quarta-feira, 6 de maio de 2015

SAUDADE



Hoje, pela manhã bem cedo, no trajeto em meu carro para o aeroporto onde embarquei para São Paulo, coloquei um CD que comprei em Lisboa de Carminho, a exuberante fadista.

Ao som de “saudades do Brasil em Portugal” pensava sobre a declaração do hipócrita ex-diretor da Retrobrás, hoje premiado delator no processo de lavagem: “Precisamos deixar a hipocrisia e reconhecermos que são os políticos os responsáveis por toda essa sujeira”.

O Estado é que é corrupto ou Sociedade? A Sociedade é corrupta porque o Estado é corrupto? Ou a Sociedade e o Estado são corruptos em si?

O que veio primeiro: a galinha ou o ovo?

O ovo senão não existiria a galinha. A galinha senão não existiria o ovo.

Suponhamos que concluíssemos que galinha e ovo são nefastos. Com quem acabamos? Se acabarmos com a galinha e mantivermos o ovo poderá vir dele outra galinha. Se destruirmos o ovo a galinha poderá vir a botar outro, outros ovos. Sim, mas como?

Com o galo, ora.

O galo entra na história.

Suponhamos que o galo seja o Capital que derrama seu sêmen em inúmeras galinhas poleiros-a-fora.

Então matamos o galo? Não teremos ovos. Qual o problema de não termos ovos? A Sociedade ou o Estado? A Sociedade pode prescindir do Estado? O poleiro seria uma zorra total.

Só galinha estéril não funcionaria e nem ovo choco.

Façamos o seguinte, então. Destruímos o ovo, matamos a galinha, montamos no galo que sobrar e voltamos para Portugal de onde nunca deveríamos ter saído.

Deixemos aqui os selvagens silvícolas com suas galinhas e seus ovos gozando de suas naturezas.

Eu, com o garnisé inessiessiano, fico. Quinem o primeiro Pedro.

Vou para Santa Luzia criar galinhas e colher os ovos delas junto com meus netos, numa esperança insana de romper um ciclo.

Quando cheguei no aeroporto Carminho entoava Cais do Milton e do Ronaldo Bastos:

Eu queria ser feliz, invento o mar
Invento em mim o sonhador

Para quem quer me seguir, eu quero mais
Tenho um caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir

Invento o cais
E sei a vez de me lançar



Até breve. 

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