terça-feira, 26 de maio de 2015

INSÂNIAEDADE



Há uma resposta que não quer calar.

A questão, entretanto, está na pergunta. Qual pergunta fazer para se ter a resposta desejada que estivesse pronta, aguardando?

Essa coisa da vida estar adiante sempre foi algo que não deveria. Morrer primeiro ficava muito mais simples, ou não? Primeiro você sabe, depois vai vivendo apenas para dar conta do período.

Até tornasse esperma ou óvulo, ciclando ao contrário. Como se tudo fosse um grande útero.

Já que não é como deveria, fazer o quê?

Outro dia ouvi uma pessoa dizer que, provavelmente, tudo acabará. Assim.

O problema é quê, enquanto isto, é.

Olha que pode até de ser. A gente cumpre um período e volta pra origem uterina. Só há bolsa, tudo é placêntico que de repente explode.

Na minha casa tem um bule e eu detesto café. Nunca tomo. Deveria ser de assim, com a vida. Prá que se não é nem necessária.

Depois, se pensar bem, café pode num ter em bule. É ou não é? Em garrafa térmica, por exemplo. Eu tô falando de outras formas de contenimento, outros conteres, até entendimentos.

A vida pode estar fora disso tudo. Por que não pode? O café não necessariamente precisa estar em bule.

A vida pode estar em garrafa térmica.

Ou em pó. Do começo ao fim. “Do pó viestes e ao pó retornarás.”

Por isso que eu fico imaginando. Eu detesto a vida tanto quanto café. Prá que ter um bule em minha casa?

Se eu jogar o bule fora, eu perco a vontade de não tomar café?

Interessante, o pó em não tenho em minha casa. Nunca tomo café. Pra quê então?

Pra quê então, o quê?

A vida?

Outro dia eu estava em casa e alguém me pediu um copo d´água. Eu servi no bule. A visita estranhou e me perguntou por que.

Eu disse que não tinha café. A pessoa disse que tinha pedido só água. Eu fiquei meio sem saber para que serve o bule.

É mais ou menos como a vida.

Em pó.



Até breve

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