terça-feira, 29 de maio de 2012

TOLICES




Me deu na telha de ocupar-me com algo desinteressante. Abandono o que verdadeiramente importa para fazer registro de algo absolutamente irrelevante.

Recentemente assisti na TV a três matérias jornalísticas. A primeira, no último sábado, uma entrevista na Globo News com o ex-presidente Collor; a segunda, flashes sobre o 5º Congresso Brasileiro de Comunicação cujo tema de abertura foi o da liberdade de expressão e a terceira matéria jornalística a cobertura do Jornal Nacional da Globo a respeito da publicação em VEJA sobre a conduta do ex-presidente Lula em relação ao julgamento do Mensalão.

Collor diz, na entrevista, que está com seu livro semi-pronto e que, por força de conselho de seu amigo Thalles Ramalho, não o publicará. Motivo: são tão bombásticas as revelações contidas no livro que estas abalariam os alicerces da democracia brasileira em proporções jamais vistas.
Fosse vivo, meu pai daria de ombros e diria que esse sujeito, no plano mental, assemelha-se a outro (de sua época), Jânio da Silva Quadros. De Collor ficará para a História: “Não filo porque não quilo.”
A parte boa deste post foi esta, porque me fez lembrar do meu pai e de seus comentários ignorantes.

Na abertura do congresso, citado acima, que está ocorrendo em São Paulo o presidente do STF, Ministro Carlos Ayres Britto, fez uma colocação de que Democracia e Imprensa são irmãs siamesas. Ambas coexistem com absoluta dependência uma da outra. Se se cortar o “cordão umbilical” que as une, ambas fenecerão.

A revista VEJA dessa semana, que cego que sou não li, publicou uma matéria em que informa as ações duvidosas do ex-presidente Lula junto a alguns ministros do STF para que os mesmos trabalhem pelo adiamento do julgamento do Mensalão. Para Lula é melhor que isto, se acontecer, seja feito após as eleições.

Haja ameaça à democracia e à liberdade de expressão. Agora precisamos combinar a que democracia estamos nos referindo e a que liberdade e de que expressão. Se for a democracia palaciana que ocorre nos porões, gabinetes, plenários, sótãos e outros ambientes impublicáveis, a quem interessa apenas uma parte da sociedade, talvez seja mesmo algo vulcânico.

Ao povo, supostamente o soberano do regime, isso é de uma relevância que beira a do resultado da 4ª pelada da manhã de domingo acontecida no campinho sem traves que existe em terreno baldio próximo à minha casa em Santa Luzia.

Se for à democracia de meia dúzia de milhares de apaniguados que se locupletam e se hospedam nas benesses do estado, aí sim tem alguma relevância. E é mesmo de suma importância que a imprensa publique até para que todos tenhamos a sensação que está tudo bem. Que as instituições políticas estão sólidas e funcionando como ditam as melhores práticas democráticas.

Ao povo, essa entidade real que constrói a riqueza nacional de inúmeras expressões, tanto econômicas quanto sócio-culturais, resta o desconforto de a cada quatro anos ser compelido compulsoriamente ao exercício democrático de escolher seus representantes sob pena de ter salários suspensos entre outras sanções rigorosamente previstas em legislação.

De todo é ainda melhor do que em Sírias outras. Ainda que embrulhe o estômago dos menos aparelhados como eu, é melhor que essa redoma restrita à canalhada espúria mantenha os satrápias envoltos em suas maquinações perversas. E que a imprensa livre publique.

Nós aqui embaixo, simples cidadãos, cuidemos de nossa vidinha carregada de sentido e de esperança, até porque o que importa de fato ao meu exacerbado egoísmo vai acontecer em agosto e será largamente anunciado a quem interessar possa.



Até breve.

Um comentário:

  1. Lozinho,
    você é amargo!
    Num dia nos faz viajar embarcados em seu balão, alimenta nossa imaginação, nossos sentimentos inocentes, puros como de uma criança. No dia seguinte nos derruba, joga na cara a dura realidade, as canalhadas que estão a nossa volta!
    Que tratamento de choque!!

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