terça-feira, 19 de junho de 2012

ÚLTIMAS I



Enquanto isto, nos arredores da vida real...

CENA 1

Recebi como presente de um cliente, um livro de Francisco Daudt da Veiga: O aprendiz de Liberdade, no qual o autor enuncia:
“Não existe regime mais antinatural que uma democracia, já que inibe a vigarice e o levar-vantagem, e para isso institui três poderes autônomos, cuja função é um desconfiar da vigarice e do levar-vantagem do outro, tendências que, mesmo naturais, são indesejáveis para uma vida que aposte na ajuda recíproca.” (pag.21)(*)

Notícias de hoje dão conta de que, por força de festas juninas, férias e RIO +20, os trabalhos para estancar a mais recente Cachoeira de lama que assola o país serão adiados sine die. (Adoro expressões em latim. Dão um ar de erudição ao post).

Por outro lado o juiz que indiciou e mandou prender o chefe (?) da quadrilha (não a de festas juninas) pediu afastamento do processo. O magistrado alegou estar sendo ameaçado de morte. Pediu licença prêmio por três meses e quando retornar não quer mais reassumir em uma vara criminal.

Como as trapaças estão em volumes de milhares de páginas, o juiz substituto levará um tempo (sine die) para poder examinar, aquecer seu espírito magistral, afiar seus motores e aí poder parecer.


CENA 2

Ocorreram, no final de semana, eleições presidenciais no Egito. O candidato derrotado reclamou que os 52% de votos que deram a vitória ao adversário na verdade deveriam ser computados para ele.

Lá, por força de decreto, os militares têm que ser consultados antes de qualquer ato administrativo ou político do governo civil.

O povo reage.


CENA 3

Recebi, em júbilo, na última sexta-feira, um ato magnânimo do Estado: a minha restituição do Imposto de Renda. Benesse pelo fato de eu ter atingido o status de idoso. Jovens que esperem mais ou que caiam na malha, inclusive Ela.


CENA 4

Estive ao longo de todo o final de semana em um evento no Guarujá-SP onde compareceram perto de 250 executivos do board (em inglês agrega mais valor) de empresas de grosso calibre no mercado global.

Moderei alguns dos debates com renomados cenaristas e especialistas em política e economia internacionais. Europa (especialmente Grécia, Espanha, Portugal e Itália) China e USA foram os principais focos de análise para perscrutar os efeitos sobre o nosso país.

Sempre que estou vivendo estas oportunidades me deparo com evidências da minha dupla-personalidade. Já me disseram que quem escreve as histórias com a Liz não sou eu. Estes mal sabem que quem não sou eu é aquele que esteve no Guarujá no final da última semana. Ou serei? Digo tudo isto porque sei que esse comentário ficará somente entre nós.

O último painel do evento contou com a participação de um dos sobreviventes do acidente aéreo nos Andes ocorrido na década de 70 e de um herói olímpico do vôlei nacional. Tema: SUPERAÇÃO. Ouvi com atenção a ambos e depois tive o privilégio de fazer o encerramento do evento, quando trouxe a história da busca de meu pai a Vicente Pelizzia. (Leia em  MARCA)


CENA 5 ( ou será fora de cena?)

Ontem, à noite, o celular tocou e vi no visor o nome e a foto de Pretinha. Quem estava do outro lado da linha era Liz.

- Vovô, o que você faz na vida?


Até breve.

(*) O aprendiz de liberdade / Francisco Daust da Veiga. – São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

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