terça-feira, 9 de agosto de 2022

IMAGINE

 





Em dez, quinze, vinte ou, na melhor das hipóteses, em vinte e cinco anos o mundo acabará. Sim, na melhor das hipóteses, porque meu pai acabou aos noventa e três.

Outro dia acabou Jô, ontem foi Olívia.

Entre tantos que acabaram e com eles parte (a melhor parte) do que me constitui estão aí na fila de término: Caetano, Gil, Milton, estas balizas todas despedindo-se.

Em entrevista Jô provocou a partir de pergunta do Marcelo Tas sobre o que é a Vida. Jô respondeu: “Sei lá, só sei que é pra ser vivida. Acho que o suicídio não tem nada a ver, porque é a ausência absoluta do humor. Um sujeito que se ajoelha com a intenção de meter a cabeça dentro de um forno, acaba dando gargalhadas e se levanta.”

Pois é.

Eu, por exemplo, passo meu tempo inteiro em estado de poesia, mesmo no pragmatismo racionalizante do meu ganha-pão, balizei-me desde sempre por uma utopia.

Foi John, que há muito acabou, melhor a traduziu.

Imagine que não exista paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno sob nós
Acima de nós apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo o presente

Imagine que não há países
Não é difícil
Nada para matar ou razão para morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz

Você pode dizer que sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu espero que algum dia você se junte a nós
E o mundo será como um só

Imagine que não existam posses
Eu me pergunto se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade dos homens
Imagine todas as pessoas
Compartilhando o mundo inteiro

Você pode dizer que sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu espero que algum dia você se junte a nós
E o mundo viverá como um só.

 

Estou certo que não sonho sozinho. A melhor parte de mim segue na estrada.


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