quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

LIQUIDEZ



Precisava de dois dedos de prosa para entrar direto no assunto. No esquema, são temas difíceis de serem abordados de primeira. Mesmo uma pessoa, como eu, que vou direto aos finalmente.

Preferi abordar o adversário com cuidado e paciência, afinal eu não teria outra oportunidade tão cedo ou mesmo nunca mais.

Assim se deu, portanto. Perguntei sobre os mais próximos dele, esposa, filhos e alguns amigos. Sobre os que eu sabia da existência. E ele até que gastou ali um tempo dando conta de cada um de seus entes mais queridos.

Acho um porre, quando eu pergunto sobre alguém e a pessoa relata em detalhes o paradeiro de cada um dos consultados. Faço cara que estou ouvindo, mas, se eu for perguntado no meio do relato sobre qualquer ponto apontado, passo vergonha.

O fato é que, ninguém me interessa, de fato. Ainda mais pessoas ligadas a alguém por quem não nutro a menor simpatia.

Passada a lengalenga dos paradeiros dos próximos ao adversário eu entrei de sola e perguntei à queima roupa:

- E o meu?

- Depositei.

- Eu verifiquei meu saldo ontem e não caiu nada.

- Num pode, eu tenho comprovante...

- Você está com ele aí?

- Não, na verdade fiz pela internet e não imprimi...

- Acesse seu banco pelo celular e consulte...

- Num vai dar, só consigo via meu laptop...

- E onde ele está?

- No escritório.

Dois eu fechei por causa disso. Na verdade me arrependi depois, por isto é que eu não atirei um balaço no meio da testa do sacana.

- Vai buscar, então, que eu te espero aqui tomando essa cerveja...

- Num vai dar, o escritório está fechado e eu não tenho as chaves...

- Vamos fazer o seguinte, então. Você liga para quem tem as chaves e manda ir agora encontrar contigo lá...

- Num vai dar, está todo mundo viajando de férias e...

- Então tá bom, eu vou acabar contigo agora porque comigo num tem rolo, você sempre soube disso...

- Me espera até domingo... Eu faço o depósito sem falta na segunda...

- Num vai dar.



Até breve.

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