quarta-feira, 2 de maio de 2012

TULIPA


O frio, na faixa de seus dez graus centígrados, trazido pelo vento constante impregna também de fascínio tudo o que se vê, se escuta e se experimenta.

Praças, jardins, ruas, avenidas, encostas, sacadas, templos tuliplanando o ar seus incomuns tons de azuis, vermelhos, amarelos, brancos e o esplendor do negro. A música, em diferentes ambientes, disputando com o clamor vindo de alto-falantes de mesquitas conclamando ao culto os seus fiéis.

Os doces, os quentes, os frios, toda a culinária. Seus sucos, seus vinhos, sua cerveja, suas bebidas. Seus temperos. Seus milhões de quinquilharias, têxteis, jóias, couro, seus bazares. O fervilhar de seus quase quinze milhões de habitantes, zincrando por ruas avenidas, ladeiras, ruelas, metrô.

A garganta profunda marcando cada margem, Ásia e Europa, esse maravilhoso Bósforo azul turquesa (ou será verde) ao longo de seus trinta e dois quilômetros de extensão, sessenta metros de profundidade e entre seiscentos a três mil e quinhentos metros de largura.Vem de lá águas profundas do Mar Negro desaguando cá sobre o Mar de Mármara. Não há outro Bósforo no Planeta.

Suas mais de três mil mesquitas, uma quase ao lado da outra, fincando no céu, com seus minaretes, centenas e centenas de anos de história. Mesquita Azul construída entre 1609 e 1616 bailando pelas paredes sinfonia de mosaicos azuis de Iznik. Santa Sofia, hoje só museu, a maior catedral do mundo durante quase mil anos, obra que mudou a história da arquitetura.

O Hipódromo onde está incrustado obelisco de vinte e duas toneladas construído em 1580 a.C, portanto contando hoje com três mil quinhentos e noventa e dois anos. Foi trazido para ali do Egito a mais de cinco mil quilômetros de distância. Na partida pesava sessenta toneladas. No transporte, por força dos percalços, deixou seus pedaços.

A surpreendente Cisterna Basílica construída no ano de 532 d.C. para abastecer de água a cidade. Subterrânea, o teto está suportado por um bosque de 336 colunas de mármore de quase dez metros de altura dispostas em 12 fileiras de 28 colunas. Acima uma bela praça com seus jardins através dos quais,  ainda nos dias de hoje, as águas pluviais penetram.

O Palácio de Topkapi, que ocupa uma área de 700 mil metros quadrados, construído entre 1459 e 1465. Suas escolas de culinária, suas nove cozinhas onde trabalhavam 600 cozinheiros para alimentar as 6.000 pessoas que viviam no palácio. Hoje ostenta em cinco amplos salões um volumoso tesouro de peças em ouro e pedras preciosas, entre elas, o quarto maior diamante do mundo.

O Palácio de Dolmabahce com sua fachada de 600 metros, 300 quartos, 56 salas, 46 banheiros, nove banhos turcos, imensos salões entre eles um de 2.000 metros quadrados no qual paira soberbo suspenso do teto a magnitude do lustre de 750 lâmpadas pesando 4,5 toneladas. Para a construção do palácio foram consumidas 40 toneladas de ouro, das quais 14 foram aplicadas em afrescos que cintilam em amarelo vivo. Vasos trazidos da China, do Japão e da França. Espelhos da Itália. Há uma escadaria que dá acesso à sala para embaixadores cujos corrimões são apoiados em colunas de cristal.

Em ambos os palácios o harém (lugar proibido). Ouvimos relatos de guias que um sultão chegou a ter mais de mil e duzentas mulheres e com elas teve 148 filhos e 45 filhas.

O Gran Bazar com suas 4.000 lojas, 30.000 empregados e 550.000 visitantes todos os dias de domingo a domingo. O Bazar das especiarias, construído entre 1663 e 1664, com seu mosaico de temperos, quinquilharias e coisas mil que tais.

É claro que este post não dá conta de dizer de Istambul, mas me servirá como pró-memória. A viagem à esta cidade foi marcada por uma permanente certeza de que “eu nunca havia visto nada assim antes”. Tudo é muito próprio e particular desse lugar e desse povo 95% muçulmano e 5% entre cristão, ateu, judeu e testemunha de Jeová.

Em 1923 foi proclamada a República e a sociedade turca experimentou cinco mudanças capitais:
ü  A caligrafia
ü  O Calendário ( a marca de início era o ano em que Maomé fez a peregrinação de Meca à Medina em 632 d.C.
ü  Poligamia para monogamia
ü  Direito de voto para a mulher ( primeiro país na Europa)
ü  Instituição da liderança religiosa e outra política. No império o califa detinha ambos

Domingo, quando eu fazia minha caminhada turística, passei em uma livraria e comprei o livro ISTAMBUL de Orhan Pamuk uma edição em turco. Na livraria mesmo abri o livro na primeira página e escrevi:

“Um presente a mim mesmo.
Memória de uma viagem
Inesquecível.
Torrellano Bajo, Barcelona,
Capadócia e a
Deslumbrante
Istambul.”
Bairro Pera – Istambul
The House Café
29 de abril de 2012.


Até breve.

Um comentário:

  1. Surpreendente descrever com tantos detalhes e com tanta informação... fico me perguntando se você viaja acompanhado de um bloquinho para registrar tudo isso... mas desconfio que surpreendente como é, aposto que registra tudo na sua mente mesmo... ah, se eu chegar assim aos 60.. estarei riquissima!!! bjos saudades..

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