sábado, 18 de junho de 2011

MOACIR

Não era o que eu havia planejado, ter dois posts no mesmo dia, mas hoje excepcionalmente quero quebrar esse propósito. Seria injusto se não dedicasse uma página ao PROFESSOR Moacir Laterza, e quero fazê-lo próximo a ‘Renascimento’.  Moacir é o responsável pela minha paixão pela arte, pela filosofia e pela irreverência. Moacir é o Humor em mim. Se continuar escrevendo ele voltará ainda algumas vezes em minhas histórias.
A primeira passagem aqui com Laterza diz respeito ao post anterior. Em uma de suas magníficas aulas ou ‘viagens’ no curso História da Arte sobre a obra de Pablo Picasso, especificamente sobre a ‘Cabeça de Touro’, ele contou como que o gênio concebeu a obra. Certa vez Picasso andava de carro e viu uma bicicleta velha jogada em um terreno baldio. Pediu ao seu motorista que parasse o carro, pegasse a bicicleta e a colocasse dentro do porta-malas. Essa bicicleta ficou tempos no seu atelier, até que um dia ele a desmontou e foi produzindo diferentes peças até chegar à cabeça de touro. Dependurou a peça na parede do atelier e ali ela ficou durante tempos. Um belo dia chamou o motorista e pediu que jogasse fora a cabeça de touro, mas que ele, o motorista, deveria acompanhar o destino da peça. Algum tempo depois, Picasso teria interpelado o motorista: ‘Então, o que foi feito da cabeça de touro?’ Ao que o motorista respondeu: ‘Pablo, esqueci de comentar contigo. Não é que passou um operário, chutou a cabeça de touro, pegou-a mais adiante e eu o ouvi dizer: não é que essa cabeça de touro dá um belo assento e um guidão para a minha bicicleta?’ Lembro-me de ter perguntado ao Laterza: ‘Professor, então a obra foi perdida?’ O mestre respondeu: ‘Agulhô, vai à merda!”
É também de Laterza a história de que Picasso fazia as suas primeiras exposições da Guernica, tela em que o gênio retrata a Guerra Civil Espanhola, que também tive o privilégio de visitar no Museu Reina Sofia de Madri. Contou Laterza que Picasso estava em frente à sua obra e chegou por trás dele um general e o indagou apontando para a tela: ‘Foi o senhor que fez isso?’ Picasso voltou-se para o general, olhou fixamente nos olhos do militar e disse: ‘Não, foi o senhor.’
Outra história, por hoje: Moacir passeava com sua esposa - ela dirigia o carro – quando abruptamente outro carro passou à frente deles. Era a popular ‘fechada’. Moacir tomou um susto e ficou indignado com aquilo. Aconteceu que, mais à frente, os dois carros ficaram lado a lado em um sinal de trânsito. A esposa, revoltada, cutucou o marido: ‘Você não vai fazer nada não?’ Moacir abaixou os vidros da porta do carro, pôs a cabeça prá fora e bradou ao motorista infrator: ‘MORFÉTICO!’
São por estas e por outras que a Filosofia é considerada um bem inútil.
Até breve.

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