terça-feira, 29 de dezembro de 2015

CLÃS



Nem era assunto para post de final de ano.

Especialmente depois de tantos dias que não venho à tela. Eu deveria era estar tentando falar sobre o extraordinário filme argentino “O Clã”, que assisti ontem no cinema ou ao dinamarquês/sueco Hotel Terapêutico que vi no domingo à noite no Max.

Ocorre que a notícia de que o governo decidiu fechar as contas “pagando” os recursos extraídos dos bancos para fazer face aos compromissos assumidos em orçamento de 2015 explicitou de forma definitiva, em minha opinião, a questão aventada no pedido de impedimento da Presidente.

Aconteceu assim: o governo assumiu a responsabilidade pela execução de determinadas ações cujos recursos estavam previstos e aprovados em orçamento. Só que a alocação foi, por diferentes razões (inclusive aquela que todos sabemos da metástase da corrupção), feita fora dos limites estabelecidos o que implicou na falta de recursos para fazer face ao todo das despesas.

O governo sacou então de bancos sobre os quais tem acesso irrestrito ao caixa e tocou a vida em pedaladas. Agora o que ele se propõe a fazer por força do relatório mais do que translúcido de todos os auditores fiscais deste país? Assumir e contabilizar dentro do exercício fiscal de 2015.

Sim, mas e a grana real? Ora, em qualquer colégio a matemática não falta: o país fecha 2015 com o rombo de perto de R$120 bi para serem pagos pelos contribuintes ao longo dos próximos exercícios. E de que forma: perdendo recursos anteriormente alocados para saúde, educação, infraestrutura e outros itens.

Só que não dá. Vamos implementar a Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras – CPMF - uma das siglas mais vis já impostas à este país e continuar tocando a vida.

Qualquer contador, não de estórias como eu, mas formado em escola de contabilidade de cursos a distância por telefone fixo, consegue acompanhar o raciocínio. À luz da Lei ocorreu um flagrante delito.

O Clã foi baseado em depoimentos de testemunhas, policiais, juízes, promotores, advogados, amigos, vítimas e perpetradores. Aborda um dos casos mais sórdidos da polícia Argentina: a história do clã Puccio, a família "tradicional" de San Isidro, que transformou sua mansão colonial na prisão para esconder vítimas de seus sequestros. 

O filme de Pablo Trapero que levou o prêmio de Melhor Diretor em Veneza e ultrapassou os dois milhões de espectadores é uma crônica de horror, loucura e morte.

Hotel Terapêutico? Deixo aqui apenas uma recomendação. Vale a pena assistir.

As analogias com nossa vidinha ficam para os leitores.

É tudo obra de ficção.



Até breve.

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