sábado, 5 de janeiro de 2013

FIQUISSÃO



Tem uma história (ou será estória?) que eu reluto em trazer a post. É que hoje em dia há muita realidade que mais se parece com invencionices e, estas, que ficam mais crédulas do que outras que nos prenham todos os dias.

Só pode ser pura invencionice que deputado julgado e condenado tomou posse, que estão ocorrendo enchentes no Rio de Janeiro e que comerciante que matou a facadas um jovem de 22 anos disse que ele “queria dar só uns furinhos no rapaz”. Andam dizendo por ai, também, que a Venezuela será governada por um espírito.

Tudo obra de jornalistas ávidos pelo sinistro e por donos de mídias interessados em amealhar resultados financeiros. E eles nem percebem que ninguém acredita e nem se interessa mais por suas pautas.

Então vou contar uma história real, dessas que ficam para dar de educar. Eu morava ainda no bairro de Santa Teresa, portanto era bem jovem. Na verdade pura eu tinha de dez para onze anos.

Na época tinha um candidato a prefeito de BH que, entre suas promessas de campanha, incluía sempre que, uma vez eleito, ele colocaria um navio na Pampulha para que pessoas pudessem cruzar de uma margem à outra da lagoa. Ele nunca venceu eleições, embora tentasse sempre, e nós ficamos na ilusão definitiva de que um dia pudéssemos navegar embarcados em um transatlântico sobre as águas da capital de Minas.

O fato afinal que eu quero mesmo relatar diz respeito a outro real. Naquela época também, os jornais nos davam conta de que não havia Congresso, que algumas coisas não podiam ser ditas e que todos nós devíamos amar o país ou deixá-lo de vez. Alguns de nossos mais brilhantes intelectuais e artistas foram “deixados” fora do país. Inventaram que era perigoso para eles manterem-se aqui.

Só mais tarde, ali perto dos vinte anos, que eu vim a compreender que era tudo pura mentira, que tudo aquilo não passava de imprensa marrom, coisa de despeitados. Aí fiquei mais tranqüilo: éramos 90 milhões prá frente em ação.

Foi uma história para ter final feliz, mas inventaram de novo que morreu muita gente, alguns ficaram desaparecidos até hoje e outros se tornaram apenas descrentes. Tem uns trinta anos que nos acenaram com a liberdade e, há quase vinte, com uma nova realidade.

Entramos no Real.

Minha história, de novo, ficou perdida lá atrás. No fundo tenho até vergonha de contá-la. Ficará muito difícil alguém acreditar nela e me doerá muito alguém considerá-la invencionice.

Prefiro guardá-la para um último post, quem sabe, quando a minha vida estiver sendo governada por um espírito.

Até breve.

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