terça-feira, 21 de agosto de 2012

GRÃO




Como escrever algo que seja útil?

Verdadeiramente útil. Mais necessário do que uma bula de remédio ou um enunciado científico que salve vidas. Melhor que um roteiro turístico ou uma norma de procedimento em caso de incêndio, ou mesmo um guia prático sobre como desembrulhar pacotes.

Algo que sirva, mas não funcionalmente, como estes escritos por fabricantes e profissionais de serviço ao consumidor, cliente. Não um manual de usuário, nem uma cartilha de vacinas, nem tampouco jornal ou revista de relatos noticiosos do que se passa ou de cotidianos de celebridades.

Algo que seja imperioso, vital. Não relatórios analíticos, teses de doutorado, mestrado, monografias, pareceres de causídicos, sentenças judiciais de todas as instâncias. Nem petições, certidões negativas ou positivas, nem atas, nem pautas, nem rascunhos de cartas, nem correspondências internas ou externas.

Algo que seja determinante, ímpar. Não bilhetes com recados inclusive os de paixão, ainda que exacerbada. Não. Nem catálogos de qualquer natureza, inclusive o telefônico com os números do Corpo de Bombeiros, Ambulância, Polícia, ou disque denúncia.

Como escrever algo que fique inscrito e de tal sorte que jamais será esquecido ou perdido, roubado, incendiado, censurado, rasgado, apagado, adulterado, vilipendiado, vandalizado?

Não convites, inclusive os de casamentos. Nem diplomas, honra a qualquer mérito, nem certificados de qualquer feito.

Não livros, inclusive os de auto-ajuda ou de marketing pessoal, esses mais úteis e mais lidos. Nem os de liderança, inclusive com sete ou mais hábitos. Nem tampouco os de estratégia, com novos entrantes e suas artimanhas. Não, livros de aeroporto, não.

Também não livros Best Sellers, sagas ou trilogias ou mais dos que três logias. Nem estórias ou histórias, nem novelas. Mesmo as religiosas, inclusive a Bíblia, Alcorão, e outras que tais. Antologias também não. Roteiros de cinema, nem peças de teatro, nem biografias, nem obras póstumas. Sequer obras de ficção.

Poesias também não, mesmo as de Neruda ou de Manoel de Barros, inclusive.

Como escrever algo?

Que faça com que o Homem afinal pare e pense.


Até breve.



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