sábado, 19 de setembro de 2015

BRONHA



Penso que todo aquele que escreve espera que, ao fazê-lo, arrebate milhões. Arrebatamento no sentido de conversão.

Todo autor espera que o leitor após lê-lo modifique radicalmente a sua forma de pensar, de agir, de ser.

Ingerido um texto, é da expectativa do escritor, que a pessoa solte a franga, chute o balde, torne-se espírita, budista, esquerda ou direitista, polissexuada, assexuada, dormente, eufórica, ou coisas do gênero, ou nada disso.

Eu, no meu caso, não. Eu jamais pensei que, com o meu tesão pelas letras, eu pudesse fazer alguém gozar com elas.

Tem horas que nem mesmo eu atinjo o clímax. O ponto “G” da palavra é mais múltiplo, insabido, estranho e surpreendente do que o do Feminino.

Aliás, tai uma ideia.

Escrever, como atividade solitária, mesmo que ainda dirigida ao outro, é masturbatória e, não diga que eu disse, mas adolescente.

É como estou no banheiro pondo à mostra fantasias mirabolantes que só são possíveis no claustro e proteção de recinto fechado e que serve ao banho ou mesmo para expelir os inservíveis, líquidos e sólidos.

Não fosse assim o escritor seria tudo menos um animal que escreve.

Duvido que qualquer um que padece do ofício discorde e, se discordar, é porque tem vergonha de dizer que pratica o cinco contra um.

Correndo risco de arrebatar, digo que a partir desta introdução (aqui meramente no plano intelectual) a cultura não deriva de cópula, mas de ejaculação proliferante e milhardária.

Ai daquele que se permite prenhado por algo que lhe infiltra pelos olhos que leem.

Porra, isto está ficando contraditório.

Então peça alguém aí para explicar o prazer...




Até breve.

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