terça-feira, 22 de dezembro de 2015

VOTOS



Final de ano, tempo para refletir. Como atuo? Por dever ou conforme o dever?

Atuar por dever resulta da consciência de que só posso atuar daquela forma que decidi. Atuar conforme o dever resulta do meu conhecimento de que há uma lei que me obriga a fazê-lo sob pena de ser sancionado.

Por que não mato ou roubo? Porque tenho em mim a convicção de que matar é um ato que me assemelha à besta, desumano, abominável? Ou porque temo ser preso e ter que pagar meu ato em uma penitenciária?

Evoluímos para atuar por dever ou conforme o dever? Penso que a saída pela qual optamos para não nos tornar mais bárbaros do que já éramos foi a de criar, e cada vez mais, arcabouços legais que nos protejam de nós mesmos.

A cada transgressão uma lei que a precede. E as leis são criadas “contra” nossos atos. Há lei contra a homofobia, o racismo, o assassinato, o roubo, a pedofilia, a corrupção, o tráfico (todos), o estelionato, enfim não há ato que não seja previsto em Lei.

Tornamo-nos mais humanos ou somos bestas supostamente controladas?

Penso que temos ampliado quintais de proteção guardados por sistemas de segurança sofisticados cada vez mais utilizados e incentivados pela extraordinária comunicação global. As regras são sutis e dilacerantes.

Estamos fadados a guetos, mesmo que deles não pertençamos. O outro nos classifica e ficamos à mercê de sermos julgados conforme os ditames da trupe. Ai de nós se dissermos que não é bem assim.

Ou você é ou você não é conforme.

Pelos Judeus ou pelos Árabes, Pelos Heteros ou pelos Homos, pela Esquerda ou pela Direita, pelo sim ou pelo não, pelo azul ou pelo vermelho, pelos Corinthianos ou pelos Palmeirenses, pelos Negros ou pelos Brancos, pelos Coxinhas ou pelos Petralhas, pelos istos ou pelos aquilos.

Nunca fomos tão conformimente desconformes. Nem quando bárbaros em cavernas.

A judicialização da Vida vai tornando-a cada vez mais disciplinada e, portanto, transgressível. Nada mais é sedutor ao hipermoderno do que desconformizar-se. E, por conseguinte, nada é mais demandado do que medidas corretivas de toda sorte para vigiar e punir.

A infância tornou-se um perigo patrocinado por tiranos.

Pensar fora é delírio.

Gostar de futebol e não torcer para este ou aquele time é não ter posição ou viadagem.

Seu merda, ou você é ou você não é. Conforme.

Falando nisso que todos desejem a todos: Paz, Harmonia e, claro, Alegria.



Até breve.

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