domingo, 26 de fevereiro de 2012

POESIS

João Victor, ou será João Vitor? Isso não muda o azul de seus olhos. Ou serão verdes? João é o nerd da família, casado com Pit. Não por isto, mas porque ele é formado em Ciências da Computação e vive de cabeça baixa, sempre orientada para algum teclado.
Está passando o final de semana conosco em Santa Luzia, junto com Pretinha, Claudinho, Leandro, Camila e Pit. Camila e Pit são irmãs de Carina, as três filhas da desqualificada da minha cunhada, aquela do mico de circo.
João, antes de vir ontem para Santa Luzia, foi de bicicleta (oito quilômetros) encontrar-se com Leandro e Claudinho no nosso apartamento em Belo Horizonte para jogarem squash.
A quadra fica contígua à academia de ginástica e para acessá-la passasse por uma bateria de aparelhos. João entrou com sua bicicleta e cumprimentou as pessoas que faziam ginástica. Foi interpelado por uma senhora:
- “O seu apartamento qual é?”
- “1401...”
- “1401 é o meu apartamento!” Disse a moradora mais vibrante defensora dos direitos e deveres dos condôminos, sempre à luz do que rezam os estatutos devidamente complementados pelos preceitos constitucionais.
- “É o do Lozinho”, arrematou um João já não tão convictor.
- “Lozinho, que Lozinho?!!! Questionou a guardiã.
- “Ô Cláudio... qual é o apartamento do Lozinho?”
Cláudio, que jogava squash com Leandro, gritou: “1404!”
- “1404!” Repetiu um convicto João.
- “Mas 1404 é o apartamento do Agulhô...” disse a autoridade.
- “Ele é sogro do Cláudio com quem vim jogar squash...”
- “Mas...”
- “Se a senhora me permite eu vim aqui para jogar squash e não ping-pong sem bolinha. Me dê licença.”
João é assim. Puro, cristalino e com um sorriso que beira à ingenuidade. Encostou a sua bicicleta em um canto e foi jogar seu squash.
À tarde, já em Santa Luzia, estávamos todos na área de lazer de nossa casa e João pulou na piscina. Simultaneamente Camila gritou pelo nome da irmã: “Pit!!!” Quando João tirou a cabeça da linha d’água, saindo de seu mergulho, ele disse aflito:
- “Eu não fiz nada...”
Eram nove horas da noite, tínhamos acabado de sair da sauna e tomávamos uma cerveja eu, Claudinho, Leandro e João. Eu disse:
- “Segunda-feira eu completo 150 posts.”
- “Quantos você já postou?”, perguntou João.
- “147.”, respondi.
- “Então você tem que postar hoje, amanhã e segunda?”
- “Pois é...”
- “E aí?”
- “Aí que eu estou sem inspiração...”
- “Eu posso fazer um programa...”
- “Hein?!!!”
- “É... um programa para colocar no post.”
- “Como assim?”
- “Pô, pode ser legal Agulhô.” Interessou-se Cláudio.
-“Uma poesia...” Disse João.
São por estas e por outras que sempre acho que eu sou privilegiado. Sem inspiração, um pouco ansioso pela chegada da segunda-feira e me aparece alguém para me ajudar a cruzar a linha de chegada. E com uma poesia.
- “Já passa das nove horas e um programa leva tempo, não João?” Indaguei.
- “Meia hora.” Respondeu João, já teclando seu Ipad.
Fui dormir depois da meia-noite e deixei João debruçado sobre o meu laptop.
Às voltas com a poesia.

Até breve.

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