho portugues,
                  Qui o grande Agullhim trôche prá eu,
                  Eu guardei! Tá guardada! Escafedeu,
                  Pra tûmá só na vorta de ocês!

                  Apruveito para Vera um recado:
                  As figura das muié fêia na arte,
                  Já vortou a vender por toda parte,
                  Tá nas bancas que fica logo ao lado.

                  Meu abraço, até logo, até breve,
                  Mai um breve, bem piqueno, bem brevim,                                 
                  Um abraço bem forte Agulhim,
                  Do pequeno Saulinho que te escreve!


Num deixei prumenos e truquei o cabra no mesmo dia:


Saulinho,

Livramento é mesmo sábia,
num foi dela o poema?
Ocê, acho que só tem lábia,
que só cabe na Borborema.

Concordamo tumbém que ficamo pouco
de vortá tum cedo prá nossa grota,
era de bom se te deixassemo rouco,
de tanto contá istória e lorota.

Prá nois de vortá pra Patos,
só se ocês vié prá Minas,
Nóis faremo uns pratos,
Procê, Livramento, Rodolfo e as mininas.

Mais vai de haver ôtros tempo,
de nóis de nos vermos em cantoria,
vamo deixar que uns vento,
nos traga ôtras alegria.

Prum inquanto a gente vai dedilhando
essas máquina que nos aproxima,
vamo de mantê nos falando,
prá de toda hora renová nossa estima.

Seu poema colei num armário
qui guardo meus trens recolhidos.
Da parentada trôsse chapéu, relicário,
Um monte de trecos polidos.

Dou graças à vida por encontrá ocês
Nessa altura do caminho,
Quero prucurá meus purquês
E renová meus carinho.

Fica com Deus, Saulinho.

Agulhim.


Alguns se perguntam que mundo vão deixar para os seus filhos. Estou com aqueles que se perguntam que filhos vamos deixar para o mundo.




Pedra do Tem dó (Serra do Teixeira, Patos, Paraíba)

Até breve.

3 comentários:

  1. Pai,

    não pensei que seu blog seria tão bom. Depois que comecei acompanhá-lo virou uma taça de vinho para um legitimo portugues (indispensável e diário).
    Reviver momentos inesquecíveis da nossa história é maravilhoso. Não sabia dos versos de Tio Saulin.

    Amo você

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  2. O meu LoSinho é diferente; sem tantas retas... e por isso defende o porquê de dasletra.

    Claudinho

    Losinho, tomara que o tempo continue te faltando enquanto escreve essas coisas, contos, causos e ‘a’...casos, profissionais ou não e aí não farei questão que invente mais nada, pois o resto é banal.

    Abraço,

    Claudinho

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  3. Risomar disse... Oi Gente!
    Dirijo-me no momento a Agulhô Saulo e Carol, parabenizando-os pela troca de versos...e não me contendo ,nao pude deixar de comentar do imenso carinho que sentí nos versos que pra mim soaram como lindos poemas, tamanha a ternura...Não posso deixar de agradecer em especial ao Agulhô pela feliz idéia do blog, que, nos presenteando com suas crônicas e sábias experiências, também nos deu a oportunidade de expressões tão expontaneas e carinhosas , como a de voces, que se nao fora o blog, teriam com certeza ficado presas nos coraçoes, sem um momento de falar encontrar... Somos assim ,caro Agulhô! sensibilidade e expontaneidade são a nossa bandeira! e " pelo andar da carruagem"rsrsrs não somos só nós, vamos encontrando pelo caminho, os afins...Esperamos viver um pouco mais de tudo isso, um dia qualquer, em cantoria ou em verso...mas enquanto esse dia não chega, vamos nos contentando e agradecendo as belezuras da tecnologia que nos permite não perder de vista pessoas que nos são caras e que a vida, pelas circunstâncias naturais, nos impede...Obrigada pela viagem que hoje, eu fiz no tempo... Um grande abraço e sucesso no seu blog!

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