quarta-feira, 4 de julho de 2012

ESTRESSE



- Vovô...

- O que é, Liz?

- Qual foi o dia mais importante da sua vida?

- Essa é fácil, Liz.

- Qual dia, vovô?

- Adivinha...

- Fala você, vovô.

- Dia 27 de fevereiro de 2012.( FLOR )

- Dia do seu aniversário?

- Não, o dia em que a sua mãe fez exame e você apareceu.

- E o mais feliz?

- Essa é mais fácil ainda.

- Qual?

- O dia em que você nasceu.

- Por que que tudo sou eu, vovô? E o dia em que a mamãe nasceu... O tio Vlad... O tio Bê.

- Eu fiquei muito feliz. Muito mesmo, quando eles nasceram.

- E porque você diz que foi o dia em que eu nasci?

- Sabe o que é Liz? Os dias mais felizes da minha vida foram os dias em que sua mãe e seus tios nasceram. E eu queria de novo prá mim essa alegria e você chegou, entendeu?

- E eu que achei que era porque eu sou legal... Porque eu gosto de você, vovô...

- Se bem que tem horas que você não me faz tão feliz.

- Ô vovô... Que horas?

- Lembra aquele dia que nós estávamos no sítio e você não quis emprestar a sua boinha para o neném da Dinda?

- Eu tava brincando na piscina vovô...

- Mas você podia ter emprestado prá ele, pelo menos um pouquinho...

- Só por causa disso você ficou triste comigo? Tem outra coisa? Porque eu grito Galôôô?

- Não, isso eu até acho bacaninha.

- Acha mesmo?

- Claro. Todo mundo tem defeito. Mas não é por isso que você não me fez feliz.

- Que dia, então, vovô?

- Liz, eu não quero mais falar disso não.

_ Vovô, pode falar... Eu sou compreensiva.

- Compreensiva? Quem te disse?

- Eu sou, ora.

- E o que é ser compreensiva, Liz?

- É quando uma pessoa chata que falar uma coisa que a gente não quer ouvir e ela fica insistindo e a gente aguenta.

- Tá vendo, Liz? Por isso que eu falo que às vezes você não me faz feliz...

- Tá vendo, vovô? Por isso que eu falo que eu sou compreensiva.

- Eu vou embora.

- Pode ir.

- Você está dizendo que eu posso ir?

- Vovô, foi você que disse que vai embora.

- Mas você podia pedir prá eu ficar...

- Fica vovô.

- Não, eu vou embora.

- Tá.

- Tá, o quê?

- Tá bom, vovô. Você vai embora.

- Puxa, Liz...

- Kátia...

- O que foi que você disse? Você falou baixinho, eu não ouvi, Liz.

- Falei nada não, sô. Tava pensando alto.



Até breve.

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