quinta-feira, 25 de junho de 2015

TRASTES



Recado aos meus netinhos: não envelheçam!

Se for olhar na perspectiva em que o Estado Brasileiro nos olha. Velho é velho. Deve ir para os “aposentos”, lugar alojado atrás das moradias. Mulheres valem oitenta e cinco pontos, homens noventa e cinco pontos.

Como?

Noninha, querida, você deverá, em começando a contribuir com o Instituto Nacional de Previdência Social aos vinte e cinco anos de idade (que é tarde), aposentar-se aos cinquenta e cinco anos de idade tendo recolhido, portanto, mensalmente aos cofres do Instituto durante trinta anos.  

Supondo, como seu avô, que contribuiu durante trinta e cinco anos (noventa por cento do tempo no limite máximo de contribuição, 20 salários-mínimos), você fará jus, em valores de hoje, ao benefício de algo perto de 6 (SEIS) salários-mínimos.

Ontem, a Câmara dos Deputados, aprovou projeto de lei que estabelece a atualização monetária de todos os valores pagos aos aposentados pelo índice medido da inflação do ano imediatamente anterior ao reajuste mais a variação do PIB dos últimos dois anos.

Os burocratas de plantão vieram questionar os “irresponsáveis” alegando que os mesmos não consideraram que tal medida implicará em R$9,0 bi a mais de gastos para o “governo”.

Somando a eles uma comentarista da TV Globo veio “esclarecer” aos telespectadores defendendo a tese de que tal medida é um absurdo e que atenta contra o esforço do ajuste fiscal.

Triste país o nosso, minha netinha.

Quando foi instituída a Previdência Social a lei contemplava a participação do empregado com 8% de seu salário, 8% do empregador e 8% dos cofres da União. Ocorre que a União contribuiu um único mês sob a alegação que não havia recursos para fazê-lo. Desde lá o buraco se imensa.

Incompetência, gestão fraudulenta, saques de pedaladas, desvios criminosos e truculência governamental configuraram nesse campo combustão explosiva. Nós os contribuintes, especialmente os mais favorecidos, validando a lógica Robin Hood (já que contribuímos sobre a base de 20 salários-mínimos e recebemos o teto de 6 salários-mínimos) nós é que nos danemos.

No meu caso particular é ainda pior, sou vítima do fator previdenciário.

Além de ser lamacenta e cruel, a crítica que se faz à medida aprovada ontem, é burra. Velho é consumidor e, portanto, motor ativo da economia. Velho compra lápis, borracha, panelinha, boneca, carrinho, bola para seus netinhos. Compra roupa, remédios, vai ao cinema, academias de ginástica, campos de futebol. Velho viaja, compra carro, geladeira, TV, livros e até comida. Alguns velhos, ainda, continuam trabalhando, pagando impostos, dando sua contribuição ao enriquecimento da sociedade.

A renda distribuída faz girar os mecanismos econômicos, garantido justiça e bem-estar social.

Nós estamos cansados de saber o que arrebenta com qualquer ajuste. Deve ser lavado a jato.

Nem me referi a vocês, Valentin e Antônio, vocês valerão 95 pontos.




Até breve.

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