segunda-feira, 12 de agosto de 2013

TAREFA



Ela fez o pré-preparo e os dois meninos, Lé e Bê, concluíram. Singelo prato e rico, galeto com risoto, salada de alface, ervilha separada. Para sobremesa, pudim com coco.

Na sala do apartamento de Pretinha, Noninha tentava seus hesitantes passos. Depois do almoço, chegaram para me dar um abraço: Camileta, Lindinho e Mateo (Zeroum).

Tarde de pai. E avô.

À noite assisti, no Canal Futura, ao filme “O Aniversário de Laila”. O filme de 2008 retrata um dia do juiz Abu Laila que trabalha como taxista, em um carro emprestado pelo cunhado, enquanto o governo não dispõe de recursos financeiros para nomeá-lo. No dia do aniversário de sua filha de oito anos, ele recebe logo cedo de sua esposa um pedido:

-  “Chegue em casa antes das oito horas da noite. Traga um bolo".

Tarefa simples, não fosse o fato de ele viver em Ramallah, capital da Palestina, Cisjordânia, onde os conflitos armados, a ausência de leis de toda espécie, além do trânsito caótico não fizessem parte do cotidiano da realidade de Abu.

Estive pensando em Claudinho e Lindinho, ontem enquanto eles papairicavam Noninha e Mateo, respectivamente. Talvez pelo adiantado do meu tempo, sinto que a tarefa deles exigirá mais do que de mim, os meus.

O futuro não é mais como costumava ser.

Os ciclos estão breves, os descaminhos são diversos, o mundo é largo e plano. A Lei é dúbia, frágil, imprópria, às vezes. O conhecimento não alcança, o afeto é insuficiente, os riscos são vários.

Não será pouco, ser pai.

Aquele que se interessar em assistir ao filme citado verá que, pelo menos em ficção, resta esperança.


Até breve.


Nota: O aniversário de Laila é dirigido pelo cineasta Rashid Masharawi

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