sexta-feira, 13 de julho de 2012

DISTÂNCIA



Meus diálogos com minha futura neta são absolutamente improváveis. De fato a criança hoje é de tal sorte estimulada por inúmeras e diversas fontes que o repertório para os diálogos trazido por ela provavelmente terão elementos completamente distintos daqueles utilizados aqui por mim.

Meus diálogos imaginários não se aplicam aos tempos pós-internet, à TV Paga e a toda gama de informações de fácil acesso a uma criança como deverá ser Liz. Além da minha incapacidade de construí-los com esses atributos da modernidade está posto que dialogo comigo enquanto criança.

Faço isto como um recolhimento à preparação. Há muitos anos meus filhos tornaram-se adolescentes e depois adultos. Era outra época quando meus filhos foram Liz.

Nem se trata de ver em minha época ingenuidade, candura, pureza e na época presente toda sorte de exposições, especialmente aquela orientada a consumo em volume, fragmentação e efemeridade.

Minha questão está outra.

Como estabelecer diálogo entre a minha época e a de minha neta sem perder elementos da minha mais profunda tradição e, a todo instante, nos assustarmos mutuamente?

Assisti ontem ao filme MAMUTE, protagonizado por Gerard Depardieu e Isabelle Adjani (alguém aí os conhece ou se lembra deles), indicado à Palma de Ouro de Berlim em 2011. Seria bom que o leitor pudesse assisti-lo para que nosso diálogo ampliasse.

Sinto-me como um mamute, de uma época em que dizer a um irmão ou coleguinha: “Vai peidar n’água!” implicava em risco de surra com chicote e/ou castigo de ficar de pé com a cara virada para a parede.

Era uma feiúra.


Até breve.

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