terça-feira, 14 de abril de 2015

REGIME



Tenho por hábito e necessidade assistir diariamente aos jornais televisivos da noite e, com especial atenção, ao das vinte e uma horas na TV Cultura da Fundação Padre Anchieta.

“A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la.”

Aprecio por ser, além de um noticiário, um espaço onde se discute de maneira plural e coloquial os temas tratados pelas matérias jornalísticas com o apoio, ao âncora do programa, de conceituados intelectuais que se alternam em duplas ao longo de cada dia da semana.

É natural que, por ser plural, ele seja aberto a todas as tendências e opiniões a respeito dos fatos o que dá ao programa um sentido muito importante à reflexão e ao posicionamento dos espectadores, muito em linha com o propósito do viés filosófico que sustenta a grade da emissora.

Belo dia tomo contato, através do programa, que a Rede Minas, canal aberto do estado, estaria recebendo o jornal para disponibilizá-lo para nós mineiros ampliando assim o alcance de sua contribuição, já que na TV Paga os anunciantes já tinham acesso à programação da TV Cultura.

Liguei imediatamente para um amigo, então presidente da Rede Minas para parabeniza-lo e sua equipe pela extraordinária conquista fazendo votos que a inciativa pudesse sim estimular a audiência para um conteúdo oportuno, necessário e importantíssimo face ao conjunto de realidades.

Embora pesquisas deem conta de que a emissora esteja no segundo lugar das emissoras mais queridas, está longe do índice de audiência dos demais canais sejam abertos ou pagos o que, claro, não surpreende.

Na edição de ontem o âncora do jornal informou que o Governo do Estado determinou à Rede Minas a suspensão do convênio com a TV Cultura para a transmissão do Jornal. Medida semelhante, a coisa de um mês atrás, foi tomada na líder de audiência de rádio local da capital com a demissão sumária do Diretor de Redação que trabalhava na emissora há mais de trinta anos.

Nunca me esqueço de uma máxima de Adolf Hitler: “Todo povo informado é um povo perigoso”.

“A liberdade de eleição permite que você escolha o molho com o qual será devorado.”

Medidas como essa são inconcebíveis até sobre o ponto de vista da inteligência, mais do que pela injustiça ou abuso do poder discricionário conferido pelo cargo que ocupa um governante.

Surpreendo-me cotidianamente com fatos semelhantes e a repercussão dos mesmos, que se incorporam à paisagem, não implicando em nenhuma reação imediata e contundente das instituições responsáveis pela manutenção da liberdade de expressão no país.

“Vivemos em plena cultura da aparência: o contrato de casamento importa mais que o amor, o funeral mais que o morto, as roupas mais do que o corpo e a missa mais do que Deus.”

Afinal, como diz a mãe de uma querida amiga: é o que temos para hoje. Além do mais e de qualquer forma...

“A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”

Todo dia amanheço com um sentimento.

“Tenho saudades de um país que ainda não existe no mapa.”

Faço com este post homenagem a Eduardo Galeano, dono das citações em negrito e itálico, para dizer que nossa América Latina ainda merece cuidado para trazer abertas as suas veias.

Galeano, escritor uruguaio, nos deixou ontem aos 74 anos de idade. Perdemos mais um dos imprescindíveis.



Até breve.

Um comentário:

  1. Excelente! Acredito que preciso assistir mais o Jornal da TV Cultura...

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