terça-feira, 3 de novembro de 2020

DECALQUE

 


Gostei muito de Vidas Duplas, disponível no Telecine On Line e no Looke.

Não necessariamente por abordar a questão dos relacionamentos.

O filme coloca algo de relevância na atualidade: a desmaterialização da escrita, isto é, o quase desaparecimento em futuro breve do livro, objeto físico.

O histerismo da escrita em zilhões de plataformas virtuais, por força da acessibilidade, portabilidade e instantaneidade, trouxe à cena contemporânea bilhões de pessoas que diuturnamente se colocam. Por escrito.

A obra literária está em questão. E eu gosto deste debate. Até para saber de seus novos contornos. Mensagens no WhatsApp, coletânea de e-mails, posts nas redes, blogs, e um sem número de meios tecem hoje uma nova forma de produzir. Arte através do espelhamento das palavras. Decalques.

Desnuda e desvela e coloca nos tribunais o privado e o direito de utilização de estórias para serem relatadas.

Vamos ter que pensar muito a partir de uma das cenas do filme em que um dos personagens, escritor, está fazendo o lançamento de seu último livro e é inquerido pelos participantes.

VIDAS DUPLAS nos coloca diante de nós, sujeitos dúbios, personagens de nós mesmos dependendo da cena em que nos colocamos.

A pós-modernidade está nos desmaterializando.

 

Até breve.


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