terça-feira, 31 de março de 2015

SUMMUS



Ele acabara de desembarcar em Brasília para uma reunião em instituição de classe profissional da qual era participante. A secretária, logo que ele chegou ao escritório do órgão, esbaforida, pediu que ele voltasse para o aeroporto e embarcasse para Belém do Pará.

Deveria representar o Presidente uma vez que o colega ilustre estava em casa acamado e não poderia comparecer a um evento celebre no norte do país.

Sentou-se em um dos últimos lugares e foi o penúltimo passageiro a sair do avião. Quando chegou ao patamar da escada ele viu, no pátio, centenas de pessoas vestindo camiseta branca e gritando refrãos que ele não conseguia entender muito bem.

Sorvendo o deslumbramento do poder ele passou a acenar para as pessoas, jogar beijos em profusão, a sorrir histericamente.

Já no pátio percebeu que as pessoas não olhavam para ele, procurava crianças para pegar no colo e beijá-las, mas elas o rejeitavam. Só então olhou para trás e viu a última passageira descendo as escadas do avião. Era Sula Miranda, a “Rainha dos Caminhoneiros” adorada também em Belém do Pará.

Delícias como essas marcaram o nosso dia de ontem.

Saímos bem cedo de Roma em ônibus com destino à Siena, Pátria da Cultura na região da Toscana.
Primeira parada: Pitigliano, ao sul da região. A cidade brota de uma colina rochosa (tufo, tipo de areia prensada) como se fosse prolongamento. As casas são quase todas do mesmo material da montanha, barro e rochas extraídos do próprio local.

Ao se avistar de longe a cidade e seus penhascos tem-se a impressão de que é tudo uma construção única em terracota.



Depois da rápida visita a Pitigliano fomos para Orvieto construída também no alto de uma colina. Com suas ruas típicas de uma cidade medieval ela foi, até 1860, território papal.



Em seguida, sabor intenso: Montepulciano.

Vlad e Fá, que rondaram por estas bandas no ano passado, já tinham cantado a pedra:

- “Não deixem de ir ao restaurante da Lilian e peçam Pici com Javali”.

Montepulciano, uma cidade minúscula, é rota obrigatória da Toscana porque produz um dos melhores vinhos DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita) da Itália.



Nosso programa contemplou o almoço precedido de degustação de vinhos, queijos e embutidos na vinícola GATTAVECCHI. Ao chegarmos fui logo em direção à cozinha procurando pela tal de Lilian.

- “Lilian trabalha aqui”?

- “Sou eu”...

Lilian, uma baiana de Salvador, não era só a chef do restaurante mas a proprietária da vinícola GATTAVECCHI junto com Jonathan (marido) um italiano “da porra”.

Ali, por umas duas horas, me senti um frade diante de um rosário de delícias. Uma pasta de fígado salpicada com um-sei-lá-o-quê mais pitadas de erva de não-sei-das-quanta que fazia minha boca chorar de prazer. E, claro, Pici com javali.



Depois vagamos pela cidade. Uma das fotos que tirei me fez pensar em Caravaggio, na luz de suas telas.



Chegamos a Siena já à noitinha e fomos para a Piazza del Campo tomar um vinho, comer uns petiscos.

Ele estava junto e... amanhã em conto.



Até breve.

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