segunda-feira, 9 de março de 2015

PANELAÇO



Fico em dúvida se foi um pesadelo ou reflexões em período de sonolência mórbida.

Acontece assim:

Estamos todos diante de um grande salão onde se encontram os delatores e os delatados. Eles não nos veem, mas nós os vemos através de uma chapa de vidro transparente e os ouvimos por um sistema de som.

Os depoentes são coordenados por representantes do Ministério Público, Polícia Federal, Procuradoria Geral da República, Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, Comissão Parlamentar de Inquérito e Supremo Tribunal Federal.

O país todo acompanha.

Os delatores iniciam apontando os fatos, os dados e as pessoas envolvidas. Valores, forma de contratação e pagamento, citam datas, locais, números de vezes, enfim tudo o que na versão de cada um teria acontecido no período entre o ano tal até o ano tal.

Os delatados ouvem pacientemente, alguns com certo deboche, outros sonolentos e quando incitados a se pronunciarem repetem um mantra:

- Tudo que os depoentes disseram é mentira! Em todos os anos de minha vida pública todas as denúncias e processos que abriram contra mim foram arquivados por falta de provas.

Assessores entram no recinto com toneladas de pastas de processos envolvendo inúmeros documentos, depoimentos, provas físicas, gravações já periciadas, que atestam para qualquer cidadão por mais ingênuo que seja a veracidade e confiabilidade das denúncias.

De repente tudo para, como naquela brincadeira de criança em que dizíamos aos nossos amigos ESTÁTUA e todos tinham que ficar da forma que estavam quando foi dado o comando.


Muda a cena de meu pesadelo ou de minhas reflexões em períodos de sonolência mórbida.

Agora estamos em outro salão onde passeia o Juiz que condenou à expropriação de bens com um carrão do réu extrintabilhionáriodaforbes e do capô que, de repente se abre por força de um saculejo, voam as notas de dólares e euros surrupiados pelo sua Eminência Causídica do mesmo réu envolvido em meteórica e histórica trapaça.

De repente tudo para, como naquela brincadeira de criança em que dizíamos aos nossos amigos ESTÁTUA e todos tinham que ficar da forma que estavam quando foi dado o comando.


Ontem à noite fui visitar o Bê (meu filho mais novo), em sua nova casa e me surpreendi porque pelos arredores soavam gritos, sons de panelas sendo batidas, apitos, alvoroço total.

Só hoje entendi, quando li os jornais do dia que o mesmo teria ocorrido em várias regiões do país e eram para acordar as estátuas e continuarmos a brincadeira.

Fiquei mais tranquilo. Noninha sempre me diz: “Vovô, você inventa cada coisa”... 



Até breve.

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