sábado, 3 de agosto de 2013

TANTO



Eu poderia escrever então exatamente sobre isto: a catatonia que me acomete decorrente do impacto provocado pela viagem. Tudo seca a fonte de inspiração temática, inclusive aquela que me comove sempre: Noninha.

Deixei passar em branca tela o primeiro ano de vida de minha maior alegria presente e sequer escrevi, também, uma linha sobre o neném que cresce em Pretinha.

Não cheguei ainda ao Brasil.

Estou sete horas fusionado pelo transtorno de infinitas surpresas ao intelecto, ao espírito e à alma. Não é pouca coisa Dinamarca, Noruega, Finlândia, Suécia e Rússia.

Não é pouco. Aliás, é de um tanto, que paralisou meu verbo em algum lugar que não dou conta.

Meus relatos foram tolos, já disse. Registros de números, paisagens, contextos históricos, políticos, sociais. Monumentos, palácios, catedrais, teatros, praças, jardins, campos, lagos, rios, mares. Paisagens de postais.

O ver.

Não se trata das retinas fatigadas pelo tanto. É mais, muito mais. Apesar do frio úmido úmido, com o qual sempre tenho dificuldade, o ar que se respira é outro.

É tudo muito.

Por onde que se passe e escute o que vem dos guias vai tomando de assalto um infinito desejo de compreender as circunstâncias, a época, o motivo.

Muita História.

Muito belicismo, muita orgia, muita trama, tragédia, horror, muita pompa, riqueza, muita arte e engenharia, muita morte, muito ideal, muito amor, muito... Muito...

Muito.

Se relerem a grande maioria de meus posts encontrarão de mim um cabotino. Não mereço da vida tanto, sempre disse isto, mas sempre recebo mais e ainda.

Ontem jantamos com Lizete e Roger, dois decanos amigos. Ela me emprestou, com reservas e eu posso entender porque, um livro. Disse que adora a literatura russa.

As últimas imagens que gravei em vídeo na viagem foram tomadas do lado contrário da larga avenida onde está instalado o edifício da Biblioteca de Moscou. À frente do edifício, em um amplo jardim florido, uma imponente estátua: Fiódor Dostoiévski.

- “Leia, Agulhô, tem tudo a ver contigo”, me disse Lizete.

O livro, Duas Narrativas Fantásticas, escrito pelo monumento russo, traz entre elas o texto: O Sonho de um Homem Ridículo.

Entendi, amiga.



Até breve. 

Um comentário:

  1. Meu querido ! ainda tenho o registro da frase final que pra mim é uma pista , o acreditar no possível das relações...( me lembra agora um post seu do natal , e vc vai saber qual) ....
    "mas ando ainda a procura daquela jovenzinha ....e continuo, continuo ....( Dostoiésvsk). Liz

    ResponderExcluir