quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

TRANCO



Julinho é meu sobrinho e afilhado. Leitor e comentarista assíduo do blog rivaliza com Camila, também sobrinha e afilhada, qual deles é o crítico mais suspeito. Se o leitor tiver paciência, pesquise em alguns posts os comentários publicados por um e por outro. Dá náuseas de tanta puxação deslavada.

Muito bem. Em email, escrito cheio de reservas e cuidados, Julinho sugere que eu procure site de projeção para que, caso eu tenha um post ali publicado, eu consiga ganhar notoriedade, recebendo inúmeros comentários. Chegou até sugerir um site e enviou os critérios do mesmo para que o candidato se inscreva no processo seletivo de textos.

Respondi o email à altura. Pedi a ele que escolhesse entre os 330 textos, publicados aqui no dasletra, cinco que pudessem concorrer na seleção do site e disse que ele mesmo estava autorizado a fazer minha inscrição. Julinho não gostou muito da tarefa não, eu acho. Mas também quem pediu a ele tal tipo de sugestão?

"Quem pariu Mateus que o embale", diria a minha avó Eulália.

Faz parte do meu passatempo atual pesquisar outras produções do cotidiano e, sem nenhuma modéstia, considero os meus textos menos ruins do que boa parte daqueles que são publicados na rede. Claro que os meus guardam temáticas às vezes mais íntimas (até demais, corajosas já me disseram), mas mesmo assim.

Além do email referido acima, Julinho em seu último suspeitíssimo comentário, apoiado em citação original em inglês, sinaliza a mim que escrever é um ato de generosidade. Que eu tenho sido generoso em publicar minhas histórias, com H maiúsculo (num tô falando?). Se ele continuar assim vou colocar aqui, de publico, o que soube hoje: qual foi a artimanha que ele usou para fazer com que Mônica capitulasse e fosse com ele ao altar.

Deixa dizer de uma vez por todas e a todos: só há uma razão para a minha escrita. Confesso que me deu um puta branco agora, mas até o final eu me lembro. De qualquer forma, independente do que me motiva, eu não lembrei ainda (mas eu sei que é muito), seguramente não é por generosidade. Ou pelo menos, não só.

A escrita não é, em si, um ato. Eu penso que escrever é mais um mal estar do que qualquer outra coisa, especialmente quando se tem a pretensão de ficar livre de algo que, supostamente, seja universal. A dor escrita, por mais íntima, jamais é particular. Ninguém lê o que foi escrito pelo autor. O que se lê já estava inscrito naquele que se depara com o texto.

Se há generosidade, então e assim ato, é do leitor que, ao sorver o texto credita ao autor a sua viagem. Não, não é bem assim que ocorre. O texto não ultrapassa a função de ser veículo, quem dá destino, intensidade e sentido é o leitor.

Ato de generosidade é de Julinho, que me estimula a produzir cometas.


Até breve.

3 comentários:

  1. Wow! Sou um privilegiado! Cometas!? Caramba....

    Assumo meu prazer em provocá-lo a continuar escrevendo e a brincar com amigos, família e desconhecidos que vez ou noutra traz aqui de suas viagens sempre com Ela.

    Por quê? Porque as vezes você é erudito, as vezes um avô babão, as vezes revoltado com nossos políticos. Em todos os casos, eu e seus seguidores (Camila especialmente) vamos te decifrando como num jogo de quebra-cabeças. Puro prazer ou será matação de tempo?

    Sobre a missão para selecionar os posts pode deixar que vamos fazer. Aproveito para pedir indicações de todos. Você ai, qual é o post mais impactante? Não exite em responder agora mesmo.

    As artimanhas de Don Juan, que culminaram com a chegada do Leozinho, não servirão para impedir que eu continue nesta deslavada puxação! Você vai ter que me aguentar, pelo menos enquanto o Dasletra for público.

    Abraço e obrigado pela enorme alegria que você levou hoje para a Dona Jean.

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  2. Concordo com voce, Julinho.. somos privilegiados.. somos afilhados.. puxa sacos.. rsrsrsr o que quiserem nos denominar.. o mais bacana é a interação que isso tudo nos permite. Ontem mesmo encontrei com o padrinho e ele nos contou a sua historia... aquela das 8 orquídeas.. achei o máximo... Sua mãe é mesmo inspiradora... Agora desse post não houve como não me encaixar no ditado da Vovó Eulália, porque não vejo a hora de parir Mateo e o embalar..rsrsrsrsrsr.E quanto ao post, vou pesquisar.. bjos e feliz DASLETRAS 2013!!! vamo que vamo!!!!

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  3. Camila,
    realmente as orquídeas foram uma forma inédita de contar o tempo. Quando tiver a oportunidade conto mais detalhes de como me virava para conseguir fazer a surpresa de cada mês. Tenho fotos de cada uma delas....

    Espero sua ajuda para a "seleção dos melhores" posts.

    Viva o DASLETRAS 2013 e muitos embalos para o Mateo! É bom demais!!

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