quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A(U)DITIVO

Há alguns meses atrás tive que tirar uma grande colméia e favos entre o forro e o telhado da suíte principal de nossa casa em Santa Luzia. O rapaz que fez o serviço garantiu-me que não há o risco das abelhas voltarem e fazer lá a sua morada e seus favos de mel. Prefiro morcegos, que também estão por lá, porque são predadores de cupins. Nossa casa tem muita madeira.
Coincidiu que de lá para cá passei a sentir um zumbido nos ouvidos. Procurei um otorrino que, antes de me examinar (sequer olhou para os meus ouvidos, quanto mais os meus ouvidos), pediu exames. Interessante como a medicina evoluiu, principalmente após o advento dos planos para amplificação de doenças.
- “O que poderá ser esses zumbidos, doutor?” perguntei ao médico.
- “Há pelos menos três possibilidades: uma otorr (não me lembro da palavra), ou um tumor cerebral ou, ainda, o zumbido continuará, podendo com o tempo aumentar, a ponto de o senhor ter que ser sedado para dormir.”
Achei que deveria mudar de diagnóstico. Procurei outro médico. Vou me divertir muito na minha velhice.
Fiz audiograma e timpanograma. Perguntei para a fonoaudióloga, que fez os exames, se eu deveria usar os mesmos óculos. Ela sorriu amarelo e disse: “O senhor está muito bem de escuta.”
Fui ao consultório de outro médico otorrino. A consulta, pelo plano, tem que ser realizada em quinze minutos. Soube disso pela agenda de horários e pacientes registrada em uma folha de papel sobre a mesa da recepcionista da clínica. Eles devem receber PLR.
Sentei-me a frente do médico.
- “Qual o problema do senhor?”
- “São meus ouvidos, doutor... estão com um zumbido...”
- “O que o senhor acha que possa ser?” Consultou-me o médico.
- “É que apareceu lá em casa um enxame de abelhas... Pedi a um rapaz para remover os favos e ele me garantiu, após a retirada, que elas não vão voltar prá lá e...”
- “E daí?”
- “Daí que eu fiquei pensando se elas não vieram instalar-se na minha cabeça...”
- “KKKKKKKK... Vamos examinar isso, então.
Colméia não é. O médico disse que isto pode acontecer às vezes e costuma sumir em até seis meses. Sugeriu que eu tomasse um remédio que ele receitou para abreviar o desaparecimento do zumbido.
Comprei o remédio e, por curiosidade, li a bula. Há nela uma instrução: QUANDO NÃO SE DEVE USAR ESTE MEDICAMENTO? Entre as situações listadas está incluído: RISCO DE AUMENTO DE HEMORRAGIA.
Resolvi tomar os remédios.
Vocês estão perdidos.

Até breve.

3 comentários:

  1. Vamos torcer pelo efeito placebo da Gingko Biloba!!!
    Tenha certeza de que ainda tem médico interessante por aí. Diferentemente dos convidados do Jô...
    Outro abraço,
    Henrique

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grande Henrique. Num leva a mal não sô, é só traquinagem. Tem sim um médico(ou será técnico em medicina?) que qualquer hora dessas vou consultar. Depois do dia 27 eu vou procurar um certo geriatra. Aparece no sítio, cara. Grande abraço.

      Excluir
  2. Se der resultado indica o doutor. Aqui também tem sumbido em ouvido.

    ResponderExcluir