terça-feira, 31 de julho de 2012

TCHAM TCHAM TCHAM TCHAM...



A casa de Santa Luzia não está pronta ainda. Falta o próprio berço e, é por força dele, que vamos organizar a distribuição dos móveis no quarto. Estantes ainda serão fixadas nas paredes. Vamos lixar todo o piso de madeira, calafetar fendas e encerar. Fazer uma limpeza geral na casa. Perfumar com flores naturais.

Nosso apartamento em BH não recebeu nenhum adicional, exceto um berço portátil. Daqui a alguns meses vamos colocar redes protetoras nas janelas.

Ela está ultimando alinhavos, costuras, apliques e bordados nos pagãozinhos. Tem um de abelhinhas que é uma lindeza. Há outros apetrechos por finalizar, forro do carrinho, coisinhas e tais.

Enquanto isso...

- Mamãe...

- Oi, Liz.

- Tá chegando?

- Eu acho que sim, minha filha.

- Você sabe o dia?

- Não filhinha, eu acho que pode ser a qualquer momento...

- Papai tá muito ansioso?

- Não, estamos todos muito tranqüilos.

- Vai ser legal aí fora, mamãe?

- Vamos fazer tudo prá que seja, filhinha.

- Aqui dentro é tão quentinho...

- É filhinha?

- Eu não sei de nada... Não sei o que é a luz... Não sei o que é você, papai e os outros...

- Logo, logo você vai saber...

- Vai demorar?

- Eu já te disse, filhinha... Pode ser a qualquer momento.

- Como é que é aí fora, mamãe?

- Grande.

- Maior do que aqui?

- Muito maior.

- Aqui é apertadinho mesmo... Eu fico me esticando toda...

- Eu te sinto, Liz.

- Quando eu sair eu vou poder voltar prá cá, mamãe?

- Não.

- Nunca mais?

- Nunca mais, filhinha.

- E por que, mamãe?

- Quando você estiver aqui fora você vai entender...

Este é o último post da sequência de diálogos com Liz. Liz, essa personagem que comigo percorreu a preparação para a chegada de nossa netinha, filha de Pretinha e de nosso genro Claudinho. Estes posts não sofreram nenhum esforço extraordinário de elaboração. Nasceram de parto normal e sem dor.

No fundo brinquei com a vida. Com a alegria. Espero que Liz, daqui a vinte anos, quando lê-los, possa rir muito deles e dar muito beijos em seu avô babão.

Doravante respeitarei os últimos momentos da espera, porque quem vai chegar à nossa história de fato, não é uma personagem, mas nossa extensão.


Até breve.


2 comentários:

  1. Estes diálogos foram sensacionais, causaram boas risadas e lágrimas de emoção. Vou sentir saudades porque curti cada um deles de forma especial.

    01-08-2032
    Liz, seu avô é realmente um babão, não é mesmo!?:)
    Seu tio-primo, Julio

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  2. É vovô Guiô... está chegando a hora... e em breve você a terá em seus braços... como vovô babão, dedicado e sensível que é. Que venha a luz, a Liz.. a extensão , o complemento, a renovação de todos nós!!! Prepare tudinho.. que a ansiedade será substituída pela alegria!!!!!bjo a Dinda!

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