terça-feira, 23 de setembro de 2014

SAYONARA



Tivéssemos conhecido antes o Castelo Nijo em Kioto teríamos pedido ao marceneiro que fixou as madeiras do piso de nossa casa em Santa Luzia que empregasse o mesmo método que foi utilizado aqui.

Ao se transitar pelos corredores do Castelo todo construído em madeira faz surgir do piso um som que se assemelha ao canto de rouxinóis. Hoje isto nos encanta, mas na época dos xoguns servia como medida de segurança (alarme) contra frequentes invasores do castelo.

Por sua vez as paredes e o teto deste castelo, que tem 7200 m² de área construída ocupando uma área total de 275.000 m², são folheados a ouro não só para mostrar o poderio de seu dono como também para amplificar a iluminação à luz de velas.

Kioto tem hoje 1,4 milhão de habitantes, 1600 templos budistas e 400 xintoístas e foi fundada no ano de 794 a.C. e desde lá até o ano de 1868 foi a capital do Japão.

Visitamos o Pavilhão de Ouro do Templo de ROKNON-Ji construído a pedido de um monge Zen-budista em 1397 com paredes internas e externas pintadas com película em ouro.

Há sessenta anos um aprendiz de monge ateou fogo e destruiu totalmente o templo que foi reconstruído logo depois e restaurado novamente há quinze anos quando foram usados vinte quilos de ouro. Preso e interrogado o rapaz incendiário disse que não havia resistido à tentação de queimar a coisa mais linda do mundo.

Visitamos também o Templo Todaiji na província de Nara a uma hora de ônibus de Kioto. O templo com 57 metros de largura, 51 metros de profundidade e 48 de altura abriga a magnifica estátua de Buda em bronze com 15 metros de altura. Impactante.

Kioto, como Tóquio, é uma cidade limpa. Não se vê nas ruas nem um palito, um papel sequer jogado em um canto qualquer. Não há lixeiras, nem sacos ou vasilhames destinados ao lixo, não se vê qualquer recipiente onde se possa depositar qualquer descarte. Andei com embalagens de balas, bilhetes de caixa dentro do bolso até retornarmos para o hotel porque não se acha em lugar algum uma lixeira.

Há duas razões: a primeira, hoje secundária, é que em 1994 ocorreu um atentado terrorista no Metrô de Tóquio que matou doze pessoas e deixou mais duzentas outras enfermas por terem inalado o gás Sarin deixado em uma das cestas de lixo dos corredores de uma das estações.

A outra razão, e que nossa guia em Kioto disse ser a principal, é a de que os cidadãos consideram elevados os custos para manter a limpeza e o recolhimento do lixo das ruas. Sendo assim não jogam nada nas ruas que tenha que ser recolhido depois. Simples assim.

Amanhã deixamos o Japão via Osaka em direção à Pequim na China.

Meteórica passagem, porem suficiente para levarmos a melhor impressão deste país que importa 60% dos alimentos que consome embora cultive em cada cm² disponível, especialmente o arroz que é o único alimento consumido pelos nativos que é produzido 100% em solo japonês.

Jamais vou me esquecer da inscrição em um banner fixado na parede da casa de chá que visitamos em Tóquio. Vivi estes dias como a única chance para admirar a experiência histórica e humana que, pela via do trabalho e da extraordinária superação, construiu uma nação pujante e um povo de humildade e simpatia comovente e cativante.




Até breve. 

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