quarta-feira, 21 de outubro de 2015

MERDA



A crise não está, especialmente, naqueles que encenam a política tragicômica no palco da realidade brasileira. Nós sabemos, “de cor e salteado”, o enredo já que, como as telenovelas, repetem a cada ciclo de horrores, mesmo que em alguns momentos se assemelhe à uma zorra total.

O Presidente do Congresso dar 45 dias para que o governo responda ao relatório do TCU, quando a AGU já negociava a forma de pagamento da extorsão é mais do que risível, é trágico.

Só que agora o que me parece mais incômodo é de como estamos a bater palmas ou nos regozijamos pelo que se passa nessa ópera bufa.

Intelectuais, articulistas, jornalistas, artistas, escritores, poetas, plateia de alto repertório que o coloca a serviço da crítica pela crítica, sem nenhum facho de ação efetiva que possa contribuir para a transformação do caos.

A plateia ilustre é omissa, autocentrada, para não dizer, idiota.

Via blogs como este, e todos os extraordinários recursos de informação atuais, nosso “troca-a-troca” é de quem faz a melhor leitura e escreve a melhor visão do que se passa. Curtimos, comentamos, compartilhamos todas as notícias do dia-a-dia do palco, em diferentes abordagens e formas.

Chega de ler o Brasil.

Precisamos admitir que o que está no palco traduz a nossa tragédia social, especialmente dos literatos que, por força de seu privilégio, deveriam ou teriam que intervir de forma revolucionária. Foi assim no tempo de trevas, menos torpes e expostas do que aquela sobre a qual sobrevivemos hoje.

Urge uma providência que converta opiniões em atitudes, palpites em práticas, pensamentos em ações. A crise é fecunda pela nossa letargia, pela nossa paralisia social, pela nossa inércia covarde.

Não virão surpresas do texto encenado no palco, já que quem assiste é quem paga a bilheteria. E os pagantes podem mudar, pela via até do boicote coletivo, o texto encenado.

Chega de curtir, comentar e compartilhar o Brasil. Mesmo que o façamos com brilhantismo, profundidade e agudeza com a esperança de que possamos iluminar outros espíritos.

“A lição sabemos de cor, só nos resta aprender.”

E aprender significa “ser” o aprendido, atuar, comprometer-se com aquilo que se assimilou. É hora de encontrarmos uma mobilização possível com a qual iremos de fato exercer influência. Sairmos da posição de personagens à procura de um autor, como queria o famoso dramaturgo.

É passada a hora de tomarmos de assalto o palco e refazer o roteiro do drama. É hora de construirmos o nosso texto. É hora de escolher que sentido dar ao título deste post: se de sorte na nossa estreia ou continuarmos onde sempre estivemos.



Até breve.

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