domingo, 2 de dezembro de 2012

MATINHO



Todo mundo antes do fim tem que vir ao do mundo, onde o sul faz limite.

É de uma lindeza surpreendente e que se renova a cada olhar, nos verdes, azuis, amarelos, vermelhos e tantas e outras cores sobre as quais se deite a vista.

Sasha foi nossa guia em caminhada de uns quatro a cinco quilômetros cierca do hotel. Ela é uma jovenzinha de trinta e poucos anos, holandesa que largou sapatilhas de balé contemporâneo por rifles em safáris na África e, agora, por bastones de apoio em caminhadas ecológicas em Salto Chico, na Patagônia Chilena. Além do inglês ela fala bem o holanhol, um belo esforço para se comunicar conosco. Em certa altura da caminhada me perguntou como se fala grama em espanhol. Eu respondi que era matinho e ela ficou repetindo baixinho por boa parte do resto da caminhada.

Não faz muito frio nesta época, estamos na primavera aqui também. Então a caminhada foi agradável em companhia de, além de Sasha, Francisco, Marlidina e o filho deles André, um descasado trintão, boa gente a beça.

Então melhor postar uma foto do que tentar ficar palavrando. Esta vista sacada da janela de nosso quarto é o que predomina até mais do que as dez horas da noite, quando tudo escurece  lenta, gradual e maravilhosamente.

Depois da caminhada fomos para o SPA e fizemos sauna, piscina e cerveza Crystal e Ela chazinho digestivo.  Compartilhamos a sauna com uma senhora chilena de cinqüenta e um anos (ela mesmo nos disse) que tem nove filhos, o mais velho com vinte e oito e o mais novo com seis anos de idade. A mãe teve treze, tem irmãs que tiveram treze, doze, onze e um monte de outras com nove filhos. Tem uma sobrinha que tem quinze. No vestiário encontrei-me, por acaso, com o marido dela:

- Buenas, eu disse.

- Estoy mui cansado...

Entendi.

Às oito da noite, antes do jantar, fomos participar de reunião com os guias para planejar o dia de hoje. Entre as várias opções, debatemos uma em especial: viajar em uma Van por uns quinze minutos, depois caminhar doze quilômetros em mata rala e solo pedregoso para poder tomar um barco que nos levaria aos glaciais. Programão, que começaria às sete e terminaria às quatro da tarde, com direito à sopa em intervalo da caminhada acompanhada por sanduíche que, nós próprios, prepararíamos. Ela achou divino, mas eu a fiz  lembrar-se de que eu não gosto de sopa e que sanduíche nunca é recomendável. Conclusão: vamos chegar aos glaciais pegando uma Van na porta do hotel, viajar por uns quinze minutos e tomar o barco que nos levará aos majestosos glaciais. Durará umas duas horas e o almoço será servido no restaurante do hotel.

Tomada a decisão fomos jantar juntos com os novos amigos feitos durante a caminhada com Sasha. Como sempre rimos muito e curtimos o casal, ele com setenta e ela com sessenta e nove, mineiros também, mas vivendo em Sampa há mais de trinta anos.

Em dado momento, André o filho trintão descasado, exclamou:

- MARAVILHA!!!

Eu estava de costas para as janelas, quando me virei constatei também o indescritível.

Amanhã relato o passeio aos glaciais.

Até breve.

OBS.: Por questões técnicas (no fim do mundo a internet é movida a carvão) não foi possível publicar a foto. Aguardem.

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