segunda-feira, 14 de julho de 2014

SEISPORMEIADÚZIA



O time tá mal troca o técnico. O país vai mal troca o presidente. O marido tá mal troca o marido. A geladeira tá mal troca a geladeira. O emprego tá mal troca de empresa. O filme tá mal troca de canal.

Trocar é sempre a melhor solução, especialmente quando a solução não está suficientemente estudada ou conhecida. Nundeu, troca. Pelo menos para si próprio e prá meio-mundo tomou-se uma atitude em direção à outra possibilidade.

Não que eu não seja a favor de mudanças. Antes pelo contrário. Ocorre, porém, é que muitas das vezes mudamos para ficar do mesmo jeito. No fundo porque suportamos, no micro e no macro, movimentos. Jamais mudanças.

Mudança significa radicalizar, ou seja, ir à essência daquilo que se determina mudar. Movimento significa contemporizar, ou seja, promover ajustes de natureza cosmética àquilo que se quer dar nova aparência.

Mudar um país impõe alterar a sua carta de valores determinantes da conduta, as estruturas responsáveis pelos designíos da Nação, os mecanismos determinantes da formação do caráter, da cultura, da civilidade e dos modelos de convivência entre si e em relação a outros povos.

Movimento é assunto para o senso comum, para aqueles que fazem parte do script existente, forjados na mesma química, portadores dos mesmos vícios.

Mudança é ação de transgressores, capazes de construir outra dimensão da realidade, algo outro.

Talvez por isto e para isto evoluímos como civilização. Não queremos mudar nada, apenas nos movimentar em torno do mesmo. Dos conflitos no Oriente Médio, às nossas questões mais prosaicas. Como trocar Felipão por Felibroa.

E a nossa tristeza? Nada mais leviano. Trocamos de time, de presidente, de marido, de empresa e até de geladeira, com a maior cara-de-pau possível. O que vale, no momento, é o de momento. A fila segue.

Torci ontem pela Argentina, acreditando estar reverenciando o meu pai. Queria muito que aquelas bolas entrassem e que maldosamente se perderam as linhas de fundo. Meu coração queria que algo distinto acontecesse. Assim como torci para a Argélia quando jogou com a Alemanha e perdeu, tragicamente. Ou para Costa Rica.

Ou seja, que acontecesse algo que não estivesse sido esperado.

Mas, espere, os sete a um não foi algo inesperado?

Vamos ver se serão às vísceras ou às faces, mudança ou movimento o que advirá.

Eu, com o meu desânimo e modesta inteligência, tenho poucas dúvidas.




Até breve.

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