domingo, 5 de abril de 2020

NAPULIÃO




Os movimentos de rua em junho de 2013, em que pese os lamentáveis danos causados por vândalos oportunistas, foi um marco determinante em diferentes avanços na democracia brasileira.

Foi por força da pujança daqueles movimentos que o país conseguiu, por vias legais, varrer a maior corja que já havia se instalado no estado brasileiro até então.

Também por vias legais destituiu da presidência a pobre senhora, joguete dos gangsteres e traidores de inúmeros intelectuais e artistas que, inadvertidamente acreditaram na proposta do partido fundado para uma revisão democrática de largo espectro.

A peça usada para incriminá-la foi tão expressiva que determinou, agora, o cuidado (competente) do atual Ministro da Economia exigindo que o Congresso votasse uma PEC para a instalação do Orçamento de Guerra. Guedes temia cometer o mesmo equívoco da Presidenta e viesse a “pedalar”, dentro do orçamento corrente, os custos do amparo à saúde e os investimentos para aplacar os efeitos danosos na economia.

Registro aqui um dos maiores avanços da democracia brasileira: a lei de responsabilidade fiscal.

Em 2018 foi o ápice da virada de chave: basta de corrupção! O país estava vivendo uma depuração de uma metástase cancerígena com os instrumentos cirúrgicos da Lava Jato.

Não havendo lideranças à altura que passasse ao povo a confiança necessária surgiu o fenômeno populista construído nas redes sociais com elementos de alta penetração nas classes menos esclarecidas: Alexandre Frota, Joyce, e coisas semelhantes entraram no vácuo e se fizeram como intérpretes de milhões, não a favor de algum projeto, mas contra aquilo que já vivia o seu estertor: o partido dos trambiqueiros.

Milhões não votaram naquele que venceu as eleições porque o conheciam, mas porque não queriam aquilo que tinha levado o maior líder da facção criminosa à cadeia.

Empresários, aliás, como sempre aconteceu no país, construíram a base técnica do governo (sei disso por fontes fidedignas e à época) para que a reboque do resultado das urnas o Brasil pudesse fazer uma virada. Não foi fácil emplacar o Guedes, o Mandetta foi mais fácil. O candidato devia muito ao Caiado.

Enfim, nem a construção da equipe pode-se creditar de todo ao presidente. Ele foi responsável pela excrescência do Ministro da Educação (leia-se Olavo de Carvalho), Dalmares e o inexpressivo Ministro do Turismo, que abarca a Cultura (horror). Economia, Saúde, Infra, Agro, Minas e Energia o presidente não sabia nem que, hoje ministros empossados, existiam.

Imagino que não deve estar sendo fácil para a brilhante equipe, colocada de bandeja no colo do presidente para ele “tocar” o país, conviver diariamente com os solavancos que a inépcia e absoluta ignorância política do ex-capitão produzem.

Mandetta faz malabarismos verbais nas entrevistas, Moro tenta no ostracismo tocar a vida e Guedes (pelo que conheço dele) deve ficar putíssimo com os retrocessos que ele teve que administrar até aqui para seguir no seu projeto.

53 anos de vivência em organizações de porte vi situações semelhantes a essa: equipes extraordinárias sendo dilaceradas por lideranças absurdamente incompetentes, quando não fundadas em princípios inconfessáveis.

Se quero o afastamento do atual inquilino do Palácio Alvorada? Não, a sociedade não pode passar por mais esta vergonha. Em cinco anos afastamos uma presidente, colocamos centenas de corruptos na cadeia inclusive um ex-presidente, governadores, ex-ministros, parlamentares, e elegemos (eu não, votei nulo, disse NÃO àquelas duas aberrações em disputa) um “Napoleão de hospício” (Otavio Guedes).

Toda esta bandalha foi produto de nossas lamentáveis escolhas. Que ninguém se isente disso.

Quero estar otimista, há blindagens acontecendo para que o pateta, candidato a memes de nossos melhores humoristas para amplificar nossa idiotia, atrapalhe menos o que precisa e seguramente será feito.

No ar algo de maior paira e que, assim, o determinará.



Até breve.

2 comentários:

  1. Eh! Agulhô, o negócio é continuar acreditando que Deus é brasileiro.

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  2. Julinho, Outro dia conversando com Ele fiquei impressionado como Ele nos considera. Me disse que, embora extenuado, ainda acredita que a gente se emende. Afinal o paraiso que ele nos legou não pode ser tão ultrajado. Bração, querido.

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